EURO 2016: GANHÁMOS. ATÉ EUSÉBIO SALTOU NO PANTEÃO.
Os portugueses explodiram de alegria. Deixaram que o grito contido saltasse para o exterior. Precisavam os portugueses de deitar a cabeça no travesseiro com rouquidão na voz de tantos gritos de alegria e de tanto êxtase.
Crónica de uma vitória anunciada - era o título do meu último artigo neste blogue. Uma vitória anunciada foi o que aconteceu ontem. Vitória saborosa frente à França. Ganhámos. Sofremos. Ganhámos. Tivemos esperança. Ganhámos. Era esse o nosso fado. Ganhar. Ser campeões. A vitória limpa. Ninguém a pode contestar. Vitória sem margem para dúvidas - quem as tiver que reveja o golo. Esta vitória é para muitos, sobretudo os mais velhos, um acerto de contas com o passado por uma anterior derrota frente aos franceses. Esta vitória é uma lição para os que diziam à boca cheia que Portugal não merecia estar no Europeu - esta vitória tira todas as dúvidas e deixou muitos críticos de boca aberta. Críticos não existiam só lá fora. Por cá, a esperança na chegada às meias finais era mínima. Havia quem achasse a Selecção murcha, incapaz de ganhar no tempo regulamentar. Queriam um futebol mais bonito e exibicionista - que não combina com resultados. Se passamos todas as fases e a selecção se tornou campeã, significa que o importante é ser eficaz - mais resultados e menos manias. Merecemos esta vitória pelo sofrimento que tivemos durante todo o jogo e pela esperança que os nossos jogadores transportavam. Merecemos este resultado pela lição que demos ao mundo, acerca da integração de pessoas com as mais diversas origens e em quem valeu a pena acreditar (a prova de que os nacionalismos não são as glórias dos países). O jogo da final provou que a equipa é mais que o protagonismo do Cristiano Ronaldo e que consegue ganhar sem este dentro das linhas de campo - duvido da mesma capacidade da selecção sem Ronaldo por perto, nem que seja no banco. Ronaldo sagrou - se campeão por ser mais que um jogador, por ser também o capitão que eu duvidei, por ter chorado sem vergonha no momento em que a sua condição física não lhe permitiu mais, por ser o motivador fora de campo e querer transmitir aos colegas a garra que estava dentro de si. Merecemos ganhar pelo treinador que está aos comandos da selecção nacional - integridade, motivação, capaz de apostar naqueles que qualquer outro colocaria fora das suas opções. Merecemos ganhar pela necessidade de uma glória nacional que tanto necessitamos para revigorar o patriotismo ameno. Somos saudosistas e tristonhos porque a vida não oferece o desafogo que merecemos. Os portugueses explodiram de alegria. Deixaram que o grito contido saltasse para o exterior. Precisavam os portugueses de deitar a cabeça no travesseiro com rouquidão na voz de tantos gritos de alegria e de tanto êxtase. Obrigado Selecção pela alegria que provocaram nos nossos corações. Eu escrevi num post anterior que o Napoleão deveria dar voltas no túmulo e deu; além do Eusébio que saltou no panteão a comemorar a vitória. A França engoliu parte do seu orgulho e de cada vez que se cruza na História com Portugal fica sempre um sabor amargo. Mas afinal, o que seria da França sem os portugueses? Viva Portugal!