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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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O QUE SERIA DO HOMEM SEM SEXO?

Manuel Pereira de Sousa, 26.09.12

Uma questão bem pertinente, que certamente poucos ousaram pensar ou nem sequer põem essa hipótese por tão terrível ou mesmo absurda que possa parecer. 

Dizem que viver sem sexo, em total abstinência, é possível porque este não é uma necessidade para a vida como a água ou a alimentação. Porém, não seria a mesma coisa. Sexo é das coisas, dos actos mais velhos do mundo, presente na generalidade do Reino Animal. A multiplicação e continuidade da vida das espécies estariam seriamente comprometidas se de um momento para o outro o sexo deixasse de existir. 

O sexo é acima de tudo um acto animal e fisiológico, mas que, pelo menos no ser humano pode ser muito mais que um acto fisiológico, mas uma manifestação de prazer, desejo, amor, sensualidade e muito mais. 
Apesar de alguns animais terem relações apenas como objecto de procriação, não temos bem a certeza ou pelo menos não existem estudos suficientes que nos garantam que estes também buscam sexo para obter satisfação. Mal de nós se apenas procurássemos o sexo apenas para procriação. Não sei, mas viveríamos um caos psicológico e patológico ou então habituávamo-nos à ideia (será que muitos se habituariam?). 

O sexo muito mais que um acto físico é também um exercício de libertação e satisfação a vários níveis, que pode contribuir para o funcionamento e equilíbrio emocional e psicológico das pessoas, assim como, a melhoraria do bem-estar e do dia-a-dia de cada um. É também uma demonstração de amor e intimidade por alguém e uma forma de selar uma aproximação entre elementos do acto sexual. De forma homo ou hetero, todos procuram algo e isso faz do sexo uma contribuição para a busca da essência mais íntima de cada um, a essência que se encontra mais escondida e talvez mais real de cada ser humano. 
É claro que muitos encontram no sexo uma emancipação social. Mostrar aos amigos e às amigas que «comeram» aquele ou aquela ou mesmo a procura de satisfação quando o outro alguém já não é capaz de satisfazer ou transmitir aquilo que se deseja. 

Sexo pode ser para muitos um negócio onde se compra e vende, sendo o corpo um objecto de trabalho para que se consiga seduzir o outro e provocar-lhe prazer. É um negócio onde se vendem milhões, mas de forma mais escondida e pouco falada. Quanto contribuiria a industria do sexo no PIB do nosso país se tudo fosse feito às claras e na legalidade? Não haveria certamente défices orçamentais. 

Não se pode pensar no Homem sem a sua componente sexual ou então resumiríamos muito da sua essência como pessoa. 
Por muito que se diga que o sexo é um fruto proibido e apesar de durante muito tempo se ter doutrinado o sexo como um pecado, o certo é que, se assim fosse, a grande maioria viveria em pecado irremediavelmente e os filhos fossem fruto desse pecado e os mal amados do mundo.

É tempo de abolir esses preconceitos e ignorar que a maioria não se delicia com uma relação porque já ninguém acredita que as cegonhas trazem os bebés ou que estes têm origem num feijãozinho. Já nem as crianças acreditam nessa teoria. 
O sexo é dos actos que melhor faz ao Homem e o ajuda a ser Homem no dia-a-dia, enquanto tiver desejo e forma de satisfazer esse desejo.

COGITARE II: ESCRITA: UM ACTO DE SEDUÇÃO E DE FÉ

Manuel Pereira de Sousa, 01.07.12

A escrita é uma forma de sedução do tempo, que teima em fugir e fazer que tudo passe tão depressa sem termos tempo de viver, sentir, abraçar, saborear.
Escrever permite que os pensamentos, os desejos, os sentimentos fiquem congelados para a eternidade, contornando as fortes limitações temporais em que vivemos. Além do mais, permite que os escreventes parem por momentos, para sentir o que realmente vai dentro de si.
A escrita é uma terapia para os escravizados do tempo repentino e em constante fuga para a rotina tenebrosa do dia-a-dia.
Por vezes, temos dificuldade em escrever uma única palavra onde quer que seja. Não podem escreventes e escritores permitir que isso aconteça em qualquer momento de suas vidas, para que a sua liberdade se mantenha e assim o que desejamos, pensamos e sentimos possa ficar registado para a eternidade.

O acto de escrever ajuda o Homem a ser eterno, como se escrever fosse um acto de fé. Na verdade é um acto de fé, que implica acreditar que se pode passar em palavras bonitas e deliciosas o que tantas vezes desejamos. Os escreventes procuram essa fé em cada frase e em cada palavra, enquanto que os escritores são os seres iluminados que dão aos outros pão que necessitam para a sobrevivência como seres pensantes.