Era Sábado, 10 de Agosto, quando a estátua em honra do Cónego Melo foi edificada na rotunda de Monte D'Arcos, junto ao cemitério, em Braga. Ao que se fala tudo foi feito da forma mais rápida e discreta, já que se esperava alguma polémica em torno do assunto.
No Domingo, uma primeira reportagem da TSF no local permitiu conhecer as primeiras reacções das pessoas que passavam e ficavam a admirar o momento. “Acho bonito e fica bem”, ou “só deveriam pôr quando fosse para inaugurar” eram algumas das expressões repetidas ao longo do dia. Porém, muitos outros manifestam o seu descontentamento perante a figura exposta, mas ainda não inaugurada.
Os protestos fazem-se sentir por grupos ligados ao PCP e ao BE e pessoas que não vêem no Cónego Melo uma pessoa de bem – conhecido por apoiar a ditadura do estado Novo, por ser o responsável pelo incêndio do Centro de Trabalho do PCP, em Braga, entre outros assuntos polémicos e bem quentes da História recente, exemplo do caso Padre Max, e ataques bombistas no Verão de 1975. O descontentamento é transversal ao PCP e BE, pois o PSD e CDS abstiveram-se na votação de Assembleia Municipal da proposta para a homenagem. Já em 2002 existiu uma tentativa de aprovação de uma homenagem que não foi aceite, tendo a estátua permanecido guardada alguns anos até uma outra altura que veio agora ser mais propícia. Entretanto, O Cónego Melo gerou novamente polémica, quando foi inaugurada uma pintura na Cripta do Sameiro, onde o referido Cónego estava no altar juntamente com três Papas e a Nossa Senhora do Sameiro.
Por muito que se tente criar consenso em torno de pessoas que tiveram o seu relevo na cidade, existe a necessidade de respeitar a memória de todos. É certo que Deus não agradou a toda a gente, é certo que nem todas as pessoas homenageadas em estátuas e tabuletas são de unanimidade geral, porém, podem sempre gerar algum consenso geral para a merecida homenagem – o que não é o caso.
Até poderíamos estar perante criticas inflamadas de algumas facções políticas, mas apenas o Partido Socialista terá aprovado, o que consideramos que existe uma grande distância de um consenso.
Se o país deve reconhecer feitos democráticos e condenar o todas as forma de terrorismo, fascismo e ditadura, o município deveria pensar sobre o impacto em muitas famílias que este assunto iria causar, ainda que a personalidade tenha desempenhado um papel importante na região ou no país.
Os protestos em torno da estátua devem continuar, falta saber o que decidirá a autarquia, se atender aos manifestantes, se deixar a “poeira assentar” para uma inauguração posteriormente.
Notícia no Público em: http://www.publico.pt/local/noticia/manifestantes-prometem-voltar-enquanto-a-estatua-do-conego-melo-permanecer-em-braga-1602930