Procuro acompanhar de perto a situação da Grécia por ser Europeu e porque portugueses e gregos estão na União Europeia e têm como moeda única o Euro. Estamos no mesmo barco. Dizem que não somos a Grécia - como queiram - mas tudo o que lá acontecer terá implicações futuras para Portugal. Podemos estar alheios aos acontecimentos, mesmo que não se perceba ao certo o que lá está a acontecer? Não podemos. Estamos próximos demais e o país é melindroso demais para se tentar alhear de tudo.
Perdoem-me a ignorância. Não percebo o porquê deste referendo. O que é o sim e o não? O que representa no futuro e qual o caminho a seguir quando se conhecerem os resultados? Neste momento, as urnas estão fechadas. O "Não" irá ganhar com pouca vantagem sobre o "Sim". O povo está dividido porque não sabem o que vai acontecer a seguir qualquer que seja a votação.
Quando a União Europeia (UE) foi criada - ainda se dizia CEE - não foi pensado o cenário de expulsar, convidar a sair um dos seus membros porque do momento em que aderiam ficariam juntos para o resto da História. Naquele tempo, havia outro pensamento estratégico em relação ao futuro da União, daí que não se tenha pensado na saída dos países. Não se equacionou crises tão profundas como aquelas que se existem atualmente. O sentido da palavra "irrevogável" é mesmo que aquele que existia antes de Paulo Portas lhe ter mudado o sentido. Paz, segurança, prosperidade foram os ideais de criação da CEE. Hoje os ideais são bem diferentes e a falta de política e visão futura condena-a ao seu fracasso. O fracasso que começa obviamente pelos mais frágeis.
Neste momento, a expectativa dos lideres Europeus deve ser grande perante os resultados que se encontram a ser apurados e os meninos voltarão a reunir-se para debater o futuro - debates que ao longo dos dias se tornam cada vez mais improdutivos.
Não percebo o porquê do referendo, mais uma vez me perdoem a ignorância. Qual a sua intenção? Em que condições se pode referendar "à última da hora" o futuro do país, sem que exista um amplo debate na sociedade grega? Que esclarecimentos tem o povo em seu poder para escolher a melhor opção? Que efeitos práticos para a Grécia e para a Europa tem a decisão do povo - o mesmo que está a ser encurralado? Tsipras pretende o quê para o seu país? Acha mais fácil negociar quando o povo está dividido em relação às escolhas que tem a fazer? É o referendo que vai dar liquidez aos bancos? Que vai parar a sangria dos depósitos? Que posição tomará o Banco Central Europeu? Estaremos prestes a assistir à agonia e à miséria dentro da UE?
Eu como Europeu assisto passivamente aos acontecimentos que se seguem porque só tenho questões e não tenho respostas. Acredito que uma larga maioria está na mesma posição.
Que se conheçam os resultados.
Em ambos os cenários podem existir novas negociações, em ambos os cenários poderão existir eleições antecipadas, em ambos os cenários a Grécia estará em crise e endividada.