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A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Joaquim Sousa
Trump é um choque. Sim, um choque para o mundo. Quando se apresentou como candidato pelo Partido Republicano não me admirei – tão bons candidatos oferecem os republicanos (a lembrar-me de Bush) -, pensei que seria por pouco tempo, umas semanas talvez, dada a insensatez das suas posições públicas – muita polémica. Enganei-me. Muitos que pensavam como eu enganaram-se. Continua a marcar pontos em cada eleição. Vai ser o candidato Republicano a disputar as próximas eleições para a Casa Branca. Custa-me a perceber como tal é possível – é um choque para o mundo. O que veem nele para conduzir os destinos dos Estados Unidos da América? O que há nele que atraia? Estou a imaginar a sua vitória e nas consequências que daí resultarão. Bem, os grandes ditadores da História da Humanidade foram eleitos pelo povo e hoje condenados pela larga maioria. Teremos uma América imperialista, que fará a separação do povo por raças e géneros, aumentará a separação pela seleção da condição social; uma América que criará barreiras diplomáticas, humanitárias, que se fechará em muros sobre si mesma; teremos uma América que potenciará conflitos entre estados; além de, pouco importada com as causas ambientais. Custa-me saber que inúmeras mulheres acompanham e apoiam Trump, quando ele atira contra elas todo o seu machismo ignóbil. Custa perceber como vamos conseguir lidar com um presidente assim. Quero acreditar que na hora da verdade seja o derrotado, mesmo entre os Republicanos ou então estaremos perante uma reversão de valores do povo americano, que condescendentemente aceita que a Casa Branca tenha o pior Presidente da História da América.
É importante que, nas próximas eleições, a realizar a 4 de Outubro, os portugueses usem o seu direito de voto. Vivemos num regime democrático, em que votar é fundamental para a manutenção dessa democracia. Se o português contribuir eleição a eleição para o aumento da abstenção está a contribuir para o enfraquecimento da democracia e estará a aceitar a ditadura como melhor regime político para o país. Serão cada vez menos os que viveram no regime de ditadura que existiu há 41 anos e que durou 48 anos. Foi a melhor opção para o povo? Não. Viveram em liberdade de escolha? Não. Viveram em liberdade de opinião? Não. Desejamos que isso volte a acontecer? Eu não. Por estas razões, faz sentido votar. Faz sentido usar do direito conquistado com a revolução de Abril e que faz, neste ano de 2015, 40 anos sobre as primeiras eleições livres da democracia portuguesa. Muitos não votam porque perderam a consciência da importância do seu voto ou talvez nunca a tenham ganho. Perderam a noção que por um voto se ganha e por um se perde e que o voto é uma confiança muito importante que se dá a um candidato. Uma confiança…. Os portugueses andam desconfiados dos políticos que se apresentam? Sim. Têm as suas razões. Porém, a desconfiança em momento algum deve ser utilizada como argumento para se abster. Vale mais um voto em branco que uma abstenção. O voto branco provoca medo na classe política e leva a que esta tenha noção do descontentamento. A abstenção faz a classe política a assobiar para o lado e a continuar a cavalgar rumo ao poder, sem qualquer importância para o estado do país e dos portugueses. Não faço apelo a voto em branco, mas apelo a que as pessoas se interessem pela política e busquem pelas alternativas à alternância de poder que fomos sendo condenados sucessivamente ao longo dos anos. É fácil sentar na mesa de café e criticar as caravanas políticas e os que passam a apregoar as suas ideias. Esses, seja pelo bem próprio, de uma classe ou do bem comum fazem alguma coisa. Os que meramente criticam tudo e todos são passivos e nada estão a contribuir para a mudança da classe política, para o desenvolvimento de massa critica e para a criação de alternativas eficazes à mudança do país. É importante lembrar que os maiores culpados pelos políticos que temos somos nós os eleitores que entregamos o voto; depois o eleito faz aquilo que não desejamos e, mais tarde, voltamos a entregar o voto. Fica a questão: De que valem as manifestações de milhões de pessoas nas ruas contra os governantes, se mais tarde lhe é entregue o poder? Se esses que nos governam não sabem gerir o poder que lhes foi confiado, saberemos nós gerir o poder do voto? Sim, seremos capazes se tivermos massa crítica e formos livres de pensar sem condicionar o pensamento sempre nos mesmos.
Num ano se conseguiu algo que nunca tinha acontecido até então: construiu-se do zero os cadernos eleitorais, as urnas, a logística para que, em todo o país, todos pudessem usar o seu novo direito cívico. A afluência às urnas foi de 91,7% de eleitores.
Volvidos quarenta anos muito mudou. O eleitorado perdeu a energia interventiva de Abril. A política perdeu o seu crédito. Os agentes políticos passaram a ser considerados como mediadores de interesses pessoais, corporativos e a política passou a ser entendida
Está prestes a fazer 40 que o povo usou a sua maior arma. Sim, a arma que lhe dá todo o poder para decidir o futuro que deseja para si, para os seus e para o seu país. O voto.
O voto é uma arma, da qual nenhum defensor da democracia deve prescindir no momento em que é chamado às urnas para decidir quem deseja que o governe. Esta é uma conquista de Abril, uma conquista muito cara – cinquenta anos de ditadura. É por isso, de extrema importância que as pessoas não ignorem o direito que deve ser entendido como um dever, mesmo que exista descontentamento com a política e com os políticos. Se defendemos a democracia é no voto que devemos expressar qualquer descontentamento em relação ao poder instalado. A abstenção não resolve nada. Apenas condena a conquista que agora comemora 40 anos e que constitui um desígnio de Abril.
“O Costa quer é outro tacho”, foi a frase várias vezes repetida por uma idosa à mesa do café, juntamente com mais duas amigas. Como dá para ver uma apoiante de Seguro nesta cavalgada até ao poder do PS.
É hoje o grande dia, em que saberemos qume vai ser o candidato do PS a primeiro-ministro – assim definem alguns artigos da imprensa nacional. Porém, muito mais importante que isso, pelo menos no momento mais imediato, é saber de que forma ficará o PS – o after day. Poderemos ter um partido muito dividido para alegria da coligação PSD/CDS.
Nos últimos tempos as notícias têm sido tantas que parece estarmos perante eleições legislativas em que o futuro do país se decide hoje. Tivemos três debates televisivos como se estes candidatos tivessem assim tanto que discutir, para que os simpatizantes e filiados tivessem de escolher dois rumos diferentes para o PS. Na realidade, a discussão foi medíocre. A clareza entre o que um pensa e o que o outro deseja fazer é ténue. Achei que as questões foram mais pessoais – pouca estratégia política e poucas ideias claras quanto ao futuro.
A publicitação desta campanha foi tanta que duas destas idosas pensavam que tinham de ir votar, desconhecendo que apenas os militantes e simpatizantes inscritos é que poderiam fazer. Mas, não apenas elas pensavam assim. Ontem, a minha mãe que pouco percebe de política – muito pouco – enquanto estava na cozinha teve uma reflexão profunda sobre as eleições no PS e perguntou-me:
- Qual deles é melhor o Costa ou o Seguro? – eu a caminhar pela casa parei e pensei a que propósito vinha tal pergunta.
- Nem sei. Acho que são os dois iguais. – respondi – Porque perguntas?
- Assim nem se sabe em quem votar – havia aqui qualquer coisa que não estava a bater certo.
- Eles lá sabem o que devem escolher; também não és militante, não tens que te preocupar.
- Eu pensava que tínhamos de ir votar amanhã – agora percebi aquela preocupação em saber o que fazer com o seu voto.
- Não, só para os militantes e os que se inscreveram como simpatizantes.
Seria só a minha mãe que ficou baralhada com a quantidade de notícias que circularam por aí e que causaram alguma confusão acerca destas eleições? Hoje confirmei através das conversas de café que não. Há muita confusão – por falta de atenção das pessoas e por excesso de mediatismo em relação a certos assuntos.
Espero que no after day – como se costuma chamar ao dia seguinte – os portugueses não pensem que Pedro Passos Coelho já não é primeiro-ministro ou isto fica uma grande confusão.
«Nós não somos Portugal». Esta era a expressão várias vezes repedida para os lados de Espanha, nos momentos em que os mercados duvidavam de certas economias Europeias – Portugal, Grécia, Irlanda. Porém, a situação não parece que esteja fácil para os vizinhos porque, depois da Itália, os mercados estão nervosos em relação à economia Espanhola e à sua vulnerabilidade. Espanha está perto da barreira traumática dos 7% e o resgaste poderá ser necessário, em breve. Esse resgate poderá inevitável qualquer que seja a mudança política que se veja a registar.
Amanhã realizam-se eleições em Espanha e os nuestros hermanos estarão na iminência de uma mudança.
«Nós não somos Portugal» é um facto. Estaremos em vantagem?
Manuel de Sousa
Fonte: SIC Online
Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt
Se as sondagens forem reais, ainda que a sua amostra seja reduzida comparada com o universo de eleitores, estamos numa situação dramática em relação ao que parece ser a intenção de voto dos portugueses e na confiança que estes têm nos dois principais candidatos, dos partidos maioritários. A confiança em José Sócrates é baixa, mas a confiança em Pedro Passos Coelho não é a melhor, nem mais elevada, ainda que este não tenha beneficiado de um Estado de graça por nunca ter experiência ou responsabilidade governamental, penalizado pelas opiniões e contradições de que tem sido alvo ultimamente, e que em muito se assemelham às contradições de José Sócrates. As eleições demonstram que a bipolarização da política está gasta e que os portugueses pretendem dar outro rumo à governação.
Os partidos, que até aqui eram considerados minoritários, estão no rumo certo ao poderem ter resultados bastantes satisfatórios e ao serem chamados a intervirem mais nas decisões de governação. A acreditar que estes partidos sejam capazes de apresentar alternativas viáveis ao futuro do país, poderão ter a ascensão de que necessitam para fazer parte do elenco governativo.
A campanha ainda não começou, mas será algo renhido e acredito que esta proximidade dos partidos, sobretudo os do centro, possa geral alguma falta de civismo político em que toda e qualquer arma servirá para conquistar mais um voto. Era bom que isto não acontecesse.
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