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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

CRÓNICA DE UM VERÃO NEGRO

Manuel Pereira de Sousa, 12.08.16

Acho lindo a publicação de imagem em homenagem aos nossos bombeiros – os heróis da tragédia -, mas não quero publicar essa homenagem no meu mural do facebook ou outra rede social porque cairei no risco, como os restantes: não lembrar destes heróis após a tragédia, nos outros meses do ano.

 

Para qualquer lugar que vá, nestes últimos dias, e olho para o horizonte reparo no céu carregado, no fumo que o vento espalha por todo o lado. Observo as montanhas à minha volta e vejo "fumarolas" aqui e ali, umas mais medonhas que outras. Confesso que sinto uma dor ao assistir a este cenário; tristeza por saber que as florestas deste país vão sendo delapidadas pelas chamas. As nossas florestas são indefesas, ficam muito à mercê de quem lhe quer mal – afinal muitos dos fogos são ateados por pessoas a meu ver sem qualquer escrúpulo. Em vários momentos do dia acedo ao site dos Fogos para perceber o panorama nacional – nem sempre estamos a ganhar a batalha porque o tempo não ajuda – calor, vento, falta de humidade -; quem dera que viesse uma chuva para apagar os fogos, molhar os solos, acalmar esta tormenta; quem dera, era um maná dos céus. Evito ler as notícias ou até o telejornal porque sei bem que o panorama não está fácil e ainda há muito que resolver. Até as redes sociais evito de aceder porque os incêndios passaram a ser as partilhas do dia e por lá circulam opiniões e comentários arrepiantes dos mais diversos lados – incendiários de opinião entre os que querem penas de morte, penas pesadas, os que defendem os bombeiros, os que acham que deve arder tudo na Madeira, os que acusam o governo e mais alguns -; a liberdade de expressão é um direito que assiste a todos e que me permite escrever estas palavras, mas no calor do momento há palavras e opiniões escritas sem ponderação – já chega de falta de ponderação em relação à gestão do património natural do nosso país, que é da responsabilidade de todos sem exceção. Acho lindo a publicação de imagem em homenagem aos nossos bombeiros – os heróis da tragédia -, mas não quero publicar essa homenagem no meu mural do facebook ou outra rede social porque cairei no risco, como os restantes: não lembrar destes heróis após a tragédia, nos outros meses do ano. Sim, esses bombeiros estão lá sempre, por vezes, a sobreviver e a manter as corporações com dificuldades financeiras e humanas e poucos serão os que terão o gesto de contribuir. Quantos compram aquelas rifas que os bombeiros vendem nas filas de trânsito? O governo que pague, dirão. Faço parte desses que olha com indiferença. Quando a tragédia passar, as vozes, que agora se levantam, vão-se calar e voltará tudo à mudez do costume até à chegada do próximo verão.

PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS PARA QUE SERVE?

Manuel Pereira de Sousa, 04.09.13

 


O pouco que se sabe acerca do incêndio que está a atingir o Parque Nacional da Peneda-Gerês está nesta imagem da Autoridade Nacional da Protecção Civil.

Nestas altura, volta-se a questionar qual a acção do Parque Nacional na preservação da Natureza e o desleixo a que temos assistido nos últimos anos e que tem sido identificado por muitas pessoas, que visitam as Serras que compõem o Parque.

A reestruturação feita nas áreas protegidas do país e a estratégia de gestão tem provocado desleixo por parte das direcções, que passaram a gerir várias áreas em simultâneo, sem que tenham a capacidade de responder à exigência de grandes espaços como este que é o único Parque Nacional do país com 71000 hectares.

Nos últimos anos, o Parque tem sido assolado por grandes incêndios.
Prevenção? Eficácia? 
É por estas razões que as populações cada vez mais sentem repudio pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês e a sua incapacidade de fazer algo de útil pela natureza e pelas pessoas que nele habitam.

De que vale ter um título que dá renome internacional ao Gerês, se isso de nada serve para a preservação da natureza?
Pena é que nestas alturas de incêndios hajam mais autoridades e frota automóvel pública a circular numa correria em vão, que meios aéreos de combate imediato.
Nestas alturas, o Gerês transforma-se num teatro triste e deplorável, que deveria envergonhar Ministério do Ambiente e outras pessoas que tomam decisões em gabinetes e desconhecem as realidades do Parque.

 

 

 

 

 

http://www.publico.pt/local/noticia/area-ardida-em-agosto-e-mais-de-tres-vezes-superior-a-registada-no-resto-do-ano-1604762

 

http://www.publico.pt/local/noticia/bombeiros-queixamse-de-falta-de-acessos-no-interior-do-parque-do-geres-1604803

É TRISTE VER O MEU PAÍS A ARDER.

Manuel Pereira de Sousa, 29.08.13

É triste ver nas notícias como Portugal está a ser domado pelos fogos florestais e pela forma como as populações e bombeiros correm para apaga-los e para salvar os seus bens. É triste saber que este ano 4 soldados da paz perderam a vida no desempenho de um serviço à sociedade, que na maioria dos casos é um serviço voluntário. É triste saber que estes episódios de desespero acontecem todos os anos em Portugal.

Nesta altura, todos parecem discutir os incêndios e os motivos por que acontecem. Fala-se em falta de meios e coordenação, mas pior que isso, sabe-se que a prevenção é algo que apenas se fala quando a floresta arde e quando o combate é a única solução neste momento. Passa a época de incêndios, o assunto é esquecido até ao Verão seguinte porque existem outras notícias mais importantes e porque as prioridades são outras. Sabe-se que em Portugal é gasto mais dinheiro no combate que na prevenção e isso é o retrato de um país sem planeamento e estratégia de conservação da natureza.

O que mais me aterroriza é que a maioria dos incêndios florestais é causada por pessoas delinquentes, que se encaixam no chamado perfil do incendiário, em fase de depressão, desemprego, de mal com a vida e até por motivos matrimoniais. Como é possível? Que explicação existe para que estas pessoas sintam que o atear um incêndio é uma forma de levantar a moral? Que culpa tem os bombeiros, populações, natureza e demais afectados pelos incêndios?Que fazem estas pessoas na nossa sociedade, com estes prazeres injustificados?

É triste que na cidade onde moro, sinto o cheiro a incêndio há alguns dias. Agora, vinha uma chuva para ver se a situação acalmava um pouco por todo o país. Já é tempo das pessoas e bombeiros terem o seu merecido descanso.