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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

TSU E PEC NO DOMÍNIO DOS NOSSOS DIAS

Manuel Pereira de Sousa, 27.01.17

TSU terá sido a sigla mais falada nos últimos dias em Portugal. A sigla que tem dominado as notícias todo o tempo. Política, economia tudo às voltas com a TSU. A sigla que significa Taxa Social Única paga pelas empresas à Segurança Social por cada trabalhador. Também os trabalhadores a pagam mensalmente. Assim se garante a sustentabilidade da Segurança Social para o pagamento de pensões, subsídios e complementos que os cidadãos vão usufruindo na sua vida – Estado Social tão importante e tão questionado ao longo dos anos.
A dita Taxa Social, que tanto se tem falado, esteve em vias de descer a fim de compensar a subida recente do salário mínimo nacional – uma compensação para as empresas pelos gastos com o aumento do salário mínimo. No fundo, o Governo acordou a subida do salário mínimo, acabando por ser responsável por essa subida, ou seja, o pagador dessa subida – é do Orçamento do Estado que o acréscimo do salário será pago; trata-se de uma ajuda indireta.
O Governo correu um risco ao acordar na concertação social, aquilo que em sede de geringonça ou no parlamento seria chumbado – o primeiro momento em que o Governo teve de contar consigo próprio e, por isso, certo de que iria perder na votação parlamentar.
Depois desta trapalhada política surgiu a ideia de redução do PEC – uma sigla que vai ultrapassar a TSU, por ser mais simpática e consensual. A minha questão inicial foi quando ouvi falar desta nova medida foi: Se o Governo tinha esta possibilidade em estudo e se era mais consensual porque cismou com a TSU e porque correu o risco de ficar sozinho no parlamento na altura da votação – tendo em conta que os valores em questão são mais ou menos os mesmos?
Normal que a descida da TSU não seja do agrado dos partidos da esquerda porque no fundo são um incentivo à prática do salário mínimo, já que apenas se aplicaria às empresas que o pagam. Mais lógico será uma reforma do PEC (Pagamento Especial por Conta), já que se trata de um imposto pago pelas empresas antes mesmo de apurarem em contabilidade se tiveram lucros ou prejuízos. Para mim, acho mais lógico que as empresas paguem apenas segundo o que realmente faturam e não na hipótese de virem a faturar. Com estas medidas, o Governo compensa muito mais empresas, independentemente do valor de salários que praticam. Além disso, para Portugal ser competitivo com empresas de qualidade e salários justos, a política fiscal necessita de ser revista e mais simples, coerente – caso contrário quem vem para cá investir?

PASSOS CHAMA MINISTROS E OS PORTUGUESES TREMEM

Manuel Pereira de Sousa, 23.08.14

O Sr. Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho convoca os seus ministros, para uma reunião, um Conselho de Ministros para terça-feira. Para quê? Segundo o jornal Expresso, não abre o jogo. Ficamos sem saber quais os motivos da reunião apressada, extraordinária, de última hora – como lhe queiram chamar. Não sabemos os motivos, mas sabemos o conteúdo e o resultado que pode vir dessa reunião. Vejamos: a despesa aumenta, a dívida pública também, o chumbo do Tribunal Constitucional a 30 de Maio implica outras reformas, um orçamento retificativo. Sabemos bem que na prática, para o cidadão comum, implica um novo aperto do sinto. Vem aí mais medidas de austeridade, que se traduzem num novo aumento de impostos – IVA e TSU. Como de costume, esperemos pelo comentário de Marques Mendes, na SIC, ao Sábado – tornou-se o mensageiro que prognostica os pensamentos e as ideias do Governo.

Será que desta vez o povo vai reagir de forma diferente? Será que vamos aceitar um novo assalto aos nossos bolsos, que compromete ainda mais a recuperação da economia? Era 2012 o ano da mudança, depois 2013, depois 2014… Enfim, não há fim à vista para que terminem os sacrifícios, para que se aliviem os bolsos dos que menos podem e dos que têm pago a crise estes anos todos.

Anos e anos a aplicar a receita da subida da carga fiscal e mesmo assim o país continua a necessitar de mais apertos e mais austeridade. Alguém que governa já pensou que esta equação matemática não funciona?

Aguardemos por mais e más notícias nos próximos tempos. Aguardemos para ver se em Belém continuará a existir o silêncio de que estamos habituados.

 

(É por isso que me apetece mandar tudo ás urtigas)

POLÍTICOS, POLVOS E A RAIA PEQUENA

Manuel Pereira de Sousa, 25.09.12

A política tem tanto de bom como de mau. Tanto é responsável pelas coisas boas deste mundo como pelas coisas piores que se possam imaginar. Tem pessoas de uma grandeza pessoal como tem das pessoas mais podres e mais horríveis que se possa imaginar.

A Política é mais uma espada de dois gumes; ou se gosta ou se odeia. Ela estraga o mundo e a sociedade, mas ao mesmo tempo sem ela nada se faz e nada se decide, para a evolução da terrinha, da freguesia, do concelho, da cidade, do país e do mundo.

 

O problema é que a noção de que a política é importante para a nossa evolução é cada vez menor, devido à descrença que esta tem provocado na nossa sociedade. Enquanto, antes se vibrava por um bom comício, por um bom debate, hoje são poucos os que assistem e que perdem tempo - a não ser que haja qualquer outra coisa em troca. Enquanto antes o país parava para ouvir uma declaração do Primeiro-Ministro ou do Presidente da Republica, hoje as declarações passaram a meros diretos televisivos com cada vez menos influência - a pouca influência que ainda tem deve-se ao facto de existirem alguns comentadores políticos em programas temáticos que vão analisando e debatendo o assunto.

Os comícios passaram a ter cada vez menos gente porque os discursos passaram a ser meras críticas e trocas de acusações pessoais e deixaram de debater e apresentar ideias, deixaram de ter a verdadeira ideologia partidária para uma mera propaganda publicitária vazia de conteúdo e de princípios. Muitos sabem que, no final de um comício, as grandes verdades declaradas são esquecidas devido às conveniências do momento. Poucos são os que vão a um comício e triste é ouvir dizer que esses estão lá a agitar a bandeira do partido por conveniência própria e na procura de um favor.

 

A política depende dos votos da raia pequena que existe de norte a sul do país, mas decide-se junto dos polvos cada vez mais gordos que não governam na política, mas que comandam a economia e decidem o querem fazer. As decisões anunciadas por um Governo são as decisões tomadas pelos polvos, que sugam a raia pequena e dos quais depende essa raia.

Já no Sermão de Santo António aos Peixes, se falavam dos polvos e parece que passados séculos eles ainda continuam por aí, de forma escondida, mas ativos e capazes de cativar aqueles que lhes interessam.

 

É neste ponto, do negócio entre políticos e polvos, que a classe política atinge o seu lado mais negro e as ideologias partidárias e muito anunciadas nas campanhas são esquecidas para benefício próprio. Passados quatro anos ou se as coisas não correrem muito bem, os elementos da classe política encontram nos polvos forma de subsistência própria, enquanto que, a raia pequena fica à mercê de mais uma crise e de um futuro hipotecado.

Triste vive um país quando tem de conviver com este mundo bem frente aos seus olhos, mas nada poder fazer. Nada pode fazer porque se acomoda no seu canto e se levanta na altura em que o candidato anda pelas ruas a distribuir mais um beijo e mais um abraço. Triste vai a política e mal vai a democracia quando chegamos a este ponto.


Ainda se está para acreditar que a revolta popular perante os acontecimentos políticos e económicos do presente sejam motivos de revolta pura, para a mudança de consciência da raia pequena.

O DISCURSO SOMBRA (VERDADEIRO) DE PASSOS COELHO AO PAÍS

Manuel Pereira de Sousa, 13.09.12

Portugueses, é com profunda indiferença que me dirijo a vós, neste momento, para anunciar o que tanto desejei anunciar durante os tempos em que lidero este governo.
Eu sei que a grande maioria dos portugueses vive numa situação económica delicada, provocada por uma crise que não há forma de passar e que nos deixa constantemente sob a avaliação da Troika e sob ameaça das entidades externas. Perante este cenário, não quero continuar a ser objeto de constantes avaliações internacionais, mesmo que considerem que estamos a ser o “bom aluno”.
É certo que me candidatarei às próximas eleições legislativas; porém, tenho que ser cauteloso quanto ao meu futuro porque no pior e mais provável dos cenários terei de arranjar emprego após o meu mandato, pois não tenho dinheiro suficiente para me retirar do país e estudar no estrangeiro.

Não querendo desviar do discurso, e apresentadas as minhas preocupações pessoais, tenho a anunciar publicamente uma alteração à Taxa Social Única de todos os trabalhadores (público e privado) de 11% para 18% e a descida para as empresas de 23% para 18%. Considera o Governo que esta medida foi tomada em nome da equidade fiscal entre empresas e trabalhadores.
Sobre os trabalhadores, esta permite que descontem mais do seu salário para a Segurança Social, mas recebam menos em situação de desemprego. Também serve de castigo e penalização por todos os protestos e gozos que têm sido cometidos contra o Governo. Assim, terão perfeita noção que não vale a pena protestar porque o Governo tem sempre o poder e a autoridade de fazer o que bem entende. Espero com isto “amaciar” o povo revoltado.
O benefício dado às empresas é apenas destinado às que fazem parte de grandes grupos económicos, do PSI 20, para um aumento de distribuição de dividendos aos seus acionistas. Tenho perfeita consciência que não vai permitir a criação de mais emprego; também tenho a noção que as pequenas e médias empresas pouco beneficiarão desta medida; mas entendam que esta é a esmola do Estado, já que não conseguem financiamento junto da banca.
Além disso, na eventualidade de sair do Governo, por demissão ou derrota nas eleições, tenho de assegurar lugar em alguma empresa que tenha beneficiado com o aumento substancial dos seus lucros finais.

Estas são as razões porque decidi comunicar aos portugueses desta forma; assim não existirão dúvidas nem a resposta a qualquer tipo de questões.
Tenho a informar que governo numa maioria que me dá o direito de fazer o que bem entendo, mesmo que não tenha feito qualquer comunicação prévia ao parceiro de coligação, que espero que mantenha o seu silêncio sobre este anúncio ou expresse o seu apoio incondicional.
Por muito que os senhores jornalistas questionem os membros do Governo, devo informar que todos responderão da mesma forma, já que tive o cuidado de distribuir um documento com questões e respostas para que a linha de orientação seja a mesma.

Uma última palavra porque o arroz está quase pronto e não quero comer arroz queimado ou numa papa, lamento todas as medidas tomadas e lamento todo o meu desprezo pelos portugueses. Este foi o discurso mais duro e bizarro porque acabei de lixar todos os portugueses de uma forma brutal. Mas, têm de compreender, que para que o Governo e a classe política vivam com dignidade e sem cortes nos seus recursos é necessário que alguém tenha de padecer, independentemente de ser público ou privado.
Votos de uma vida dura e amarga. Tenho de ir porque a minha esposa já está farta de dar toques, tem o arroz à espera.
Até sempre.

 

(Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.)

Público: http://www.publico.pt/Economia/gaspar-havera-mais-medidas-temporarias-para-diminuir-o-defice-e-oe-rectificativo-1562752 

             http://www.publico.pt/Economia/gaspar-fala-em-riscos-catastroficos_1562747