FACEBOOK, O IMORTALIZADOR DAS ALMAS?
Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt
A morte de personalidades como Carlos Castro e António Feio, personalidades tão diferentes, com destino tão diferentes e com um final de vida tão diferente, mas com algo em comum, a permanência nas redes sociais e o seu fim através delas.
Morrer como estas personalidades, numa era de informação instantânea tem algo de tão diferente com o passado porque antes a grande maioria só tinha conhecimento destes casos através da televisão, a rádio e do jornais, com o aparecimento da Internet a velocidade das notícias, sobretudo das más é tão rápida quanto mais rápida for a velocidade com que se navega. Mas as redes sociais aumentaram a velocidade dos acontecimentos. Agora, cada vez mais os anónimos estão próximo da vida das personalidades da alta sociedade e cada vez mais essas personalidades têm a sua vida particular mais exposta a cada passo e em cada local. Em qualquer local estas pessoas são localizadas, informam os seus grupos onde estão com a simples rapidez de pegar num telemóvel para postar as imagens e os pensamentos. Depois é a vez dos amigos comentarem e acompanharem todos os pormenores. António Feio foi uma das personalidades que acompanhei no Facebook desde a sua vida, às intervenções já na fase terminal da sua doença. Quando morreu teve através do Facebook a capacidade de se despedir de todos quantos o acompanhavam, algo que era impensável há pouco tempo, uma celebridade despedir-se dos seus admiradores de uma forma mais pessoal.
Se a vida das pessoas passa actualmente pelas redes sociais, umas mais que outras, também a morte á algo que passa a fazer parte desse percurso. A grande vantagem é que o corpo parte, mas a memória fica o tempo que nós quisermos que fique continuamente como amigo no nosso perfil, na nossa página. Existe vida para além da morte no facebook. Os mais organizados podem mesmo continuar a lançar os seus posts, quando as suas contas ficam a cargo de outros mais próximos, de forma a manter a memória viva por tempo indeterminado. Dizer isto nos inícios das redes sociais poderia ser descabido ou ridículo, mas certo é que não o é. Temos a possibilidade de nos tornamos imortais de alguma maneira, não sabemos até quando poderá durar na memória dessas pessoas essa imortalidade.
Já imaginaram a dimensão que teria um facebook no dia da morte de alguém como a Princesa Diana, João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá ou mesmo Elvis?