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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

FACEBOOK E MIGUEL SOUSA TAVARES

Manuel Pereira de Sousa, 06.02.14

Acho que a gentes da blogosfera estão a "cair em cima" do escritor Miguel Sousa Tavares pelas suas críticas em relação ao Facebook - o senhor não gosta e critica quem utiliza as redes sociais. Na sua visão, a maior parte da sociedade está condenada porque vive a perder tempo e metida numa agência de namoros...

 

Não concordo, já escrevi sobre isso, mas admiro a sua coragem. Deixo aqui uma sugestão para acederem ao blogue O Arrumadinho.

O FACEBOOK TRANSFORMOU AS AMIZADES

Manuel Pereira de Sousa, 05.02.14

O artigo publicado no Público, com o título:  O antes e o depois do Facebook, da autoria de Vítor Belanciano, faz uma ponte sobre o que eram os nossos hábitos antes e depois desta rede social - realmente muita coisa mudou, a perspectiva do mundo passou a ser mais global. Leiam este artigo que vale bem o tempo que lhe dedicam. 

A par deste artigo lembro-me de ter lido, também no Facebook, há muito tempo, uma banda desenhada de um velório onde apenas estavam duas pessoas amigas do morto. O curto diálogo: 
- Só estamos cá nós. 
- Mas tinha muitos amigos no Facebook. 
 
O conceito de amizade foi mudando com as redes sociais, se antes tínhamos um grupo restrito de amigos com quem trocávamos as nossas confidências e as peripécias do nosso dia-a-dia, hoje temos uma quantidade de amigos, quase sem conta a quem lhes contamos as mesmas coisas - a diferença está no conceito de restrito, que passou a ser de uma meia dúzia para algumas dezenas, centenas e em alguns casos milhares. A amizade parece ter-se tornado em algo global e genérico acessível a qualquer pessoa que nem sequer conhecemos muito bem, mas é conhecido do amigo do amigo do nosso amigo. A amizade tornou-se numa partilha global e acabamos por sermos todos amigos uns dos outros com conversas e diálogos tendencialmente públicos. Começo a achar que o público e o privado, o global e o restrito é algo tão subjetivo, que nem eu sei definir e enquadrar numa lógica. 
É certo que a privacidade pode ser sempre mantida, para nosso bem, mas até o conceito de privacidade mudou completamente. 
Antigamente dizia-se que se tinha poucos amigos, mas bons, agora quantos mais no Facebook mais conhecimentos e contatos temos, a ponto de conseguirmos quase chegar ou mesmo chegar aos que consideramos como nossos ídolos - os ídolos passaram a ser aquele amigo do Facebook que tem cada vez mais fãs. 

Além disso, temos os nossos pais a criar os seus perfis no Facebook e a fazerem-se nossos amigos para saberem com quem andamos nós - hoje os amigos secretos deixaram de existir... 
 
Se em relação à amizade muita coisa mudou, em relação à inimizade e às guerrinhas também se existiram mudanças; longe vão os tempos em que os acertos de contas se marcavam para o fim das aulas, no recreio ou no portão e que a mensagem passava de boca em boca, para toda a miudagem correr à hora marcada para o sítio combinado - aí uns bons socos serviam para resolver tudo e se tinha assunto para os dias seguintes. Hoje com o Facebook as guerras são em palavras,likes, em comentários sobre comentários numa linguagem quase em código, mas que se tem tornado universal e de pouca dignidade - onde antes uns eram espetadores, hoje todos querem meter colherada, o que era de uma escola e de um grupo, passou a ser a discussão global. 
 
Muita coisa mudou nas amizades e inimizades - nisso o Facebook foi revolucionário.

PARABÉNS AO FACEBOOK, MAS AINDA NÃO CONVENCEU MIGUEL SOUSA TAVARES

Manuel Pereira de Sousa, 04.02.14

O Facebook faz dez anos de existência. Uma década para uma rede social já é muito tempo – qualquer coisa que dure dez anos é muito bom quando nos dias de hoje tudo é espontâneo e tão pouco duradoiro: usa-se e deita-se fora.
O Facebook, criado por Mark Zuckerberg foi uma grande ideia, talvez uma das mais importantes criações dos últimos tempos - não pela utilidade, mas pela adesão em massa dos habitantes da terra. Uma rede social que foi capaz de conquistar os internautas e que deixou muito poucos de fora – os que ficaram foi por opção. Tão poucos ficam de fora que eu conheço quem não sabe fazer uma pesquisa no Google, ou seja, não percebe nada de Internet, e mesmo assim tem uma conta nesta rede social para se sentir atual e conectado ao resto do mundo – como se de um cordão umbilical se tratasse. O escritor Miguel Sousa Tavares ainda não aderiu.

Eu posso dizer, que conheço poucas pessoas que ainda não estão rendidas ao facebook – eu fiquei rendido, mesmo que lhe dedique pouco tempo diário. Por lá se pode encontrar muito de bom e de mau, verdades e mentiras, “lamechices” e curiosidades interessantes, para além de podermos estar em contacto com outras pessoas do resto do mundo – afinal muitos amigos partiram para outras paragens. As redes sociais são boas e más como tudo na vida – tudo depende do uso que se pode e quer fazer dela. Eu vejo aquilo que me pode manter atualizado e como fonte de informação; publico o que se passa no meu blogue ou o que me vai no momento, uma fotografia, sem que tenha de perder a minha privacidade – não tenho necessidade de dizer que vou à casa de banho ou que vou tomar café ou até que estou a sair de casa. O Miguel Sousa Tavares não quer participar desta forma global, nem vender através dela.

Miguel Sousa Tavares tem as suas razões e obviamente que as considero aceitáveis, só não gosto inferiorize as pessoas que estão ligadas ao facebook como eu. Nem todos querem encontrar amigos da primária, nem todos procuram aqui uma agência de namoros, assim como ninguém tem de abrir mão da sua privacidade para estar nas redes sociais. Felizmente Miguel Sousa Tavares não tem necessidade de vender os seus trabalhos através do Facebook, mas muitas pessoas encontram aqui um potencial de negócio – o que considero louvável. Admiro a sua capacidade de estar fora das redes sociais.

Muito se fala por aí sobre o fim próximo do Facebook, mas o futuro é incerto. No mundo atual não se pode pensar no que vai durar muito ou pouco porque os tempos são de mudanças constantes. A vida do Hi5 foi curta, o Facebook durou dez anos e pode durar muito mais - depende do que ainda tiver de novo para trazer aos seus utilizadores e depende se existirá outra rede social capaz de captar a preferência de milhões e milhões de utilizadores.

 

http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/o-facebook-faz-dez-anos-e-ha-cada-vez-mais-pessoas-para-gostar-disso-1622108

 

BRINCAR AOS POBREZINHOS

Manuel Pereira de Sousa, 04.08.13

“É como brincar aos pobrezinhos” - A frase que chocou muitas pessoas ao lerem a reportagem da Revista do Expresso, no passado fim-de-semana.
A mesma tem provocado reacções bastante acesas nas redes sociais – a inquisição dos tempos modernos.

Como eu pertenço ao clube dos pobrezinhos, gostaria de poder “brincar aos riquinhos”, mas não tenho meios para tal, nem que fosse apenas durante umas férias num paraíso de sonho. Já nada me choca neste tipo de declarações, atiradas sem qualquer cuidado e sem que se pensem nas eventuais consequências – ninguém consegue pensar em todas as consequências que todas as palavras ditas podem causar. Já me espantei com as palavras de Isabel Jonet, acerca dos hábitos dos portugueses ou das palavras da miúda que queria muito em 2013 ter uma mala da Channel, ou as afirmações do Sr. Ulrich acerca da austeridade. Estas afirmações já não me espantam e já consigo estar mais imune, pois quero acreditar (crente que sou) que são meras frases e que não passam disso mesmo, sem que existam consequências para os “pobrezinhos”.

Quem me dera, quem nos dera poder brincar aos pobrezinhos – era sinal de que estaríamos muito bem e que os portugueses não estariam a passar por necessidades básicas.

Os entrevistados, sobretudo aqueles que vivem bem socialmente e economicamente, têm de pensar muito bem no que dizem publicamente, em tempos tão agrestes e que é dirigido ao público em geral (digo “pobrezinhos”) porque a sua liberdade está condicionada pela inquisição das redes sociais, bem mais grave que os métodos de repressão dos tempos antigos, tal a exposição e rapidez de expansão que estas atingem – sabemos bem os julgamentos em praça pública (entenda-se redes sociais) que são feitos de forma gratuita e sem qualquer avaliação.

Vivemos num país que se considera livre, onde cada um pode dizer o que pensa, mas a liberdade de uns pode chocar o outro. Como tal, a liberdade é uma espada e as nossas palavras passam sempre sobre o fio da lâmina.

DEIXEM O MARTIM AMBICIONAR E NÃO O CULPEM PELAS CONDIÇÕES EM COMO A ROUPA É PRODUZIDA.

Manuel Pereira de Sousa, 23.05.13



Fui apanhado de surpresa, através das redes sociais de uma nova polémica surgida no programa Prós e Contras, emitido na RTP1, acerca do testemunho de Martim Neves e da intervenção de Raquel Varela. Argumentos de ambos os lados numa discussão que, a meu ver, não tem contraditório e que se trata de uma partilha de um testemunho - o sonho e a concretização de Martim como designer de moda e a emancipação da sua marca (se bem pude perceber).

Martim Neves aos 15 anos começou a desenvolver o seu projecto criando uma marca de moda que se tornasse acessível à grande maioria das pessoas e teve a inteligência de publicita-la com ajuda das miúdas mais bonitas da sua escola - tinha a ideia e soube criar a estratégia para a concretizar e obter sucesso. Hoje, com 16 anos é um caso de sucesso na área de empreendedorismo - um exemplo para muitos outros jovens e outros empreendedores -; é um rapaz sonhador, ambicioso e com ideias próprias para o seu projecto.

Independentemente da crise que o país atravessa, do desemprego que atinge cada vez mais jovens, não podemos usar esta desgraça para condenar o talento e o trabalho de Martim. Com isto, pretendo dizer que as declarações de Raquel Varela por muito verdadeiras e alarmantes que possam parecer não se enquadram com este testemunho, de um jovem que em tempo algum pode ser responsabilizado pela forma como trabalhadores no nosso ou noutros países são tratados.
A mesma questão poderia ser devolvida à interveniente: será que ela sabe onde e em que condições a roupa que usa foi produzida?

É impensável que se tente desvalorizar o trabalho de empreendedores e de pessoas que alcançaram o sucesso em tempos de crise; impensável obrigar que as outras pessoas baixem os braços e deixem de luta pelos seus sonhos só porque existe muita gente no desemprego. Por muito que o Salário Mínimo Nacional seja baixo e que obriga as famílias a um esforço orçamental, tal não deve ser motivo para que as pessoas prefiram cruzar os braços e fiquem no desemprego. Entre duas escolhas: é melhor o Salário Mínimo que o desemprego.


A luta pelo aumento dos salários é outra - é mais que aceitável - e tem de ser feita em tempos adequados para que essa luta tenha uma outra força ou um outro valor. A forma como Raquel Varela introduziu o assunto foi errada, despropositada, descontextualizada e provocou a revolta em pessoas que poderiam ser solidárias e apoiantes das causas dos trabalhadores e que, nesse momento, passaram a ter uma postura de reprovação.  Com esta intervenção, arrisco a dizer que o papel da esquerda está dificultado com a imagem que se criou. As perguntas poderiam ser feitas a quem governa, a quem tem responsabilidades sociais, a quem provocou o caos em que vivemos.

Deixem que existam muitos Martins Neves em Portugal, para que exista mais valor acrescentado, mais projectos, mais pessoas com sonhos e ambição, que possam ser um motor para que o nosso país encontre um rumo melhor. 

HARLEM SHAKE - PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS ENTRANHAS-SE

Manuel Pereira de Sousa, 08.03.13

Confesso que durante muito tempo não conseguia perceber o fenómeno "Youtubesco" do "Harlem Shake" e mesmo nas Redes Sociais, com uma série de versões para todos os estilos e gostos. Que figura... Alguma vez seria possível esboçar um sorriso perante uma coisa destas sem qualquer qualidade? É uma música tão rasquinha, que chega a poluir o ouvido.

Mas, como diz o velho ditado: "Nunca digas nunca" ou "Desta água não beberei" fui desafiado, juntamente com colegas de trabalho a fazer uma versão adaptada ao nosso ambiente laboral. O resultado foi o que podem ver através do vídeo. Fiz a filmagem, montagem, o corte e cose da produção e já o vi dezenas e dezenas de vezes para conseguir fazer os acertos necessários e ficar o mais perfeito possível. Voltei a ver, rever, voltar a ver e a ver; enfim... fiquei viciado neste vídeo.

Agora percebo o fenómeno. O espectacular não está na música, ou beleza estética, mas no trabalho em participar na realização deste o momento da programação, distribuição de personagens, angariação de material, filmagem e montagem - a participação explica tudo. De parabéns está uma excelente equipa com quem lido diariamente e que aderiu a esta brincadeira.

Da próxima, vou tentar perceber os fenómenos com outra perspectiva.

QUAL A IMPORTÂNCIA QUE DÁS? MASSACRE OU SALVAMENTO?

Manuel Pereira de Sousa, 30.12.12


(Imagens do Jornal de Notícias, edição de 30-12-2012)
 

 

Ao ler o jornal de hoje vem-me à memória algo que venho pensando há muito tempo: na vida, a importância que se dá aos acontecimentos, por vezes, torna-se incompreensível aos olhos da razão. Como comparação: Uma notícia sobre o mérito de alguém que salva outra pessoa que estava a afogar-se e uma outra sobre o massacre, em Homs, na Síria, onde morreram 220 pessoas. Qual das duas merece mais destaque no jornal? O salvamento.

Os atos heroicos de seres individuais recolhem atualmente grande número de fãs – de “likes” e partilhas nas redes sociais – e rapidamente se espalham pelo mundo; ao contrário de uma série de acontecimentos muito mais dramáticos, que acontecem todos os dias, nos países em conflito onde se produz uma série de atentados contra a dignidade humana, de muitos milhares de pessoas, a quem lhes é reservada uma nota de rodapé - ausência de partilhas ou de “likes”.

Que critérios utilizam as pessoas para reagirem de forma tão diferente a acontecimentos de dimensões incomparáveis? Será que este tipo de ação é uma censura que impomos a nós próprios?

Qual o papel da comunicação social que decide as prioridades em função do que é mais económico para preencher as páginas dos jornais, tendo o leitor tem que aceitar a escolha que lhes é imposta?
 

Será que o que está mais próximo choca mais que o que acontece num lugar mais distante? Para a comunicação social deveria ser diferente, adequar os espaços e as importâncias dos assuntos de acordo com a sua dimensão porque a importância que lhes é dada nem sempre se deve à proximidade geográfica do acontecimento, mas à facilidade com que consegue chegar até este de forma mais barata.

A crise que se vive no jornalismo e as dificuldades que enfrentam nos tempos que correm é o motivo, para que a emoção se sobreponha à razão e a qualidade seja secundarizada em nome da audiência.

 

SEM FACEBOOK E SEM GOOGLE - O PRINCÍPIO DO FIM

Manuel Pereira de Sousa, 10.12.12

De um momento para o outro milhões de pessoas em todo o mundo ficaram sem Google chrome para navegar na internet – simplesmente fechou-se. Milhões e biliões de pesquisas ficaram a meio, milhares de sites perderam as suas visitas, milhares de negócios ficaram pendentes, milhões de Euros, dólares e mais moedas ficaram por transacionar, milhões de e-mails ficaram por enviar. Foi assim na tarde de hoje. O Google desapareceu sem explicação para o mundo inteiro. Milhões de pessoas foram obrigadas a regressar a outros navegadores, que estavam a perder utilizadores – o bom filho à casa retorna.

Esta noite, o facebook provocou uma onda de caos nas redes sociais – simplesmente desapareceu como se a ligação tivesse caído. Milhões de partilhas ficaram por fazer, milhões de conversas foram interrompidas e muito ficou por dizer a quem estava do outro lado, milhões de mensagens ficaram por enviar, milhões de visionamentos perderam-se, milhões de likes deixaram de ser feitos, milhões de pessoas perderam a sua identidade por minutos – milhões deixaram de existir e sentiram-se remetidos ao silêncio e ao isolamento do mundo.

A dependência tecnológica provoca nas pessoas uma efusiva histeria e pânico como se estivesse a acontecer a pior coisa do mundo, como se estivéssemos no fim. Por momentos, voltaram a outros tempos, em que não se falava em redes sociais. Por momentos, aqueles que vivem fora das redes sociais sentiram a alegria de não terem esta dependência e reforçaram a sua ideia vincada de continuarem a ficar à margem de uma sociedade socializada Online.

O facebook voltou e, ao que parece, foi uma das palavras com mais destaques no twitter, onde muitos libertaram a sua revolta e promessa de mudar para outra plataforma que não lhes falte. As redes sociais que impulsionam as pessoas para a organização, revolta, manifestação, queda e ascensão de pessoas e grupos podem tornar-se inimigas de si próprias e condenarem-se ao desaparecimento, por causa da reação imediata de cada um que se sente frustrado por não existir.

Até onde poderá chegar algo que durou poucos minutos?

AS CONVERSAS NO CAFÉ DA TERRA PEQUENA

Manuel Pereira de Sousa, 26.11.12

- Olha, quem é aquele que vai ali?
- Pelo carro é o Zé, filho da Maria.
- É mesmo. Vai com a mulher.
- Vão deixar o lixo na reciclagem. É sempre assim, os dois vêm colocar o lixo na reciclagem muitas vezes.
- Quem é aquele que vem acolá, a pé?
- É o Francisquinho.
- Ah! Coitado. Já vai todo tombado.
- A esta hora já deve estar com um copo a mais.

Assim continuam as conversas de Domingo à tarde, lá pelo café do sítio - típico de terras pequenas, onde há que arranjar alguma coisa com que se possa ocupar o tempo, matar o silêncio, já que o tempo de chuva e frio é pouco convidativo para passeios na rua.

Por vezes, o rapaz que veio da cidade, e que vai ao café do sítio para ver os presentes e contar novidades da terra desenvolvida, fica estranho com o teor da conversa a que já não está habituado. Mas, a estranheza passa depressa ou não se lembrasse que sempre assim foi, mesmo nos tempos em que o rapaz por cá vivia.

O jovem rapaz, nos tempos em que vivia cá no sítio pequeno, não gostava nada destas conversas – que iam muito para além de comentar e perguntar quem é aquele, mas estendiam-se para pormenores da vida pessoal e privada de cada um, baseada no “diz que disse” e em julgamentos sem fundamento algum – e criticava, assim como, desejava ver-se fora daquele meio para um outro mais evoluído e desejado. Porém, hoje mantém esse desejo, mas sorri ao lembrar que tudo continua como antes, por mais voltas que o mundo dê.

Na terra pequena, a televisão apenas alimentou mais as conversas de mal dizer e de circunstância com a abundância das telenovelas, dos reality shows e talk shows sobre a vida alheia e cor-de-rosa. O mundo da televisão por cabo chegou, mas os programas tradicionais mantém-se no top das preferências.

Na terra pequena, novidades como as redes sociais espalharam-se da mesma forma que nas cidades, com os mais novos a mostrarem o seu destaque e modernidade. Também estas alimentaram as conversas tradicionais de café sobre a vida de cada um e as fotografias, comentários e afins que andam a circular por esse grupo pequeno. Para os restantes, trata-se da “pouca vergonha” que anda por aí a estragar namoros e que faz essa gente enrolar-se a torto e a direito com qualquer um.

Na terra pequena, tudo continua como antes – aos olhos do jovem da cidade – por mais informação ou evolução que haja. O respeito por esta forma de estar em sociedade faz com que, muitas vezes, entre no café calado e saia mudo, mas pensativo sobre tudo isto.

SERVIÇO PÚBLICO PORQUÊ E PARA QUÊ?

Manuel Pereira de Sousa, 31.08.12

Nos últimos dias temos assistido à defesa do serviço público de televisão - algo positivo, sem dúvida. Porém, esta defesa deixa de existir (ou esmorece) quando deixa de existir polémica. Porquê?

Nas Redes Sociais existem "movimentos" de apoio e defesa de manutenção da RTP2 - talvez com mais pessoas que aquelas que realmente assistem aos programas do canal. Porque será? Eu não vejo, mas defendo que deve existir?

 

Nos tempos "mortos" contesta-se a forma de financiamento e as audiências situadas abaixo de valores expectáveis. Que valores são considerados aceitáveis? Porque só agora se levanta a bandeira da qualidade em detrimento das audiências?

Questões que merecem reflexão, antes da aplicação de qualquer modelo.