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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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O ASSASSINIO PREMEDITADO. FOI PUTIN?

Manuel Pereira de Sousa, 12.03.15

Era meia-noite, um casal de namorados caminhava pela rua, até que se ouviram, seis disparos. O homem caiu de costas no chão. Teve morte imediata, atingido por quatro tiros, três deles fatais por alguém que terá atacado por trás sem que ninguém desse conta. O atirador fugiu, correu para um carro branco, sem matrícula, que arrancou a alta velocidade pelas ruas de Moscovo para parte incerta. Passados alguns momentos, ainda o corpo jazia no local da morte, o telefone da casa da mãe da vitima tocou; quem era? Era O Presidente da nação a prestar os sentimentos pelo sucedido e a realçar o apreço que o país tinha pelo seu filho. A chamada terminou. Assim ficava consumado o plano.

O crime foi premeditado e a pedido de alguém muito influente, que a maioria não tem dúvidas de quem foi: Vladimir Putin. A vítima atingida pelas costas: Boris Nemtsov. O local do assassínio: na ponte em frente ao Kremelin.

Terá sido imprudente a caminhada descansada de Boris pelas ruas aquela hora, sem qualquer tipo de proteção, depois de saber que seria um alvo para abater e de sentir receio de ser assassinado por Vladimir Putin – neste caso a mando de. Outras histórias podem ser contadas que envolvem o mesmo desfecho, na Rússia, sempre com o mesmo suspeito nos assassínios. Tem sido assim desde de que Putin está a comandar os destinos do país. Tem sido o método utilizado para silenciar jornalistas, empresários, políticos e todos aqueles que se manifestam contra o regime e que começam a ter alguma projeção pública no país. As últimas notícias dizem que já terão encontrado o assassino e que o mesmo terá confessado o crime sob tortura – sob tortura confessasse até o que não se fez. Porém, continuam a chocar a opinião pública em todo o mundo porque ninguém acredita que a investigação tenha sido transparente e real. Nunca poderá ser uma investigação credível se quem a dirige foi a pessoa que ordenou a execução do crime.

Será Putin o responsável por este assassinato? Poderá ter sido a seu pedido direto com a preparação de um plano cuidadoso sem que existam quaisquer provas. Poderá ser da sua responsabilidade e não por ordem direta; há pessoas que o fariam livremente em troca de uma recompensa do governo – uma cultura que tem sido difundida e apoiada pelo Kremlin, de forma a “lavar as mãos” dos acontecimentos, mas com proveito direto dos mesmos.

Claro que o principal interessado na morte de Boris Nemtsov terá outras teorias para justificar os acontecimentos e despistar as atenções da opinião pública. Faz-se passar na Rússia, de forma insistente, que a morte terá resultado das disputas entre a oposição; como Boris era de descendência judaica, embora batizado como Cristão Ortodoxo, o motivo estará relacionado com terrorismo por radicais islâmicos; questões pessoais e até relacionadas com o namoro; assassínio cometido por radicais pró-russos na Ucrânia, em resultado da sua oposição à guerra na Ucrânia, algo que é aceite como justificação válida por grande maioria dos russos. No entanto, esta teorias não são coerentes com os acontecimentos daquela noite, onde a única prova existente terá sido de imagens de um limpa-neves que estava na zona – mais nada. O Kremlin, onde ocorreu o assassinato (foi ali mesmo ao pé), é uma zona fortemente vigiada como é mais que natural, contudo, nessa noite, as câmaras de vigilância estavam desligadas para manutenção, não existiam seguranças no local e foi permitida a circulação de um veículo a alta velocidade e sem matrícula. Neste caso, ou é premeditado ou existe uma gravíssima e monstruosa falta de segurança no Kremlin a que o assassino tinha acesso porque a conjugação destes fatores é muito improvável numa situação normal. Por com estes dados é mais que certo que tudo estava premeditado e que as ordens vieram do Kremlin.

Boris Nemtsov foi sempre considerado um político carismático que nunca foi apontado como corrupto – foi um homem integro -, embora o seu poder de influência tenha vindo a perder-se porque sendo opositor ao regime o seu lugar nos media deixou de ser importante. Terá nascido em Sochi e foi um dos homens de confiança de Boris Ieltsin que o nomeou para Governador de Nizhny Novgorod. Em 1998 foi nomeado vice-Primeiro-Ministro, lugar de onde saiu pouco depois, por divergências com o Presidente. Em 1999 fundou, juntamente com Anatoly Chubais, a Coligação Liberal Democrata, que não teve grande sucesso político a longo prazo. Boris continuou a ter influência na Rússia através das manifestações que organizava e nas intervenções nos media. A sua carreira política termina como membro do Parlamento Regional de Yaroslavl. Na sua carreira política há um acontecimento que o poderá manchar, que foi o apoio ao bombardeamento do Parlamento Russo, em 1993, onde se encontravam barricados deputados conservadores.

A motivação para o seu assassinado está relacionado com a sua intervenção cada vez mais crescente, ainda que com tentativas de ser silenciado nos media, e que estaria a incomodar o Kremlin. Boris descreveu Putin como sendo um mentiroso patológico, corrupto, que usa a violência para atingir os seus fins. É responsável por apoiar grupos de fascistas que cometem crimes com o livre consentimento do governo e das autoridades e posteriormente abafados da opinião pública. Denunciou que foi Putin o responsável pela guerra na Ucrânia e tinha provas para divulgar publicamente do envolvimento militar russo em Donbass.

Presentemente a opinião Pública ainda é muito favorável a Vladimir Putin e a maioria não ignora que os assassinatos sejam da sua responsabilidade com o argumento que se existem é porque há razões que os justifiquem. Não se sabe ao certo qual o futuro da sua presidência e dos contornos que este caso poderá ter, pois a opinião pública um pouco por todo o mundo desdenha de Vladimir Putin. A Rússia está a passar por dificuldades profundas em termos económicos resultantes das sanções económicas que estão impostas por causa da guerra na Ucrânia e a questão da Crimeia e a baixa do preço do petróleo afetou gravemente um país habituado a vender a um preço muito caro. Acredita-se que o país esteja a entrar em recessão e a opinião pública poderá não estar ainda consciente das dificuldades que terá no futuro, fruto de um presidente tão pouco inteligente e que pensa apenas na ampliação do império Russo a qualquer preço e sem qualquer escrúpulos. A par desta dura situação a própria Igreja Ortodoxa parece viver conivente com esta situação e está a ajudar na propaganda política de Putin ou então está a comportar-se desta forma por medo ao que lhe possa suceder.

O assassinato de Boris Nemtsov não foi o único e não será, infelizmente.