O futebol anda ao rubro. Não é o que se passa dentro das quatro linhas de jogo - esse parece morno -, mas todo o negócio envolvente nos três grandes do futebol. Afinal ainda há muito dinheiro para negócios milionários. Comparado com os grandes de outros países estes negócios são trocos. Para o panorama nacional são negócios estrondosos. Parecem-me tiros no escuro. Estarei enganado porque nada percebo de futebol ou de gestão de conteúdos televisivos e de direitos de imagem.
Poderei achar tiros no escuro quando estou do lado de uma das operadoras que está a analisar estes contratos de longe e da qual se tem falado muito pouco nestas andanças, apesar do seu crescimento no mercado fixo português. Pelo que tenho assistido a conquista de direitos televisivos parece que tem sido uma guerra entre NOS e MEO, que estão em braço de ferro para saber que vale mais e quem ganha mais batalhas no mercado. Custa-me a crer que a MEO esteja a negociar nestes valores, quando tem sido público a forma como está a cortar nos custos com fornecedores de serviços e canais – algumas dessas empresas têm sentido na pele esses cortes. Porém, são as leis do mercado.
Em traços gerais temos o negócio:
- Benfica celebrado com a NOS, que permite ao Operador os direitos de transmissão dos jogos em casa por três anos, podem ser renováveis até 10 épocas; direitos de transmissão da Benfica TV, pelo mesmo período. Tudo por 400 milhões de euros. A NOS consegue recuperar os direitos de transmissão de ligas europeias que a Sport TV tinha perdido.
- FC Porto celebrou acordo com a MEO, que disponibiliza ao Operador os direitos de transmissão dos jogos em casa por 10 anos; direitos de exploração da publicidade no Estádio do Dragão por 10 anos; direitos de transmissão do Porto Canal por 12 épocas e meia. Será também patrocinador principal do FC Porto por 7 épocas. Negócio de 457,5 milhões de euros.
- Sporting anunciou acordo com a NOS, que disponibiliza ao Operador os direitos de transmissão dos jogos em casa por 10 anos; direitos de exploração da publicidade no Estádio José Alvalade também por 10 épocas; direitos de transmissão do Sporting TV por 12 épocas. A NOS será também patrocinadora principal do Sporting por 12 épocas. Um negócio anunciado por um valor de 515 milhões de euros.
A forma como os canais, jogos serão distribuídos pelos Operadores ainda poderá ser pouco clara para os subscritores da televisão paga. Para já, só no negócio Benfica e NOS é que se sabe mais ou menos o que vai acontecer. A Sport TV fica com as ligas europeias transmitidas pela Benfica TV e o canal da luz terá programação mais regional.
Atendendo que os Operadores estão a investir avultados valores dos seus orçamentos na compra de direitos, o consumidor fica na expectativa de saber o que sobra para o investimento na melhoria de produtos, infraestruturas, cobertura de rede e que consequências podem ter estes negócios para o valor dos pacotes que contrataram. O valor de um destes negócios tem permitido que outro operador tenha investido na melhoria da sua rede móvel e aumento da sua cobertura de fibra, sem variações agressivas de preços para o consumidor. É importante que, a par destes negócios milionários, haja o compromisso para o consumidor na melhoria da qualidade serviços prestados. O cliente quer exclusividade, mas a exigência deste sobre o mercado obriga os Operadores a terem estratégias muito cuidadas. Falamos de uma das áreas de negócio mais competitivas no país.