EU TAMBÉM SOU CLIENTE DO BES
Sou cliente do BES. Mas, daqueles clientes bem pequenos, que olha para os seus tostões, enquanto os acionistas olham para os milhões que acumularam durante anos. Sinto preocupação com o que se está na passar no banco em que confiei desde sempre as minhas parcas economias. A banca é assim mesmo. Há aqueles que entregam o pouco que conseguem poupar em vez de guardar no colchão e aqueles que investem o dinheiro em investimentos de risco, investimentos em dívida com o objectivo de ganhar muito mais. Por vezes, fico confuso: quem gere melhor o dinheiro? Eu que me fico com uma conta a prazo ou pessoas experientes, como os gestores da PT, que deixaram 700 milhões de Euros escaparem?
Apesar de cliente e preocupado com as minhas economias - ainda que seguras pelo fundo de garantia do Estado - compreendo os demais que são contra qualquer intervenção do Estado no banco, acabando os portugueses por pagarem um prejuízo que não lhes é devido – aconteceu com o BPN. Se o Estado investir dinheiro no banco para tapar os mais de 3 mil milhões de euros de prejuízo significa que esse dinheiro vai faltar noutras áreas essenciais ao país e aos cidadãos. Receio que o Estado possa negociar e vender o “BES bom” e ficar com o “BES mau”.
Quem deveria pagar o buraco financeiro e os respetivos prejuízos às pessoas lesadas seriam os investidores que utilizaram as entregas dos depositantes para investimentos tóxicos, alguns sem qualquer autorização dos clientes. Quem deveria pagar seriam os que financiaram empresas do grupo GES – grandes buracos que serviram para alimentar a família.
A economia portuguesa não pode ficar dependente da banca e dos seus prejuízos. Os portugueses não têm que sentir os impostos subirem ou não têm que carregar penosamente para o seu futuro os erros dos abutres. A justiça teria que ser mais penosa ou estes casos estarão sempre a suceder.
Aconselho a leitura de um artigo muito interessante, de Raquel Varela.