CHIPRE E O ABISMO EUROPEU
A cada dia que passa fico com a sensação que a Europa entra num abismo, sem grande capacidade de escape, tal é o desnorte dos líderes europeus na tentativa vã de encontrarem soluções que salvem a moeda única e a própria existência da União Europeia. Quando a UE recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 2012, fiquei incrédulo por achar que aquilo por que estão a passar grande parte dos cidadãos europeus é tudo menos paz - a guerra pode ter muitas interpretações e pode ser vivida de muitas formas.
As recentes notícias vindas do que está a ocorrer no Chipre são o pronuncio de uma tragédia que poderá alastrar-se ainda mais pelos restantes países Europeus, principalmente por aqueles que estão numa situação mais debilitada - Portugal incluído.
Embora o Chipre tenha um sistema bancário que viveu à custa do paraíso fiscal em que se tornou o país, nada lhe dá o direito de taxar os depósitos como forma de arrecadar receita para os cofres públicos. A ser assim, de que vale incentivar a poupança e o investimento? De que vale o pagamento de impostos pelos rendimentos que cada um tem? Medidas como esta são o incentivo ao gasto, à fuga de depósitos para outros países e à contínua queda da economia da Zona Euro.
Por detrás desta medida está a Alemanha que incentivou a sua aplicação, mas que agora "lava as suas mãos" para evitar qualquer responsabilidade sobre o assunto.
A Europa é cada vez mais um deserto económico sem recuperação aparente e que poderá resultar numa guerra entre os do costume - ou não fosse a Europa o motor de duas guerras mundiais. Quando se pensa que o inimigo está na Coreia do Norte ou no Irão, esquecem que o inimigo está dentro de portas.