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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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É SÓ CHINESES!

Manuel Pereira de Sousa, 14.06.15

Lá vamos indo por entre prateleiras longas, corredores apertados, muitas vezes sem saída que nos obriga a fazer o caminho de retorno de mãos vazias. É terrível o choque visual a que os nossos olhos estão expostos, de tão lindas que são as roupas, de tão úteis que são aqueles objetos que vendem. É terrível o cheiro ao longo das prateleiras muito propício a espirros e manifestação de alergias - ainda acham que o fumo do tabaco é prejudicial.

 

Com o tempo lá nos fomos habituando ao crescimento de lojas de chineses. Foram crescendo e aparecendo como cogumelos. Pelo que se sabe, aproveitaram-se da crise no comércio local, na falência de várias lojas de rua, aproveitaram-se de espaços comerciais que seriam destinados a shoppings. Construíram um império - o ponto de partida para depois vendermos empresas em saldo aos chineses. Sim, os chineses estenderam o seu império para Portugal - nada contra as lojas, embora evite lá entrar.

Entrar numa loja de chineses é um exercício de heróis. Se antes estas lojas eram mais pequenas e onde se esperava à porta para se conseguir entrar, de tão entulhadas que estavam; hoje, são de dimensões impressionantes - chegam a ter vários pisos. Semelhança com as antigas: continuam atulhadas de coisas de todos os tipos. O desafio é encontrar aquilo que se procura - ou se conhece bem o espaço ou há que correr tudo à procura do que se deseja. Pedir ajuda de um funcionário, que normalmente é chinês, é outro desafio porque falam e falam, apontam para um sitio qualquer na esperança de termos percebido. Lá vamos indo por entre prateleiras longas, corredores apertados, muitas vezes sem saída que nos obriga a fazer o caminho de retorno de mãos vazias. É terrível o choque visual a que os nossos olhos estão expostos, de tão lindas que são as roupas, de tão úteis que são aqueles objetos que vendem. É terrível o cheiro ao longo das prateleiras muito propício a espirros e manifestação de alergias - ainda acham que o fumo do tabaco é prejudicial. No final de contas, nem sei se nos mandam seguir caminho só por sim e na realidade não sabem o que pedimos ou não sabem se têm. Outra coisa irritante é a forma como falam entre si: berram, e depois aquele idioma estranho que mais parece alguém com batatas quentes na boca não ajuda; gritam entre eles que estão na loja ou porque estão via skype com outros chineses (sim, já vi muito disto e o pior é que o cliente na caixa vê a outra pessoa por skype, mesmo em trajes menores a passear pela casa ou mesmo na cama).
Lá no trabalho temos o costume de dizer para ir ao chinês na hora de almoço encontrar o que tanto se procura - para casa, para uma festa, etc - e se não tiver no dia seguinte com toda a certeza que já tem. Este mito criou-se porque de facto aconteceu em diversas situações - não me perguntem como foi possível (há toda uma rede de idealização, fabrico, transporte que não entendo).

Sou um grande fã da rubrica "Bazar das Chinesices", que passa no "5 para a meia noite", da RTP1, de Pedro Raminhos; ele traz-nos as mais belas preciosidades das suas compras nos chineses - quão útil são os produtos, que qualidade de fabrico, que belas traduções dos nomes e das instruções (não há acordo ortográfico que lhes valha, nem sei como não são multados por isso).

A crise não atingiu apenas o comércio tradicional português. Também as lojas do chinês têm sucumbido à crise, fruto do baixo consumo (há muitas coisas do chinês que não são assim tão baratas quanto se pensa) e da concorrência das lojas vizinhas - foi isso que fez as lojas pequenas desaparecerem, as grandes abafaram o negócio. Quando várias lojas pequenas fecham, os donos e funcionários juntam-se para abrir uma de maiores dimensões. São negócios que vão para além da família.

Faço questão em evitar ao máximo entrar nestas lojas das quais duvido da qualidade do produto final, a não ser que pretenda comprar algo descartável e provisório para alguma atividade. Continuo a preferir o comércio português.