Afinal, o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho fica, pelo menos até ao próximo Orçamento de Estado ou até ter garantias das intenções do CDS, dado que os restantes ministros centristas ainda se mantêm no cargo. Com que condições? O Presidente da República pouco disse até ao momento - o seu silêncio continua a ser o do costume com a justificação que o Primeiro-Ministro deve responder sobre a Assembleia e não perante si.
O Presidente jamais fará a criação de um governo de iniciativa presidencial, por maior que seja a crise do momento.
O Primeiro-ministro entrou há momentos para a sua - tão esperada - declaração ao país, cheia de recados ao partido de coligação.
No seu discurso considera que "seriam dois anos atirados por terra" quando existe uma recuperação já a ser vislumbrada ao fim de tantos sacrifícios.
Pedro Passos Coelho indica que não se pode pôr em causa a governação com uma demissão, a não ser que fossem por coisas graves - o que poderemos entender por coisas graves?
Considera que estes são momentos que apelam à serenidade do governo e de todos e apelam à existência de "lucidez em momentos de crise". Não escolherá o caminho para um "colapso político, económico e social" - quando a grande maioria dos portugueses acredita que nesse caminho já estamos há muitos anos, não apenas durante este governo.
Considera também ser uma "decisão de consciência e convicção" por se representar "a esperança de todos os portugueses" no caminho para uma "sociedade mais próspera e justa" - coisa que os portugueses já não acreditam pelas imensas desigualdades que se criaram.
Porém, deixa a responsabilidade no ainda parceiro de coligação ao afirmar que "não depende da minha vontade de resolver os problemas" - quando a vontade do CDS é recusar este governo e esta política, pois nem estes acreditam.
O Primeiro-Ministro pretende cumprir os compromissos internacionais por ser "fundamental para manter a clareza e estabilidade internacional" - a ideia de que deveremos continuar a ser o "bom aluno", mesmo que de fora venham apenas pedidos de austeridade.
"Dar sentido ao sacrifício de todos" é um lema de continuidade como se, neste momento, os portugueses se sentissem compreendidos, mesmo que tente ultrapassar as dificuldades "em nome do interesse nacional".
"Não me demito", "Não abandono o meu país", "Abraço ao meu país com dedicação e esperança", "Os portugueses podem contar comigo" serão expressões aceites pelos portugueses e capazes de gerar consenso, numa altura em que está sem credibilidade e sem moralidade?
"Como poderia desesperar quando à minha volta vejo exemplos de coragem e experiência" é o seu reconhecimento aos sacrifícios impostos aos portugueses e que estes tentam aguentar da melhor forma; quando diz "Nós os políticos e governantes temos de estar à altura" sabemos que já o deveriam estar desde o momento em que foram eleitos para evitar estes males crónicos de que padecemos.
"Todos esperamos um regresso à prosperidade"- todos esperamos, mas para quando?
http://www.publico.pt/politica/noticia/passos-nao-se-demite-nem-aceita-emissao-de-portas-1599055