Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

EFEITO BATOM – PORTUGUESAS, AUMENTARAM OS GASTOS EM PRODUTOS DE BELEZA?

Manuel Pereira de Sousa, 07.09.12

(A forma como a questão é colocada é dirigida às mulheres, na esperança que possam responder. Se fosse uma questão genérica, a vírgula não estaria colocada – diferença que faz a vírgula (a grande mulher)).

 

Com o mundo globalizado e consideravelmente consumista, acredita-se que a sociedade portuguesa é muito aproximada à sociedade norte-americana –  ainda que eu acredite que os americanos são o extremo do consumismo (quanto a isto, é apenas uma opinião porque não sou especialista).
Isto para dizer que um estudo norte-americano “Boosting Beautty In A Economic Decline: Mating, Spending and the Lipstick Effect (em português corrente: Realçar a Beleza Durante o Declínio Económico: Namoro, Gostos e Efeito Batom), divulgado no Journal of Personality and Social Psychology –  defende que nos tempos de crise e com o aumento do desemprego as mulheres tendem a provocar o efeito batom, de forma a tornarem-se mais sedutoras, para conquistarem homens economicamente bem-sucedidos e que lhes dê uma situação financeira mais estável. Acreditam esses investigadores que as mulheres, por natureza, já apreciam homens com boa posição social e económica, mas nos tempos de crise apreciam muito mais (mais que os homens que procuram uma mulher).
Este estudo não terá sido feito com meras conclusões de comparações (melhor: em cima do joelho), mas foi baseado em estudos de compras e taxas de desemprego durante os últimos vinte anos.

É facto que as lojas de vestuário, acessórios ou maquilhagem são as mais apetecíveis e concorridas dos centros comerciais (já estive parado numa esplanada de shopping a reparar à minha volta o ambiente – coisa de gajo).

Se este estudo tem alguma credibilidade (?) até acredito que o tenha. Acho que, mais que engatar, nos tempos de grande depressão as mulheres têm a necessidade de se arranjarem melhor como forma de melhorar a autoestima, ainda que isso possa levar à compra de muitas futilidades. Acontece mais com as solteiras? Talvez. O facto de não terem família, aliada à necessidade de saírem de casa para curtir – consequência de maior “liberdade” - tem o efeito batom, para se colocarem mais bonitas e vistosas.
Por muito que a posição social seja importante para a mulher (necessidade de segurança?), o facto é que necessitam (atualmente mais) de estarem bem bonitas, arranjadas e cheirosas para terem alguma sorte no amor ou no engate (chamem o que quiserem). Afinal, haverá homem que se encante por alguém sem o mínimo cuidado pela beleza? Imaginem a nossa cara se vemos uma mulher sem a depilação feita (torcemos o nariz, horror), ou sem o cabelo arranjado, ou com as mãos nojentas e a unhas carcomidas (hui!) e cheirinho a suor (não, chega de visões infernais).
No caso da mulher portuguesa, o tempo em que a sua imagem era de uma mulher grosseira, desproporcional e com bigode já terminou. A mulher evoluiu positivamente para uma imagem bela e mais cuidada (ainda bem para o público masculino).

Numa filosofia mais moralista, o que interessa é a beleza interior –  o conteúdo da embalagem pode ser melhor que a aparência – mas antes de apreciar esse conteúdo interior, a aparência é muito importante ou então ficariam arrumadas para um canto.

Os mesmos investigadores consideram que a preferência por produtos de beleza é sempre pela linha dos mais caros, quando há a possibilidade de escolha com os mais económicos. Esta preferência estará relacionada com a capacidade de efeito dos mais caros. Exceções à parte, o mais caro pode fazer a diferença no tipo de perfume, de creme ou batom (não considero muito atraente quem usa Tabu para se perfumar ou usa um daqueles batons que borrata tudo ao mínimo deslize) e logicamente que, podendo escolher, se opte pelo mais apetecível e mais caro.

O efeito batom está aí e mulher que é mulher, quer haja crise ou não, tem sempre que se pôr bonita e sorridente para sair de casa e não ficar arrumada a um canto à espera do príncipe encantado –  esse, só nas histórias.
Evoluiu-se, claro que sim e mesmo com a idade a mulher tem necessidade de cuidados extra (massagens, tratamentos de pele, ginásio, solário, dieta) para que se mantenha jovem atual e atraente - se quiser merecer a nossa atenção. Se existem exageros, claro que sim; mas não condeno todas as outras que procuram estar de bem consigo e com o objetivo de agradar um público masculino mais exigente. 


Artigo baseado na notícia o Jornal i em: http://www.ionline.pt/mundo/efeito-batom-quando-economia-cai-mulheres-ficam-mais-bonitas

ACABEI A MINHA LICENCIATURA

Manuel Pereira de Sousa, 03.09.12

É com todo o gosto que vos tenho a comunicar que terminei a minha licenciatura. Estou pronto a ingressar o mercado de trabalho – com um pouco de sorte, terei um anúncio no IEFP em que dirá só para me admitir a mim.

O curso que tirei foi com muito esforço e não foi com o recurso a créditos como o Sr.. Ministro José Relvas. Eu tirei um curso para me dedicar aos “Jobs for the Boys” (para substituir o inglês técnico que não é nada bom) – frequentei a Universidade de Verão.

Sabem o que é? Não carece de explicação. Já imagino que se estão a questionar se frequentei a do PSD ou do PS. Ok, eu respondo: frequentei as duas. Assim considero-me mais habilitado para qualquer das situações com que me depare no futuro. Com a crise que está há que investir nos estudos ou estamos tramados.

Considerei que se tratou de um curso com forte exigência e que está só ao alcance dos melhores, dos mais inteligentes e dos mais espertos. Estudei com afinco todas as matérias – posso afirmar que estou merecidamente habilitado à minha nova profissão.

Recomendo vivamente a quem vive numa situação de desemprego ou de emprego precário a investir nesta área, nos cursos da Universidade de Verão (se precisarem de uma ajudinha podem contar comigo – temos de ser uns para os outros), para ver se consegue mudar o percurso profissional sem ter que sair do país.
Pensem nesta oportunidade.

PAGUE O SEU DÍZIMO ATRAVÉS DO FACEBOOK

Manuel Pereira de Sousa, 30.08.12

Irmãos, estamos aqui reunidos para vos comunicar a boa nova das tecnologias, fruto do nosso Criador, que inspirou um grande homem, Mark Zuckerberg, e que hoje torna felizes milhares e milhões de pessoas por todo o mundo.
Irmãos, muitos mais poderiam beneficiar desta boa nova se tivessem Internet e um computador para se ligarem a nós; nós que estamos iluminados por esta grande criação que é o Facebook.
Mas nós, irmãos, nós fomos muito mais além da criação desta rede, que nos coloca em comunhão em qualquer lugar e em qualquer momento; criamos para ti uma aplicação onde poderás pagar o teu dízimo com toda a segurança e com toda a fé, para que ele seja entregue nas mãos da boa gente. Na aplicação só tens de escolher os projetos sociais em que desejas entregar a tua contribuição. Podes contribuir, desde que não seja para o Estado que é o maior diabo que existe e que deixa os pobres na miséria com tantos impostos para pagar. Aqui, pagas o teu dízimo, nem que seja o teu último tostão, pois amanhã o sol brilhará e trará nova sorte para o futuro.
Vem à nossa aplicação, mostra o quanto tens de bondade com a tua esmola e liberta a tua alma do poder maligno do dinheiro; quanto mais deres mais leve estarás.
Vem, sente a luz que ilumina o teu caminho e ajuda-nos a construir um templo, a pagar as viagens e estadias por vários países onde procuraremos pregar o amor, a paz e o desprendimento pelos bens materiais.
Este é um caminho de luz e verdade. Esperamos por ti no facebook e não esqueças dos dados das tuas contas, para contribuíres.

O Bispo da Igreja do Bem Material

(Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Este texto pretende fazer concorrência ao noticiado no jornal Público: IURD usa Facebook para receber o dízimo e outras doações). 

UM PONTO FINAL NA HISTÓRIA DA MARGARIDA.

Manuel Pereira de Sousa, 27.08.12

A defesa da honra das mulheres, não só das gordinhas, foi o que pretendi com o meu artigo REESCREVO A CRÓNICA DE MARGARIDA REBELO PINTO E PERCEBO PORQUÊ A GORDINHA, aqui no blogue. Esperava eu que a minha singela opinião e forma de escrita fosse capaz de transmitir alguma indignação e pôr realmente os “pontos nos iis”.
Pelas reações recebidas, fiquei com a sensação de ter sido bem acolhido pelo público feminino e mesmo masculino (com igual direito de se indignarem). Por isso, considero que os objetivos foram alcançados – pena que a visada e criticada por muitos não vá ler este artigo (ou se o lesse ignoraria por completo).

Respondendo a quem já me questionou se era capaz de substituir a autora da crónica no semanário “Sol”: sim, seria capaz de fazer algo melhor ou pelo menos mais digno para homens e mulheres. Poderia até brincar, mas manter a dignidade que todos merecem.
Só que a sorte de escrever para um semanário não está ao meu alcance neste momento (acredito mais que me saia o Euromilhões) porque ninguém me conhece e não tenho livros publicados (independentemente da qualidade). Só com um movimento social é que o Sol contrataria este cidadão.

Se atacar Margarida Rebelo Pinto é fácil, banal como a escrita light e atrai audiência ao meu sítio, até é verdade; mas, o que me moveu foi a revolta que me fez teclar noite dentro, em vez de ficar a dormir um sono tranquilo. Não quero ser o moralista de serviço (para isso já temos a escritorazinha), apenas expressar uma opinião livre e revoltada. Foram milhares os que cá passaram em dois dias – coisa que nem imaginava (pensava que vinham cá meia dúzia).
A todos os que aqui escreveram e deixaram a sua opinião agradeço o tempo dedicado. Voltem sempre e sejam livres de aceitar ou repudiar as minhas opiniões.

Às gordinhas quero que continuem a ignorar as opiniões menores da outra que se acha boa (se forem magras para muitos homens perdem o interesse, mas isso são gostos). O que interessa é que sintam bem consigo próprias e com os outros. Procurem ser felizes. Se quiserem perder uns quilos não seja por causa da outra, mas por vontade própria (força) e com cabeça.

O ar deprimido e triste é da outra. Uma mulher pode ter beleza, forma, produção visual top e com isso encher o olho a qualquer homem (uma verdade). Porém, se por dentro for vazio, oco, uma câmara de ar (que ventania), deita por terra toda a sensualidade.

Mulheres, cuidem do interior e isso passa para fora – isso vos fará mais bonitas.

Homens, é melhor cuidarmo-nos porque elas vão arrasar.

REESCREVO A CRÓNICA DE MARGARIDA REBELO PINTO E PERCEBO PORQUÊ A GORDINHA

Manuel Pereira de Sousa, 26.08.12

Há coisas do passado que quando são remexidas dão estragos dolorosos piores que nos momentos em que são lançados. Margarida Rebelo Pinto, em Setembro de 2010 publicou o artigo As gordinhas e as outras que parece ter passado despercebido ("sei lá" porquê), mas que agora o Semanário "SOL" decide republicar e eis que se instala uma revolta contra a escritora (deve ser a magricelas da crónica) um pouco por toda a internet - blogosfera e Redes Sociais não ficaram indiferentes.

Ao princípio não estava a perceber muito do que se estava a passar ao ouvir tanta revolta contra a escritora, até ter lido na integra o artigo. Qual o objectivo de o ter escrito?

Poderiam existir várias explicações para a situação:

- Necessidade de lançar a sua carreira de escritora de sucesso, para ganhar ainda mais leitores e não cair no esquecimento;

- Ataque a alguém que pertence a um grupo de amigos próximo;

- Desejo de ser a personagem da crónica, para ter a liberdade de "fazer chichi num beco do Bairro Alto".

Das três possíveis, acredito que as últimas duas encaixam-lhe perfeitamente - pela forma como escreve e espezinha aquelas que são as gordinhas do grupo. As gordinhas parecem tirar as atenções da magrinha, que passa despercebida, e com quem os outros não querem nada mais que curtir uma rapidinha sabe-se lá em que canto.

Ora bem. Homem que sou vou pôr os "pontos nos iis".
Espero que não me acusem de plágio, mas apeteceu-me pegar na crónica e reescreve-la com a minha visão. A rosa e itálico são as palavras de Margarida Rebelo Pinto a preto são da minha autoria. 

 

Serve esta crónica para retratar e comentar um certo elemento que existe frequentemente em grupos masculinos e que responde pelo nome genérico de ‘Gordinha’.

A Gordinha é aquela amigalhaça companheirona que desde o liceu cultivava o estilo maria-rapaz, era espertalhona e bem-disposta, cheia de energia e de ideias, sempre pronta para dizer asneiras e alinhar com a malta em programas. Ora acontece que a Gordinha é geralmente "rechonchudinha" e com muitas formas, tornando-se aos olhos masculinos algo até apetecível - não como a outra que só serve em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando - a numa mulher sexy, mesmo que seja uma burra com belas unhas e um bronzeado falso, feito à última da hora.

A Gordinha é porreira, é fixe, é divertida, quer sempre ir a todo o lado e está sempre bem-disposta, portanto a Gordinha torna-se uma espécie de mulher do grupo que todos protegem, porque, no fundo, todos gostam do seu à-vontade e descompromisso com as críticas. E é assim que a Gordinha acaba por se tornar muito popular, até porque, não tem problemas em arranjar um namorado, que na maior parte dos casos, faz a outra - a meninas bela e bem comportadas - ficar roída de inveja. Mesmo tendo namorado está sempre muito disponível para os mais variados programas, nem que seja ir comer um bife à Portugália e depois ao cinema.

À partida, não tenho nada contra as Gordinhas, nem me irrita que haja quem considere que tenham um estatuto especial entre os homensque tanta inveja faz à outra. Às Gordinhas tudo é permitido como a qualquer outra: podem dizer palavrões, falar de sexo à mesa, apanhar grandes bebedeiras e consumir outras substâncias igualmente propícias a estados de euforia, podem inclusive fazer chichi de pernas abertas num beco do Bairro Alto sem que ninguém veja; pois são práticas, descomprometidas para as criticas da outra e não por uma questão de graça. Quanto a isso, só a outra é que acha razão para condenar.

A outra acha que se uma miúda gira faz alguma dessas coisas surge logo um inquisidor de serviço a apontar o dedo para lhe chamar leviana, ordinária, desavergonhada e até mesmo porca. A outra acha que não tem direito a esse tipo de comportamentos porque não é one of the guys: acha-se uma mulher mais do que todas e, consequentemente, deve comportar-se como tal. E o que mais irrita é quando as Gordinhas apontam também elas o dedo às giras, quando estas se tentam comportar de forma semelhante porque o sonho da gira é ser como a gordinha.

Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia, muita base, muito bronzeado, muita pintura, para esconder que na realidade é feia e não tem nada que se coma. É por isso que as suas amigas mais bonitas e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as quiseram levar para a cama e as gordas que são desejadas em ser levadas para a cama. Uma mulher gira não pode falar alto nem dizer palavrões que lhe caem logo em cima porque o dizem de forma artificial encenada, repetida e ofensiva. Já uma Gordinha pode dizer e fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, porque o sabe dizer com classe naturalidade, com graça e não por ter conquistado um inexplicável estatuto de impunidade.

Porquê? Porque não é vista como uma mulher, mas como um MULHER? Porque todos gostam dela? E, já agora, porque é que quando uma mulher está/é gorda nunca ninguém lhe diz, mas quando está/é magra, ninguém se coíbe de comentar: «Estás tão magra!?» porque gostam dela como ela é.


Espero que seja restituída a dignidade da gordinha sob a pseudo-inteligência da civilizada Margarida Rebelo Pinto. A sua crónica tem um outro lado escondido, que é a inveja de ser como uma gordinha.

O FIM DO FACEBOOK?

Manuel Pereira de Sousa, 15.06.12

O blogue blatitudes avança com um artigo muito interessante sobre o fim do Facebook.
O que vos significa o fim da maior e mais importante rede social do mundo?
Se o facebook acabar o que lhe sucederá?

São questões pertinentes quando estamos perante um fenómeno que reúne milhões de pessoas no mundo da Internet - se calhar o motivo para muitas pessoas acederem à rede. Conheço pessoas que não sabiam navegar em páginas da internet, pesquisar no simples Google ou Sapo, mas tinham uma conta no facebook (em que solicitavam aos amigos para actualizarem).

 

Porém, o mesmo estudo indica que esse fim poderá ser no prazo máximo de 5 anos - o que para quem está na rede é uma longevidade considerável. Até que isso aconteça, algo de novo terá de ser inventado, que faça as pessoas alterarem os seus hábitos e que capte a sua atenção. Concluindo, tudo isto ainda é uma mera hipótese, que poderá não passar disso. O facebook foi rejuvenescendo ao longo dos tempos, para se conseguir massificar na rede e adaptar-se a novas plataformas (pc, tablets e telefone) e ainda poderá dar um novo salto de evolução que contrarie todos os estudos.


SERÁ POSSÍVEL PARA MUITOS VIVER SEM O FACEBOOK?

Manuel Pereira de Sousa, 30.08.11

Como pode hoje a generalidade da população viver sem redes sociais, sem fazer likes no Facebook, sem postar no mural próprio ou de um amigo tudo o que lhe vai na alma ou tudo o que está a fazer? Como conseguem as pessoas passar sem uma anotações no Twiter? Como aguentam muitas pessoas pela abertura geral do Google+?


Hoje, dizem que é o dia das Redes Sociais. Até as Redes Sociais têm um dia a si dedicado, tal a importância cada vez maior que as mesmas têm no dia-a-dia das pessoas e da rotina desde que se acorda até ao deitar. A dependência é tal, que muitos partilham para um mundo de pessoas o que de mais íntimo existe na vida. A privacidade parece ter atingido um conceito muito próprio, longe do que existia antes da globalização das redes sociais.
Actualmente, ser cool passa por comunicar através das redes e marcar encontros através delas, para que a pessoa possa existir para o mundo. Não falamos apenas dos simples anónimos, que querem deixar de o ser, mas também das personalidades públicas do nosso mundo e mesmo do nosso país. Lembram-se das inúmeras vezes que o nosso Presidente da Republica comunica aos portugueses e até o nosso Governo? Antes aguardávamos pelos directos de Telejornal para ouvir o que as individualidades e respeitosos políticos tinham a comunicar aos portugueses, hoje vamos ao facebook para ver o que foi anunciado desta vez.
Por essa razão, os media tiveram de se actualizar e passar a anunciar os seus conteúdos nas redes sociais porque as notícias acontecem e têm de ser anunciadas a uma velocidade cada vez mais alucinante porque, actualmente, ganha que chega primeiro. Os programas de entretenimento passaram a ter as consultas pelo facebook e a opinião dos amigos e fãs passou a ser cada vez mais importante. O MSN passou de moda porque as redes passaram a ter chat. As manifestações e outros eventos passaram a comunicar-se nas redes sociais com resultados de massificação verdadeiramente impressionantes, como o 12 de Março, em Portugal, ou as revoltas no Mundo Árabe.
Não podemos esquecer que as empresas também entraram neste mundo para ficar e para demonstrar projecção, publicidade de forma fácil e gratuita e até mesmo para o recrutamento de colaboradores. A filosofia do «diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és» está cada vez mais enraizada e cada vez mais fácil de controlar.
A vida passa cada vez mais pelo facebook e muitos daqueles que sempre se manifestaram contra acabam por experimentar e criar também as suas quintas e cidades, seduzidos que ficam com o mundo que se abre. Porém, ainda existem alguns resistentes, que se mantém redutíveis a aderir a esta forma de comunicação e criticam aqueles que dependem destas redes sociais.
Falo do Facebook porque das mintas dezenas de redes sociais é aquela que está a ter a maior projecção de momento e com um crescimento sem precedentes. Hi5 e Orkut foram passando de moda e foram perdendo a importância. A Google também não tem tido muito sucesso e para não ficar atrás está a desenvolver o Google+, de forma a tentar atingir um domínio muito apetecido por empresas que querem deter a atenção dos utilizadores.

Como em tudo o que se cria no mundo, não se pode cair no exagero da pura dependência das redes sociais. Publicar num mural que se vai à casa de banho ou tomar banho é o extremo que alguém pode atingir para expor a sua vida aos outros e chegar ao ponto de que nada de mais interessante existe na sua vida. Se através do facebook se podem lutar por causas legitimas para o bem da humanidade e de um país, também se podem criar sérios problemas como as revoltas, as destruições, a generalização e propagação do vandalismo, como as revoltas Londrinas. Com uma ferramenta como esta será sempre difícil que se criem limites à sua utilização e forma de propagação de informações, por muito que se criem normas de utilização e barreiras para a privacidade dos utilizadores.

As redes sociais têm uma tendência muito perigosa, tão elevada como a intenção de quem a utiliza e para os fins que a utiliza. Até quando e até onde podem ir os limites e propagação das Redes Sociais? É algo que não sabemos a resposta porque dia a dia há sempre mais novidades. Durante quanto tempo teremos o facebook nas «bocas do mundo»? Será imprevisível. Tudo depende da forma e do ritmo a que evolui o mundo actual e a globalização da vida pessoal.

Boas e más histórias continuarão a ser referências às redes sociais. Enquanto uns criticam a dependência de outros e enquanto escrevo este artigo, já se publicaram milhares de milhões de anotações, pensamentos nos murais. Neste instante muitos likes se fizeram e muitas vidas se desfizeram, assim como, muitas amizades se criaram ou reencontraram.

As redes sociais são um palmo de Terra que muitos desejam conquitar.

Manuel de Sousa
manuelsous@sapo.pt


O RESCALDO DE LONDRES

Manuel Pereira de Sousa, 14.08.11

Desde tempos da II Guerra Mundial que Londres não vivia uma situação tão caótica e tão complexa como na última semana, em que os motins transformaram esta cidade num palco de guerra.

Se no tempo da senhora Thatcher os confrontos foram entre a polícia e a comunidade negra, em 2011, os confrontos em nada podem implicar o multiculturalismo de Londres porque as revoltas foram provocadas pelos naturais e não por emigrantes. Os números demonstram a gravidade dos últimos dias, 5 mortos, 1500 presos, 114 milhões de Euros em prejuízos, acredita-se também por culpa da pacividade da polícia na gestão da situação e pouco eficaz nos meios e métodos utilizados para controlo dos revoltosos. A provar a ineficácia da polícia, apenas quando se anunciaram 16 mil efectivos nas ruas e a autorização para utilizar canhões de água e balas de borracha, os ânimos acalmaram e a ordem começou a existir nas ruas de Londres. Além disso, motins como estes desintegram-se ao fim de alguns dias porque não existia qualquer organização nos ataques e nos saques. Tudo não passou de algo desorganizado, em que uns fizeram por imitação de outros. Não existiu qualquer motivo ou renvidicação, apenas o prazer de destruir, saquear e roubar motivados pelas imagens e pela mobilização instantânea nas redes sociais e pelos Blackberrys.
Referi jovens porque os 1500 presos, até ao momento, têm idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. Jovens em época de férias e que acham cool pilhar o que foi construído pelos seus conterrâneos com o suor do trabalho. Jovens que não se preocupam em ser úteis ao seu país, mas ao que parece anceiam por oportunidades na sociedade. Como pode a sociedade aceitar e acreditar no seu futuro, quando deparada com este cenário, que não representa o melhor exemplo para um jovem? Jovens que apesar de não concordarem com o sistema social e político em que vivem, são meros parasitas que vivem dos apoios sociais do Estado, pagos por quem agora tem os seus bens pilhados. Como podem falar em falta de oportunidadess? Vale apena o Estado continuar a contribuir financeiramente? Contribuir e pagar para aumentar o espírito consumista destes jovens que foram roubar o que não lhes pertence, roubar pela segunda vez porque não chega roubar o Estado? Não estamos perante jovens que vivem na pobreza e que necessitam do básico ou então não vestiam roupas de marca e não utilizavam telefone de última geração, que usaram para fotografar e filmar as suas tristes figuras, incentivando os outros jovens a faze-lo. Não roubaram bens essenciais, mas bens futeis e caros.
Nestas alturas, vemos o pior das redes sociais e a forma como a liberdade passa a ser o pior inimigo da ordem e da lei e transforma um país num caos. Isto não é liberdade, é libertinagem e ditadura radical, de quem não conheceu a censura e o medo de se manifestar pelos verdadeiros direitos.

Culpa de quem? Do Estado que lhes paga para não serem úteis à sociedade. Os pais têm alguma responsabilidade? Falharam em alguma fase do processo educativo? Será culpa do sistema Educativo que não foi capaz de formar pessoas educadas, com cultura e com formas de pensar livres, mas coerentes? Não aceito que a responsabilidade seja da falta de oportunidades. Isso é desculpa falsa. O que fizeram estes jovens para terem acesso às ditas oportunidades?
Concordo com Miguel Sousa Tavares, no artigo do Expresso, quando lembra a quantidade de jovens de outros países que desejariam ter a oportunidade de crescer como estes que deambulam desordenadamente por Londres e quantos vivem condenados à miséria e a uma vida que convive minuto a minuto com a morte. Vale apena pensar nisto quando um jovem atirar uma pedra para destruir algo do seu país.

Manuel de Sousa
manuelsous@sapo.pt

IRENA SENDLER: A MÃE QUE SALVOU 2.500 CRIANÇAS DO EXTERMÍNIO

Manuel Pereira de Sousa, 16.03.11

Esta é a imagem de uma das mulheres mais corajosas da História da Humanidade.


O seu rosto pequeno, demonstra uma ternura infinita e um sentido de maternidade tão forte, que inflama muitos corações de homens e mulheres que se espalham por esse mundo fora e que a ela agradecessem pelo facto de existirem.


Esta é para sempre a mãe de muitos porque a muitos lhes deu a vida, de forma escondida e clandestina.


Mulher, Assistente Social, Anjo do Gueto de Varsóvia, Heroína, Mãe. São tantos os adjectivos que poderíamos utilizar para classificar este ser humano, que sempre se apresentou perante o mundo de uma forma humilde, carinhosa, no anonimato, mas ao mesmo tempo conhecida pelo mundo inteiro.


Nem eu conhecia esta mulher, até algum tempo atrás receber um e-mail de um amigo que suscitou o interesse e que provocou a minha comoção. Comoção pela história de vida, de sacrifício e de total entrega para com o seu próximo.


Irena Sendler nasceu a 15 de Fevereiro de 1910, na Polónia. A sua vida ganha especial relevo na altura da Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha invade a Polónia, por volta de 1939. Nessa altura, Irena era Enfermeira do Departamento de Bem-Estar Social de Varsóvia, onde cuidava de pessoas necessitadas, doentes, fossem elas Judias ou Católicas. Para além de comida, também dava a essa gente roupa e medicamentos.


Após a invasão da Polónia e por volta de 1942, os Nazis criaram o Gueto de Varsóvia, como forma de isolar a comunidade Judia de Varsóvia e impedir a sua movimentação, sendo depois transportados para campos de extermínio nazi. Nessa altura, o trabalho de Irena começa a ser cada vez mais dificultado no apoio à população Judia, de forma a colmatar as suas dificuldades, e também começa a ser um trabalho muito perigoso.


No Verão de 1942 Irena integra o movimento de resistência Zegota, que era um organismo de ajuda aos Judeus. Conseguiu identificações do gabinete sanitário para si e para as suas colegas, com a tarefa de lutar contra as doenças contagiosas. Como polaca teve a possibilidade de se juntar aos Judeus porque os Alemães tinham medo de uma epidemia de Tifo e entregaram aos Polacos a possibilidade de tratar dos Judeus, evitando o contacto directo com estes.


Dizem que, como forma de união com essas pessoas, utilizava as braçadeiras que os Judeus eram obrigados a utilizar para serem identificados das restantes pessoas. Com grande facilidade esteve em contacto com famílias a quem continuamente prestava ajuda. Na sua aproximação a essas famílias pedia-lhes que lhes entregasse os seus filhos com o objectivo de os tirar do Gueto e, de alguma forma, dar a esperança de pelo menos estes sobreviverem ao extermínio nazi. Os pais das crianças nem sempre aceitavam a proposta de Irena, dado o sofrimento da separação em momentos tão difíceis. Muitos dos pais que ofereceram a resistência e que eram procurados posteriormente por Irena ou pelas suas companheiras, já tinham sido levados para os campos de concentração. Irena não tinha respostas, certezas quando as mães entregavam os seus filhos e questionavam «Podes prometer-me que o meu filho viverá?» Quem lhe dera poder responder, mas fazia o que podia.


Havia a esperança que essas crianças ainda poderiam sobreviver, não sobreviveriam se ali ficassem. Se ficassem eram com certeza levadas, sem piedade, para a morte. Essa esperança no coração de Irena e com ajuda de colegas permitiu que num ano e meio, até ao fecho do Gueto, fossem salvas 2.500 crianças. Começavam a sair em ambulâncias com a indicação de vítimas de Tifo e também em sacos, cestos do lixo, caixões e tudo mais que pudesse camuflar uma criança para a fuga.


Durante este tempo e a cada fuga elaborava documentos falsos, com assinaturas falsas para que essas crianças pudessem manter-se vivas. Mas, a sua preocupação é que elas não poderiam perder a sua verdadeira identidade, as suas origens. O seu desejo é que um dia recuperassem tudo novamente. Para tal, criou um arquivo pessoal onde registava a entidade verdadeira de cada um e identidade nova, de forma a ser possível restituir mais tarde, em tempos de paz.


O arquivo pessoal era guardado em latas de conserva, que enterrava no quintal do seu vizinho, junto a uma macieira, sem que ninguém suspeitasse. Irena durante muito tempo escondeu a história e origem de 2.500 crianças. Um dos segredos mais bem guardados, em latas de conserva.


A 20 de Outubro de 1943, Irena é presa pela Gestapo (polícia secreta do Estado), que descobriram o que andava a fazer. Esteve na prisão de Pawiak, onde foi torturada a ponto de lhe partirem os ossos dos pés e das pernas. As torturas eram feitas para que revelasse o nome de outras pessoas que colaboravam consigo e dissesse onde se encontravam as crianças. Porém, esta mulher manteve o segredo de forma inviolável. Foi condenada à morte. No caminho para a execução um soldado leva-a a um novo interrogatório e à saída apenas lhe disse «Corra». A sua saída foi resultado do suborno aos alemães feito pelos membros da organização onde esta trabalhava.


Apesar de todo o seu sofrimento na prisão e de ter sido condenada á morte (o seu nome figurou na lista dos executados), voltou ao seu trabalho sob identidade falsa, com um nome código de Jolanta.


Dizia esta mulher que a sua luta pela paz, se deve a uma imagem de Jesus que encontrou num colchão de palha no tempo em que esteve presa. Essa imagem, deu-lhe força e coragem para continuar a sua luta pelo salvamento destas crianças. Entregou-a em 1979 ao Papa João Paulo II.


Acabada a guerra, Jolanta desenterra a latas com as identidades de cada uma das crianças. Procurou-as, pelos orfanatos, conventos, famílias Católicas de acolhimento e devolveu-lhes a história e as origens. A maioria dos seus parentes foram exterminados, outros espalharam-se pela Europa a quem ela conseguiu encontrar e entregar os filhos.


Anos mais tarde a sua história e fotografias da época foram publicadas num periódico e aqueles que eram crianças na altura reconheceram a fotografia. Era Jolanta, a verdadeira Irena. Muitas cartas, telefonemas e visitas passaram a fazer parte do quotidiano desta mulher. Todos os que a reconheceram procuraram-na para lhe agradecer a vida por quem ela decidiu lutar.


Em 1965 foi condecorada como cidadã honorária de Israel. Em Novembro de 2003 foi condecorada com a Ordem da Águia Branca.


Irena Sendler foi candidata a prémio Nobel da Paz, que nesse ano seria entregue a Al Gore.


Durante muitos anos permaneceu numa cadeira de rodas devido às torturas que sofreu durante a prisão. Mas sempre acompanhada por imensa gente que a procurou. Apesar de tudo, esta mulher dizia sofrer até ao final da vida porque «Poderia ter feito mais, e este lamento continuará comigo até ao dia em que eu morrer».


Morreu a 12 de Maio de 2008, aos 98 anos de vida.


Para muitos de nós, não teria que ficar com esse lamento, de poder salvar mais crianças. Salvar 2.500 foi um acto de grande heroísmo e de amor para com os outros. Esta é uma história de uma mulher que para além de salvar tantas crianças, teve a preocupação de manter as suas origens, como símbolo de respeito pela cultura e pela diferença que cada um representa.


Existirão muitos heróis na história da humanidade e que permanecerão no anonimato ou serão do conhecimento de poucos porque estes apenas se preocuparam no que era realmente importante, salvar vidas.


São estas histórias reais que devem constituir como exemplo de vida e de coragem pela defesa de valores.


Irena Sendler é de facto uma grande mãe, com um coração do tamanho da Humanidade.


Vale a pena ficar com uma última frase sua, que resume a sua luta durante a vida:


«A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade.» - Irena Sendler


Manuel de Sousa


manuelsous@vodafone.pt


QUANDO O TRABALHO MATA - 25 Suicídios na France Telecom, desperta-nos para uma nova realidade.

Manuel Pereira de Sousa, 16.03.11


Por: Manuel de Sousa




A lógica de gestão das empresas passou a ser o aumento do lucro com imposição de aumento da produtividade dos seus trabalhadores, a baixa de salários e a quebra de direitos e garantias, assim como, a redução de custos nas mais diversas áreas, mesmo que essas reduções impliquem a diminuição das condições laborais.




Os trabalhadores em muitas empresas passaram a ser meros bobos voltados para o trabalho e o aumento da produção, mesmo que esteja acima dos limites pessoais. A qualidade de produção deixou de ser o lema de chefias, a quantidade passou a velha máxima que todos são obrigados a aceitar para se manterem no mercado de trabalho.




Se o princípio da nossa existência era «Penso, logo existo», actualmente será «Produzo, logo existo». Caso assim não seja, profissionalmente e até socialmente poderemos ser considerados como inúteis na vida activa. Deixaram quase de existir princípios humanos que foram sendo substituídos por valores e padrões económicos cada vez mais exigentes e agressivos, para os quais o ser humano teve de se moldar com a mesma rapidez que a mudança de filosofia das empresas.




As consequências sociais provocadas por esta lógica do sistema capitalista, que teima em subsistir na sua crise e caos, são profundas e preocupantes para a qualidade de vida e para a existência do ser humano, consequências que poderão provocar colapso dessas mesmas empresas e a condução ao seu fracasso. Quanto mais estas entram nesse colapso, mais exigências são feitas e maior é a pressão causada, como se isso provocasse algum resultado positivo para a solidez e sobrevivência dessa empresa.




As realidades provocadas por estes princípios de gestão empresarial não têm passado despercebidas aos olhos dos empreendedores e dos trabalhadores. Os exemplos que nos chegam de França, onde se registaram 25 suicídios e 14 tentativas num período inferior a dois anos, numa única empresa, a France Telecom, está a fazer o mundo acordar para uma realidade que não é nova, mas que durante muito tempo viveu escondida e abafada e, se calhar, ignorada pelas empresas causadoras dessa mesma realidade. Porém, ainda existem poucos estudos sobre esta realidade, contudo, acredito que se os mesmos forem feitos seremos sobressaltados para uma verdade bem agreste e que obrigará a uma tomada de posição de todos nós.




Estima-se que haja, em França, um suicídio por dia relacionado a questões laborais. Em Portugal não é possível obter quaisquer dados que permitam obter a razão dos suicídios relacionados com o mundo laboral. Sabe-se, no entanto, que o número de baixas médicas registadas em Setembro subiu na ordem dos 60% comparando com o mesmo mês de 2008. Estará esta subida relacionada com problemas laborais? Seria muito importante que se debruçasse sobre a matéria para termos a noção de como vive a nossa população activa nos seus empregos. Caso contrário, poderemos ignorar uma realidade que poderá ser bem dura e dramática.




Apesar de convivermos com muitas situações de desmazelo e falta de profissionalismo de muitos trabalhadores de empresas públicas e privadas, que não representam correctos exemplos a seguir, tal não deve ser motivo para que se generalize aos restantes trabalhadores que actuam de uma forma activa e empenhada nas suas tarefas. Caso isso aconteça, é cair no maior erro e apoiar uma falsa questão, tantas vezes levantada por governos e patronatos com o objectivo de avançar com as suas políticas reformistas. Políticas que, por vezes, se afastam da realidade de um trabalhador, que tenta sobreviver com um salário baixo, com horários laborais impensáveis e com obrigatoriedade de atingir objectivos de produção acima do possível.




A crise económica numa era de Globalização criou agonia na gestão de uma empresa. A crise gerada num sector produtivo, num lado do planeta, mexe com o trajecto de uma empresa do outro lado do globo. Deixamos de trabalhar numa economia caseira, regional e nacional e passamos a uma lógica global. Se a globalização teve princípios positivos no desenvolvimento da economia e na sua progressão, também teve princípios e consequências negativas com o aumento do capitalismo selvagem e desregulamentando e com grandes penalidades para o trabalhador. A lógica passou a ser a diminuição de custos de produção e consequente diminuição de salários e condições laborais. Caso este cenário não se verifique, as empresas lançam-se nos despedimentos e mudam-se para locais de mão-de-obra barata, por vezes mais qualificada e com leis laborais indefinidas que atraem o investimento. Contra isto, será necessário que exista alguma uniformização de princípios e de lógicas comerciais entre governos e parceiros sociais, adequando-se às realidades de cada Estado.




A lógica capitalista é muito cega nas atitudes que toma porque têm a visão do lucro fácil e imediato e não o sucesso a longo prazo de uma empresa ou de uma marca. Caso fosse o sucesso e a afirmação a longo prazo, teria a visão que tal só é viável com a criação de postos de trabalho remunerados de forma correcta, de condições de trabalho dignas para cada um dos trabalhadores e de uma correcta gestão, com princípios, dos recursos humanos.




As situações extremas de stress laboral não conduzem apenas ao suicídio, pensar apenas nesta consequência é limitar o nosso estudo e a realidade. Temos de pensar nos casos de depressão, alcoolismo e desestruturação familiar e social. Estes problemas causam prejuízo para as empresas que passam a ter um mau colaborador, descontente, sem iniciativa, sem capacidade de produzir os mínimos. Com tudo isto, aumentam os acidentes laborais, os erros, entre outros prejuízos inerentes. Esta problemática tem também consequências para o Estado que em lugar de um trabalhador activo, passa a ter um trabalhador dependente de ajudas e subsídios.




Este é nada mais que um problema social, que exige respostas urgentes e conscientes para uma realidade dura e muito próxima de cada um de nós.




O princípio de uma lógica de lucro fácil para a sustentabilidade empresarial é um princípio de erro tão elementar que conduz a um resultado complexo e de consequências sociais e económicas alarmantes. As empresas devem reger-se por princípios de qualidade. Não podemos ter trabalhadores, equipas e empresas produtivas com funcionários tristes, desmotivados, com problemas psicológicos, familiares, com problemas de saúde gerados pelo stress laboral como insónias, depressões e irritabilidade.




O princípio da cooperação entre funcionários e entidades patronais é o melhor segredo para o sucesso. Existem empresas que se preocupam em agir desta forma e os resultados estão à vista. Neste aspecto é necessário trabalho eficiente e cooperativo de entidades sindicais e governos.




O exemplo Francês é apenas um em muitos outros exemplos por esse mundo fora. Se neste país desenvolvido já se assiste a uma realidade brutal como esta, como será em outros países numa situação pior, de necessidade de desenvolvimento ou em países que são economias emergentes?




Este artigo não se trata de uma lição aos empresários ou de um tratado de gestão. Este artigo é uma visão que se pode ter do mundo e da forma preocupante como ele evolui. Não podemos evoluir para um mundo melhor se caminhamos para o caos social causado por um capitalismo selvagem.




manuelsous@vodafone.pt