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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

OBRIGADO CARLOS DO CARMO!

Manuel Pereira de Sousa, 20.11.14

 

Este vídeo foi ideia de Vasco Palmeirim. Uma justa homenagem a Carlos do Carmo, feita por 35 músicos portugueses. Cada um canta uma frase de um dos fados mais conhecidos de Carlos do Carmo. Fadista que foi homenageado em Las Vegas com um Grammy.

Mais um português de excelência e que deixa uma marca cultural muito forte projetada no mundo. Um português de referência que a mim me enche de orgulho, pelo que canta e pela pessoa que é - humilde. Dedicou o seu prémio ao povo Português.Obrigado!

SERÁ SAUDOSISMO O QUE PENSO EM RELAÇÃO AO FESTIVAL DA CANÇÃO?

Manuel Pereira de Sousa, 20.03.14

No Sábado passado partilhei no meu facebook um desabafo: “As canções a concurso para o Festival Eurovisão da Canção perderam o brilho de outros tempos e mesmo a capacidade de serem intemporais. Agora fazem lembrar as tardes de domingo dos canais privados, mas numa versão mais requintada. A música portuguesa consegue fazer melhor.”

Poderia ser um comentário um tanto ou quanto saudosista ou de um velho do restelo, apesar de ser ainda um jovem; mas, há muitos anos atrás, ainda miúdo, eu vidrava com o festival da canção, fossem as finais portuguesas fossem as finais na Europa. Mesmo aqueles a que não assisti por ser demasiado pequeno ou porque ainda não era nascido, gosto de relembrar as músicas porque são verdadeiramente intemporais.

Em Portugal produz-se muito boa música, mas isso não está a ter reflexo neste festival nos últimos anos e este ano sem exceção. No Sábado, com a proeza das boxes de televisão da atualidade recuei na emissão, só para ter um conhecimento do que estava em concurso e poder ter uma opinião sobre o assunto. Resultado: desilusão total, a ponto de ter de passar à frente na emissão. Posso dizer que naquela gala apreciei muito mais a abertura protagonizada pelo Henrique Fiest e pela interpretação de Lúcia Moniz, da eterna música “Silêncio e Tanta Gente”, do festival de 1984, interpretado por Maria Guionot. As música finalistas a votação do público nem davam para perceber ao certo as letras e fizeram-me mesmo lembrar as festinhas de fim-de-semana que passam em vários canais, só que neste caso num ambiente requintado; alguns gritos e berros, muita produção visual e até recurso a vento para esvoaçar cabelos e vestidos – para mim isto deveria ser mais acessório, mas foi o que consegui destacar.

Não conheço muito bem o processo de seleção dos letristas e que tipo de convites e sugestões foram pedidas, mas há bons letristas em Portugal e com trabalhos dignos de reconhecimento. Custa-me a entender este tipo de gosto. A escolha também é da responsabilidade do público e se a maioria apostou nestas músicas, há que aceitar – nota-se a falta de critério por quem votou e nota-se que as tendências culturais do público mudaram em relação a outros tempos e pesa-me saber que a escolha vai pouco em função da qualidade das letras e da composição das músicas.

 

Não há argumentos para esmiuçar mais o meu desagrado ou mesmo tristeza em saber que a nossa representação está muito aquém da qualidade do nosso país.

D8 - A REVELAÇÃO DO FACTOR X

Manuel Pereira de Sousa, 03.02.14

Sabemos bem que os programas de talentos, dignos de grandes audiências, são uma incógnita para as carreiras daqueles que buscam neles a sua sorte – por vezes, são “sol de pouca dura”: acaba o programa, termina o sonho. O mercado português é muito pequeno para ser capaz de absorver todos os talentos vencedores destes programas, ainda que os prémios sejam uma carreira na música, ou pelo menos o lançamento para uma carreira.

Os formatos destes programas são diferentes, embora todos se resumem a um só objetivo: a música e o espetáculo. Engraçado como a globalização até aqui está presente; se antes nos contentávamos com os programas lançados por cá (cópias de formatos estrangeiros), atualmente grande parte dos espetadores são consumidores dos mesmos formatos realizados noutros países (coisas que a TV de subscrição nos oferece e no qual nos viciamos).

A razão de estar a escrever esta crónica, na madrugada de segunda, é inspirada num programa de talentos: o Factor X, da SIC. Este Domingo assisti à 10ª Gala, onde muito talento e grandes vozes marcaram presença (Pedro Abrunhos, Rita Guerra, Dengas e Áurea) para duetos com os concorrentes.

Porém, aquilo que me faz escrever neste momento é a segunda atuação de  D8 – o jovem de 16 anos – que vem conquistando o público com o seu RAP - um formato de música nem sempre apreciado pelas massas - e com as suas letras que espelham a sua realidade.
Se inicialmente este rapaz pouco me conquistou, a ponto de achar que a sua permanência no programa seria breve, pouco fugaz e ofuscada por outras grandes vozes e talentos, hoje “tiro-lhe o meu chapéu” pela forma como foi crescendo ao longo do programa e pela sua capacidade na escrita de letras com um grande sentido, conteúdo e capaz de transmitir a mensagem que deseja (independentemente da subjetividade dessa mensagem). Ao longo do programa comecei a achar que mesmo que ficasse pelo caminho e não chegasse à final, este jovem teria um dia uma carreira na música e uma carreira com sucesso porque as suas letras tocam as pessoas e são aquilo que elas querem ouvir.

As mensagens podem ser simples - mas é isso que a música precisa: mensagens simples para que todos sejam capazes de entender e discordar ou aceitar. As letras necessitam de ser coerentes – são elas que fazem as grandes músicas que perduram muito mais que umas semanas nos tops (custoso saber que existem letras de sucesso sem sentido algum, mas que servem para fazer as pessoas cantarolarem).

D8 nesta gala tocou muita gente, até os elementos do júri, com a letra “Feliz Dia do Pai”, onde fala da ausência sem porquê do seu pai na sua vida. Nem sempre se encontram palavras que possam descrever esta capacidade de exprimir uma vivência e a capacidade de contagiar o público com uma letra simples, mas tocante, mesmo para aqueles que não passaram pelas mesmas dificuldades que este jovem. Foi capaz de provocar nas pessoas a consciência da importância de um pai na vida de um filho. Foi uma letra dura.

Não encontro mais palavras que possam descrever o talento deste rapaz, que esteve em risco de não ser escolhido, mas o destino (sabe-se lá outra coisa) provocou a mudança de ideias e daqui saiu uma grande surpresa: um artista com o Factor X.

Independentemente do seu futuro no programa, muitos estarão curiosos com aquilo que este rapaz nos dará no futuro: esperemos que muito mais.

 

TROPICAL TOBACCO - UMA NOVA REVELAÇÃO NA MÚSICA

Manuel Pereira de Sousa, 03.09.12

Ao ouvir uma das gravações do 5 Para a Meia Noite, da RTP1, apresentado pelo Nuno Markl, fiquei curioso com a apresentação de Tropical Tobacco. Três jovens, ainda muito jovens, a querem fazer música como gente grande. Tiveram de gravar no quarto como alternativa económica - mesmo sendo uma gravação caseira tem uma grande mérito e um caminho digno para a qualidade.
Partilho convosco e partilhem com os vossos conhecidos porque há talentos que merecem uma oportunidade.

 

ÍNDIOS DA MEIA PRAIA

Manuel Pereira de Sousa, 09.07.12
(fonte:Youtube)
Hoje, fora d'horas, partilho convosco uma música que me anda no ouvido. Os "Índios da Meia-Praia", de Zeca Afonso.

Outros tempos, outras necessidades, muitas dificuldades, mas uma grande vontade em mudar. Uma reportagem que a SIC fez sobre o que está por detrás desta música, que conta uma grande história. Vale apena ver, recordar quem são ou foram os «Índios da Meia-Praia».
(fonte: Youtube. Reportagem SIC)
Parabéns à equipa de reportagem da SIC por este belo trabalho.

ÍDOLOS: FINALMENTE ALGO EM PORTUGUÊS

Manuel Pereira de Sousa, 11.06.12

A Gala dos ídolos desta noite foi um sucesso porque se cantou em português - por momentos deixou-se de lado músicas estrangeiras que o público tanto gosta. Por vezes esquecemos que em Portugal existem grandes músicas, grandes músicos e grandes compositores.

A música é um elemento cultural que nos identifica. Chega de sobrevalorizar o que vem de fora sem antes valorizarmos o que temos cá dentro.

Sem duvida que as palavras de Pedro Abrunhosa são oportunas para a consciêncialização do povo.

 

Viva a música portuguesa!

 

(Ando muito patriota ultimamente. É o 10 de Junho).


AMÁLIA HOJE: A MULHER IMORTALIZADA PELA PRÓPRIA VOZ. DEZ ANOS APÓS A SUA MORTE.

Manuel Pereira de Sousa, 27.11.11

Por: Manuel de Sousa


manuelsous@sapo.pt


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Amália, quis Deus que fosse o seu nome e o seu nome ficou imortalizado para sempre na memória do fado. Falar de fado implica falar de Amália, que trouxe a este uma profunda remodelação e deu-lhe a dimensão mundial - que nunca outro estilo de música portuguesa teve. A canção portuguesa, que traça o destino alegre ou triste deste povo, correu pela voz de Amália Rodrigues o mundo inteiro e encantou muita gente, muitos povos e muitos portugueses espalhados pelo mundo.


Volvidos 10 anos após o seu desaparecimento, o seu nome e a sua voz ainda se faz ouvir com grande intensidade, não apenas pelas pessoas da sua época, mas também pelas correntes jovens, que encontram na voz de Amália e do fado a sua própria forma de expressão e de cultura. Ainda hoje se cantam os seus fados; ainda hoje grupos e diferentes formas musicais transformam o música e a voz de Amália, não deixando que se perca ou que fique limitada, mas que se adapte, se transforme e se revalorize como ícone da cultura portuguesa, cada vez mais transcendente.


Apesar da sua partida, a saudade da despedida atenua-se com o doce tom melodioso da voz que fica nas gravações e nas imagens e que se imortaliza com o som das palmas que por todo o mundo se bateram em homenagem à grande diva. Com Amália imortalizaram-se poetas, escritores e compositores que deram um contributo à construção da cultura portuguesa. Imortalizaram-se nomes como Luis de Camões, Ary dos Santos, Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Alexandre O'Neill, José Régio, Aberto Janes, entre muitos outros homenageados pela sua música.


A dimensão de Amália Rodrigues não se traduz apenas pela doçura da sua voz, mas também pela intensidade com que vive cada uma das músicas que interpreta e que representam não só a sua forma de ser e de estar, mas que mostram a realidade do povo português. É por isso, que muitos se revêem nas suas frases, nas suas músicas. Intensidade no sentimento e nas vivências, polémica nas suas letras e manifestação -muitas vezes conotada ao regime ditatorial de Salazar, mas na realidade uma pessoa que sempre manifestou em favor da liberdade do seu povo, aquele que trazia no peito. O «Fado de Peniche» e o «Povo que Lavas No Rio» são alguns dos fados que mostram a dimensão política e revolucionária no tempo da ditadura e da clandestinidade e que chegaram a ser proibidos pela censura.


Mulher de grandes viagens, conheceu o mundo inteiro, pisou os grandes pallcos do mundo - Olympia, Philarmonic Hall, o Palais des Beaux Arts ou o Lincoln Center, nos EUA - e cantou para várias estações de televisão do mundo. Porém, nunca negou as humildes raízes de um bairro de Lisboa.


Nascida a 23 de Julho de 1920, na Pena, em Lisboa, Amália da Piedade Rodrigues viveu grande parte da sua infância com os seus avós. Após o tempo de escola dizem que foi bordadeira e que também embrulhava bolos. Porém, foi mais conhecida como vendedeira de fruta, no Cais da Rocha. Em 1936 integra a marcha de Alcântara, nas festas de S. António de Lisboa e concorre num concurso da época que se chamava «Concurso da Primavera» para o título de Rainha do Fado, que na realidade se tornou. Passou pelo cinema, no filme «Capas Negras», pelo teatro de revista, no Teatro Maria Vitória.


Amália Rodrigues foi homenageada em Portugal e no mundo inteiro. Recebeu as mais elevadas condecorações - o Grau Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, das mãos do Presidente da Republica de então, Mário Soares; a Ordem Nacional da Legião de Honra por Francois Mitterrand e mais tarde é homenagiada na Cinemateca Francesa. Os aplausos surgiram por todos os locais por onde passou - Rio de Janeiro, Tóquio, Roma, Unão Sovietica, Londres, Nova York, Paris, Madrid, entre muitos outros, sobretudo onde existiam comunidades portuguesas.


Nos últimos tempos, a sua voz apresentava algumas debilidades e dificuldades em tentar expressar-se com a mesma força e vigor de outros tempos, mas a emoção do público atingia o seu auge com a sua presença e o seu sentido de vivência, mesmo que da sua boca apenas saíssem murmúrios ou gemidos.


Parte aos 79 anos de idade, a 6 de Outubro de 1999, altura em que se viveram 3 dias de luto nacional pela perda da grande voz. Centenas de pessoas assistem ao seu funeral e acompanham-na até ao Cemitério dos Prazeres e, mais tarde, em homenagem nacional, acompanham-na até ao Panteão Nacional, onde jaz juntamente com outros nomes da História de Portugal.


O adeus a Amália pelo humilde povo português, enquanto o seu corpo circulava pelas ruas de Lisboa, num cortejo fúnebre, ficará sempre na memória como expressão de luto e saudade, que este humilde povo sente pela voz que os representava e que representou Portugal.


Amália Rodrigues, a rapariga que vendia laranjas no mercado, foi, é e será a Diva a e Rainha do Fado. Esta é a mulher que revitalizou o fado e que permitiu de certa forma, que outros grandes nomes surgissem e que também farão a sua história e terão o seu contributo para a riqueza e variedade da cultura portuguesa.


«Quando eu morrer vão inventar muitas histórias sobre mim, se inventaram sobre a severa e não se sabe se ela existiu, e de mim sabem concerteza que eu existi.» Amália Rodrigues.


 


RELEMBRAR ZECA AFONSO

Manuel Pereira de Sousa, 02.08.11
Neste dia 2 de Agosto é sempre bom lembrar a memória de Zeca Afonso, o homem revolucionário através da música, o homem que se imortalizou na cultura portuguesa para sempre. As letras das suas músicas são nestes tempos, de crise, muito actuais e sobre as quais nos deveriamos debruçar e pensar, sem nunca esquecer que somos responsáveis por reerguer este país.

M. Brunner