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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

A EDUCAÇÃO VAI NUA!

Manuel Pereira de Sousa, 25.03.15

Esta história dos professores terem de fazer exame para avaliar competências é algo um tanto ou quanto ridícula. Que, tal como em empresas ou outras profissões, tenham de ser avaliados até concordo - como forma de validar as suas competências e capacidades para ensinar os alunos. A avaliação tem mais lógica se realizada no ambiente diário de trabalho e não num mero exame. O que conclui o Ministério de Educação com os resultados? Nada de útil para a qualidade do ensino e educação dos jovens.
Os exames que são realizados enquanto um professor tira o seu curso ou o seu mestrado parecem-me suficientes para sabermos que capacidades um professor tem. Um exame quando este está no mercado de trabalho a exercer a sua função? Duvido desta prática e dos benefício para a Educação. Além disso, fico sem perceber os critérios por apenas realizarem exames os professores contratados. Que diferenças em relação aos restantes colegas?

Para completar o ridículo a que o Ministério da Educação se tem tornado nos últimos tempos - com atropelos atrás de atropelos - havia na zona do Porto uma série de escolas em que o número de professores para assistir à prova era superior ao números de professores sujeitos a exame - 33 professores para vigiar e 6 a realizar prova. Esta situação aconteceu em 9 escolas. Ridículo, absurdo - faltam adjetivos para definir esta peripécia a que este ministro está a condenar o estado da educação do país. Depois esperam que os docentes tenham condições desempenhar o seu papel e os alunos e pais acreditem num ensino de qualidade e de futuro - que belo exemplo dá o ministério aos mais novos.

 

Ficamos à espera das próximas peripécias.

PASSAR OU REPROVAR?

Manuel Pereira de Sousa, 24.02.15

Qual a razão para a desistência no Ensino Secundário ser superior nos Açores em relação à Região Norte? Qual a realidade do Ensino no Norte para ter menos desistências em relação a qualquer outra região do país? As conclusões do Ministério da Educação são bem visíveis, mas era bom entender o sucesso de umas regiões para se replicar noutras regiões – se é possível que se possa replicar.

As notícias que circulam de que é necessário deixar de chumbar, sem a leitura ao pormenor das intenções do Ministério podem ser polémicas porque cria a ideia do facilitismo só para que as estatísticas sejam boas e, consequentemente, se contribua para a falta de qualificação dos jovens no mercado de trabalho. Sabemos bem que atualmente há défice de qualidade e exigência, a ver pela forma como os profissionais chegam ao mercado de trabalho com grandes lacunas na capacidade de comunicação, expressão oral, escrita e falta de sentido crítico – não posso exagerar ou generalizar porque existe também muita qualidade e excelentes profissionais, pois Portugal é um grande exportador de “cérebros” para o estrangeiro com fortes penalizações para a economia nacional.

Passar os alunos sem qualquer critério, só para que concluam os níveis de ensino, pode suar à lei do menor esforço tão desmotivante e desmoralizante para aqueles que se esforçam em ter boas notas. Porém, tudo em nome do incentivo e motivação dos que ficaram para trás e que não merecem fazer todas as disciplinas só porque chumbaram a duas ou três. Passar o aluno, ainda que necessite de acompanhamento no ano seguinte a essas disciplinas, pode não ser a solução de integração mais adequada porque não sabemos até que ponto as escolas poderão ter professores dedicados aos alunos que necessitam desse apoio – a contar com as regras economicistas que existem na educação e que obrigaria a contratação de mais professores.

A escola não pode desistir dos alunos só porque chumbam, mas isso não pode significar que estes passem com dificuldades – isso cria o aumento de dificuldades e a falta de bases em disciplinas que o aluno reprovou. Além disso, como pode um aluno ser bom numas disciplinas quando demonstra dificuldades? Como pode melhorar no ano seguinte se no ano anterior não existe nota que permita assegurar que as dificuldades sejam ultrapassadas?

Estarei errado?

PROFESSORA, ATÉ ONTEM

Manuel Pereira de Sousa, 25.07.11

Eis um e-mail que recebi:


 


«Professora, até ontem

O meu nome é Sónia Mano, até ontem era professora de Matemática na escola E.B. 2,3 de S. Torcato, em Guimarães (onde me encontrava a trabalhar com contrato a termo incerto). Hoje de manhã, por volta das 9h, recebi um telefonema da Secretaria da referida escola a informar-me de que o meu contrato de trabalho cessara no dia anterior.

Até aqui, poderá pensar-se... é uma coisa natural, mais uma professora dispensada do serviço após mais de seis meses de trabalho árduo com alunos oriundos de meios socioeconómicos muito desfavorecidos: Até eu estava já preparada para a eventualidade de receber a notícia nestes moldes. Mas e o que é feito do prazo legal de três dias para avisar um
empregado de que o seu contrato vai terminar? Eu sou apenas mais uma das vítimas do Estado e da actual conjuntura que o país atravessa.
Mas o porquê do meu e-mail vai muito para além das queixas para com o sistema. É mais um grito, uma tentativa de que dêem algum tipo de atenção a certas situações que estão a acontecer neste país. Como eu,
fomos várias as pessoas dispensadas hoje de manhã, ou melhor, informadas hoje de manhã de que o nosso contrato terminara no dia anterior. Não será isto mais uma vergonha do nosso país? Não há qualquer respeito pelos profissionais, nem pelo seu trabalho e esforço.

Mais acrescento, neste meu desabafo, que iniciei, a meio da semana passada, a correcção de EXAMES NACIONAIS do 9.º Ano! Este trabalho, não está concluído! Termina apenas amanhã, dia 8 de Julho. Entretanto, já amanhã, tenho uma reunião para aferição de critérios de avaliação,
reunião essa de carácter obrigatório. E agora eu pergunto: O MEU CONTRATO DE TRABALHO E A MINHA LIGAÇÃO AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
TERMINOU ONTEM. Como vão os alunos ter avaliação no referido exame?
Quem vai suportar as despesas de deslocação de Vila Verde (minha
residência oficial) até Guimarães?!

Hoje a minha vontade é não entregar os Exames, mas mais forte do que essa vontade é a necessidade de nunca prejudicar os alunos por causa de mais um erro do nosso sistema de ensino. Amanhã, eu irei suportar despesas de deslocação e voltarei a fazê-lo na sexta para entrega dos
Exames. Durante esses dois dias, vou fazer uma aplicação criteriosa dos critérios de classificação. Mas precisava de fazer este desabafo: parem de chamar incompetentes aos professores portugueses, aqueles que
lutam todos os dias por melhores condições numa escola cada vez mais pobre em valores, tais como a entre-ajuda e a solidariedade.
Ajudem-nos a ajudar os vossos/nossos filhos a crescerem como cidadãos e, por favor, na luta pelos meus direitos enquanto
trabalhadora/professora/EDUCADORA. Ajudem-me a divulgar este caso que é apenas mais uma das vergonhas em que o nosso Estado está envolvido!

Tenho provas e documentos oficiais que comprovam cada uma das
afirmações que estou a divulgar. Não sei mais onde me dirigir: é preciso que os portugueses saibam o que se está a passar numa escola pública de Portugal.

Sónia Mano»

Recebi este e-mail, reencaminhado para mim e para muitas pessoas e assim continuará este mesmo a ser reencaminhado pora mais pessoas, tantas quantas as que se indignam com a situação descrita.
Nem tudo aquilo que se lê nos e-mails pode ser verdade, mas não é este o caso úncio que aqui está retratado, mas que tem sido recorrente com outros professores. Pode dizer-se que se trata de algo insólito no nosso país, onde os insólitos acontecem todos os dias, de foma propositada e sem qualquer respeito pelos cidadãos.
A ideia de que são necessários cortes sucessivos para redução da despesa pública em nome do défice é o motivo para que o Estado cometa estes atropelos com os professores, que são despedidos de um momento para o outro e informados com atraso desse despedimento, quando estes ainda têm tarefas educativas para cumprir.

Não há palavras que possam descrever tal indignação e falta de respeito que o Estado Português tem para com os demais, quando este deveria ser o exemplo a seguir pelas restantes entidades patronais. Mas de facto não é.

Manuel de Sousa
manuelsous@sapo.pt