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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

AMANHECER NO BOM JESUS

Manuel Pereira de Sousa, 21.06.15

 

 

O bom de procurar vencer os desafios de acordar cedo para praticar exercício proporciona a recompensa final - uma imagem magnífica, que nem sempre se consegue deslumbrar todos os dias.
Estes dias levantei ainda o dia estava a acabar de nascer, ainda a cidade estaria acordar para mais um dia, peguei na minha bicla e segui em direção ao Bom Jesus do monte, em Braga. Ainda são uns bons quilómetros para lá chegar e mais que a distância é a subida um pouco difícil para os principiantes - o verdadeiro desafio. Cheguei lá cima para a primeira paragem do itinerário a que me propus. Fantástico. Senti que estava a chegar ao céu ao atravessar uma neblina que cobria a cidade e que envolvia o Bom Jesus. Cenário belo aquele que nem sempre é possível captar com uma lente, mas apenas com a memória.
O esforço compensou. Foi um excelente presente para guardar na memória. A nossa vida é preenchida de memórias e as boas merecem o seu lugar de destaque.
Quem vem a Braga deve visitar o Bom Jesus - é como ir a Roma e ver o Papa. Um conselho para a viagem: subir no elevador movido a água ou subir a escadaria a pé e apreciar a paisagem, a natureza, as capelas com a Via Sacra, descansar numa esplanada, visitar a Igreja (agora Basílica), descontrair e lanchar no parque.
No meu caso, foi descer a alta velocidade para a cidade. Havia um dia de trabalho pela frente.

 

 

O ORGASMO - ANDAMOS AQUI POR SUA CULPA!

Manuel Pereira de Sousa, 31.07.14

O orgasmo. Andamos neste mundo por causa dele - o orgasmo. Um dia, com um grupo de colegas lá da escola, ainda no oitavo ano, liguei para uma linha de apoio especializada em educação sexual ou coisa parecida para questionar o que era o orgasmo. O tempo de espera pelo atendimento da chamada foi mais demorado que o tempo da pronta resposta. Tal como o orgasmo antes de ser atingido, em que há todo um tempo de preparação, assim esperei ansiosamente que me atendessem com a vergonha em fazer tal pergunta. Mas, como homem corajoso na plenitude da adolescência, questionei com objetividade: o que é o orgasmo?

Sabemos bem que estamos cá por sua causa; mas o tabu em falar abertamente dele como falamos de política, novelas ou futebol faz de si um assunto em que se fala com reserva, só com aqueles que privam connosco e corados pela vergonha.

Vejam só: Corar de vergonha pelo ato mais comum que pode existir entre casais, namorados, amigos coloridos e até entre profissionais do sexo. Ato comum porque será sempre impossível de calcular quantos orgasmos estão a acontecer neste preciso momento e  em cada segundo de cada hora e de cada dia. O orgasmo acaba por ser uma corrente humana que se espalha pelo mundo de forma mais rápida que um vírus. Se fosse um vírus, era aquele que todos gostariam de se contaminar.

É impensável que nos dias de hoje exista tanto tabu. Quanto mais acesso e liberdade temos mais tabu existe. É um contrassenso. Vejamos pela série Spartacus o que era há uns milénios de civilização. Vejam como era no tempo dos romanos em que o sexo se misturava em qualquer cena da vida comum de forma aberta, pelos palácios, casas de alterne e outros sítios de gozo e lazer.

Voltando ao oitavo ano, altura em que vi o filme inspirado no livro de Humberto Eco, "O Nome da Rosa", mais uma vez o orgasmo faz parte da História ou história amorosa entre um jovem monge e uma rapariga que aparecia lá na abadia para roubar comida. De lembrar que, nesse tempo já a Igreja contaminava as mentes dos crentes com o medo do pecado pelo sexo e pelo orgasmo e até pela masturbação. O mesmo se passou noutras crenças, embora pouco se fala pelo seu pouco peso na sociedade. O que é certo, é que nem esses pregadores eram capazes de resistir ao prazer máximo do sexo de forma continuada e com o conhecimento do povo.

A Igreja, ainda presa ao passado, viverá sempre seduzida pelo orgasmo. A única voz lúcida e publica, escrita e divulgada sobre o assunto sem tabus e de forma coerente e moderna foi de Bento XVI, na sua primeira encíclica "Deus Carita est" - afinal dá razão a Nietzsche, sobre a contaminação que a Igreja fez do amor. Assim Bento XVI conclui que o amor depende do sexo e o orgasmo é a parte final e fundamental para a consumação do ato e do prazer.

Muito poderia falar do orgasmo. Basta investigar, ler e perceber mitologia. O orgasmo foi e sempre será parte importante da história da Humanidade. Sem ele a existência do Homem está condenada.

Voltando à minha história do oitavo ano - passado este tempo já estava a ser atendido por uma senhora -; mantive o peito firme e a coragem para questionar o que era o orgasmo. A resposta foi - de forma sensual: o orgasmo é o momento de maior prazer que um homem e uma mulher podem ter numa relação sexual. O dito clímax.

O QUE FAZER À VACA E AO BURRO DO PRESÉPIO?

Manuel Pereira de Sousa, 24.11.12

Jumentos e bovinos estão em greve e prometem uma manifestação frente à Basílica de S. Pedro, no Vaticano, como forma de protesto em relação à recente teoria de Bento XVI – no presépio não existia nem burro nem vaca.
As figuras míticas que, ao longo de gerações e de séculos, acompanharam a Sagrada Família são desprezadas nos tempos actuais como se fossem figuras menos importantes e até inexistentes. Como é possível que a o sentimento maternal das mesmas, com a função de aquecer o estábulo onde nasceu o Menino Jesus, foi posta em causa pelo Papa?

Os fabricantes e comerciantes de presépios irão interpor uma providência cautelar contra o Papa, de forma a devolver a dignidade e importância aos animais – já que esta situação poderá provocar uma baixa das vendas e um excedente de burros e de vacas nos stocks de presépios já existentes, para venda no Natal.

Quando tanto se critica o conservadorismo da Igreja nas suas doutrinas, somos confrontados com esta mudança radical de imagem instituída do presépio – que faz parte do imaginário de muitos. Estamos perante o perigo da relatividade (?), a mesma que a Igreja Católica considera como sendo uma das causas para a decadência da sociedade?

Como vamos esclarecer as crianças que agora no presépio dispensamos o burrinho e a vaquinha? Como vou eu entender agora, que já sou crescido, que a imagem que sempre concebi do presépio alterou? O que vou fazer agora com as imagens do burro e da vaca?

Podem ver que Bento XVI criou uma série de questões existenciais em minha pessoa. Já não basta o tempo em que fui descobrindo que o Pai Natal é uma criação comercial.

O que acontecerão às piadas sobre o burro e a vaca, que partilhamos nas redes sociais, por e-mail ou SMS?

Lá no fundo acredito que, por carinho, as pessoas continuarão a ser fiéis ao burro e à vaca. Os presépios continuarão a ser como antes: musgo, ovelhas, moinho e uma série de personagens que se foram inventando para aumentar o número de figurantes e assim ter um presépio grande (alguns até com luz e carris para passar o comboio).

Gostava de perguntar a Bento XVI o que vai fazer à vaca e ao burro do Presépio da Praça de S. Pedro.

Para mim nada me demove: o presépio vai ser como antes.

IVO E HÉLDER - O CASAMENTO. SÃO MOMENTOS DE MUDANÇA

Manuel Pereira de Sousa, 05.11.12

 

(Fonte de imagem da Página do Facebook de Momentos de Mudança)

 

Portugal é um país de brandos costumes, muito ligado às tradições e conservador nos seus princípios, mas evoluído na forma como deseja tratar a dignidade das pessoas em alguns desses princípios. Portugal, é um dos poucos países no mundo que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo perante a lei e a Republica Portuguesa.

Com isto, não significa que se viva num “mar de rosas” de uma sociedade desenvolvida e com uma mentalidade aberta, mas a abertura para novas forma de casamento ou organização familiar começa a ser encarada como uma normalidade – ainda bem que assim é.

Escrevo estas palavras momentos após ter assistido à reportagem de “Momentos de Mudança”, na SIC (que não perco desde o início), que, de forma simples, retrata o dia-a-dia de um casal homossexual – Ivo e Hélder. Foi importante esta desmistificação em torno da vida de um casal como este. Têm uma vida normal, de luta, com os seus empregos, dificuldades económicas, sonhos e projetos. É notável e louvável a coragem deste casal ao expor publicamente a sua vida pessoal, numa sociedade que na realidade ainda vive mergulhada em preconceitos, conscientes dos riscos que infelizmente correm (foram convidados a sair do rancho folclórico que frequentavam).

Interessante também saber que existem famílias que enfrentaram qualquer preconceito da sociedade e apoiaram os seus, estando presentes na cerimónia do casamento, preparado de forma simples e humilde.

Outra mensagem importante, não só para a sociedade, mas também para instituições de moral e fé como a Igreja Católica - que se encontra fechada à evolução das mentalidades e, por causa da recusa do amor de pessoas do mesmo sexo, vê perder fieis que durante muito tempo dedicaram a sua vida às obras da Igreja e à fé. Este jovem casal afastou-se da Igreja, mas não da fé e a prova está no momento de partilha, com a equipa de reportagem e agora com os espetadores, de um dos momentos mais emocionantes e importantes para eles, em Fátima. Uma outra crente que se apercebeu que Ivo e Hélder se casaram recentemente foi ao pé deles desejar felicidades – significa que no seio de muitos crentes existe aceitação, a mesma que a Igreja não aceita. Por vezes, confunde-se quem é dono da moral e das doutrinas e o desfasamento entre instituições e crentes provocam rotura, afastamento e desejos de fé em sentidos opostos.

Esta era uma reportagem que faltava sobre o tema - apesar de muito já se ter falado sobre ele. Estivemos perante um testemunho íntimo, despreocupado, real e que constituiu uma verdadeira lição de moral e de vida para todos os que assistiram. Resta deixar felicidades a este casal e uma vida cheia de conquistas pessoais.

CECÍLIA FAZ ARTE AO RESTAURAR IMAGEM ECCE HOMO, DO SEC XIX

Manuel Pereira de Sousa, 23.08.12
(Fonte de vídeo: www.sic.pt)

O conceito de arte está profundamente baralhado entre nós. Quanto mais evoluímos como seres pensantes mais baralham a arte e o que querem dela ou o que representa para todos nós.

Lá por termos acesso à arte de uma forma cada vez mais ampla, não significa que sejamos todos apreciadores de arte e críticos conceituados, a ponto de menosprezar o esforço de muitos pela criatividade.

A Cecília, de 80 anos, cidadã Espanhola, é vítima daqueles que criticam a arte de forma pouco construtiva. Teve a humilde ideia de artista plástica de restaurar uma imagem de Cristo, há muito degradada pelo passar do tempo - uma forma de recuperar uma obra de Elias Garcia Martínez. Pelos vistos a senhora teve de sair a meio do restauro para ir buscar o filho e quando voltou a “tenda já estava armada” e não pode terminar o seu trabalho.  Como é possível que esta senhora não tenha terminado o restauro que a pintura estava a precisar? Como é possível tão grande polémica em torno de alguém que já pinta desde os 5 anos, que já fez muitas exposições e vendeu muitos quadros?

São questões que eu, defensor da arte que rompe com as tradições e as leis conservadoras (até fiquei admirado com esta designação), não consigo responder. Lá por Cecília não ter a mesma projeção que Picasso ou até que o criador original Elias Garcia Martínez, não significa que a sua arte seja menor.

Quando o Picasso fez os seus traços e rabiscos o mundo da arte e dos críticos abriram a boca de espanto; quando Dali pintou aqueles abstratos exagerados (frutos da sua loucura) a admiração e a tentativa de encontrar um significado é um trabalho filosófico; Leonardo D Vinci pintou a pobre Mona Lisa e agora o Louvre é motivo para milhões de visitantes; quando Paula Rego expõe as suas obras de mulheres grosseiras, eis que se torna na crítica e exposição das realidades sociais; quando a grande Cecília restaura uma imagem de Cristo com uma arte mais moderna, abrem-se as bocas da crítica como se ela fosse uma herege.

O que dirá o Cristo no meio de tudo isto?
Quem nunca pintou mal que atire a primeira pedra.

Vou tentar entrevistar Cristo para ver o que pensa sobre tudo isto.


(Escrito de forma irónica e de acordo com o novo acordo ortográfico)

PATRIARCA JUSTIFICA-SE PERANTE O VATICANO. EM QUE PONTO FICA A ORDENAÇÃO DE MULHERES?

Manuel Pereira de Sousa, 02.08.11
A ordenação de mulheres continua a ser um assunto delicado para a Igreja Católica, sobretudo para os elementos mais conservadores do clero. As afirmações do Cardeal Patriarca de Lisboa, José Policarpo, não caíram bem no seio do Vaticano, a ponto de ser chamado a uma audiência com o Cardeal Tarcisio Bertone, o Secretário de Estado do Vaticano, segundoo notícia do Público Online de hoje.

Ainda me chocam estas posições da Igreja Católica, presa a tradições de nomeação apenas de homens para o sacerdócio, como se as mulheres não tivessem qualquer capacidade para desempenhar a sua vocação e como se esse impedimento pusesse em causa algum dogma de fé ou desencadeasse um problema teológico.
Não pode a Igreja fechar-se de um debate aberto entre os seus membros sobre esta questão, quando entre si não existe um concenso de posições, que geram sucessivos mal entendidos e que traduzem para o exterior uma imagem de tradicionalismo e conservadorismo infundado, que muitos crentes não entendem.

Os passos para a abertura a novas realidades são necessários e os príncipios de igualdade entre pessoas deve também ser aberto às mulheres, que durante séculos foram um pilar na construção e evolução do Cristianismo e que sempre estiveram presentes na Igreja sob outras formas e outros cargos demonstrando cumprimento de deveres insttituidos por uma instituição de liderança masculina.

Os tempos são outros e é necessário mais abertura e diálogo entre todos os que têm um papel activo na construção e evolução da Igreja e dos seus princípios.

Manuel de Sousa
manuelsous@sapo.pt