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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

POUPANÇA EM NOME DA PANÇA

Manuel Pereira de Sousa, 14.05.16

Vivemos num mundo puramente consumista. Sim, já sei disto há muito, não acordei agora para a realidade. Somos convidados ao desperdício. Também tenho noção disto, a par das realidades que existem no mundo e mesmo na pequena sociedade portuguesa. Vivemos numa sociedade de extremos, onde uns pouco têm e desejariam ter e outros têm e desperdiçam – falta saber se tudo o que esbanjam é à custa dos que nada têm. Isso daria uma grande discussão ideológica, mas é mais prático meter a cabeça debaixo da areia…

É tudo um contrassenso. Pedem-nos para poupar para os tempos difíceis porque a austeridade ainda não desapareceu das nossas vidas. Pedem-nos para termos cuidados com a alimentação porque estamos a tornar-nos cada vez mais obesos – andamos a comer para além das necessidades do nosso organismo. A quem agradar neste jogo? À carteira ou à saúde? Vejamos: fui a um shopping para comer qualquer coisa; no balcão tenho duas propostas; escolher dois hambúrgueres, uma bebida por 6 Euros e tal ou optar por um menu a rondar os 5,80 Euros com três hambúrgueres, batata frita de acompanhamento e bebida. Sou incentivado a gastar menos para comer ainda mais, tendo a noção de que não seria capaz de comer o menu todo por ser comida em excesso. Sou incentivado ao desperdício, em nome de algo maior para o nosso mundo económico: a carteira. Fazendo contas, com o desperdício ainda sobra dinheiro para o café. A lógica da economia é sempre ter mais por menos e esta é uma das provas em que isso acontece. Ficamos todos contentes quando conseguimos algo assim porque na cabeça só funciona a poupança em função de uma boa pança.

ATÉ QUANDO CONTINUAREMOS A COMER CARNE?

Manuel Pereira de Sousa, 10.03.15

A propósito do tema que aqui abordei em relação à alimentação saudável, que é possível ter sem que se isso represente um peso para o orçamento familiar, e sobre a questão de que estaremos a consumir mais que as nossas necessidades, vale a pena falar do impacto ambiental que o consumo excessivo de carne e peixe pode trazer para o nosso planeta. Este assunto não é novo, tem sido debatido recentemente, por razão do "Cowspiracy" - um polémico documentário norte-americano. É certo que se pode duvidar dos dados revelados nesse documentário e sobre isso seja necessário haver mais investigação que o comprove. Certamente que não existe o contraditório necessário para que as pessoas tomem as devidas opções, entre visões diferentes de uma questão que pode ser grave - a sustentabilidade dos recursos alimentares no planeta. 
 
Nenhum recurso é inesgotável, para se valorizar determinados recursos outros terão de ser eliminados por questões de seleção natural - mas com intervenção humana (uma variável que Darwin necessitaria de acrescentar à sua teoria se a desenvolvesse nos dias de hoje). A acreditar em alguns dos dados revelados nesse documentário estaremos perante um devaste ambiental que é necessário travar. 
A pegada ecológica de uma alimentação carnívora poderia ser eliminada em 50% de emissão de CO2 se a nossa alimentação fosse vegetariana; cerca de 91% da floresta amazónica foi destruída para pastagens de gado; dezenas de espécies de animais e plantas são extintos diariamente devido à destruição das florestas tropicais; 1/3 da água potável existente no planeta é gasta na indústria da carne e de lacticínios; 2500 vacas leiteiras produzem tantos resíduos que uma cidade com mais de 400 mil habitantes; 6000 metros quadrados permitem produzir 170 quilos de carne, mas a mesma área consegue produzir quase 17 000 quilos de vegetais. Poderíamos continuar a falar da quantidade de água absurda que é gasta para produzir um hambúrguer, na quantidade de gases poluentes que o gado liberta para atmosfera, na quantidade de peixe capturado e desperdiçado novamente para o mar já morto (condenando as reservas de peixe e obrigando à fixação de cotas de pesca). 
 
Vamos deixar de comer o nosso Bife Grelhado ou aquele Cozido à Portuguesa ou aquelas Tripas à Moda do Porto? Vamos ter de repensar em comer o bacalhau à Zé do Pipo e a Sardinha na Brasa? 
Não teremos com toda a certeza de deixar de comer o que de tão bom nos oferece a gastronomia portuguesa (que é fantástica); teremos sim que pensar no número de vezes e com que frequência comemos carne e peixe, assim como produtos de origem animal. Teremos que optar, com mais frequência, por uma alimentação mais diversificada e cada vez mais vegetariana. É a única alternativa para que exista alimentação disponível a todos e capaz de corresponder ao ritmo de crescimento da população mundial e de forma a travar o abate/destruição de recursos naturais.

Além das opções mais diversificadas na alimentação - como a vegetariana que tem muitos benefícios para a saúde - é necessário ter em atenção a quantidade de comida para evitar desperdícios - comer em exagero ou deitar fora quando se pode aproveitar para outra refeição (algo que nos formos habituando felizmente). 
 
A ser verdade o que este documentário nos pretende transmitir, ainda podemos retroceder e permitir um equilíbrio maior na forma como nos alimentamos. Também é preciso ter em atenção ao tipo de agricultura que deve ser sustentável para não ser condenada aos mesmos exageros que a produção de carne e captura de peixe.