POSSO VIVER AUSENTE DO FACEBOOK?
Não somos livres. Pelo menos como desejado. Pensamos ser livres, mas estamos presos. São as máquinas, as redes sociais, as outras pessoas que nos impedem das decisões que queremos tomar e queremos manter. Na realidade, vivemos reféns. Se num dado momento apago a conta do Facebook para me abstrair de tudo o que por lá se passa – muito barulho, muita conversa sem conteúdo, muito mau português, muita raiva, muita informação falsa e muita vida privada exposta clara e gratuitamente -, há uma série de pessoas, que bem intencionadas, tentam saber o porquê da ausência. É uma preocupação excessiva aquela que existe se alguém desaparece das redes sociais. Como se deixasse de existir quando não estou presente. Não somos livres. Vivemos presos ao virtual. Entre a justificação da saída e me manter por lá sem ter qualquer atividade útil, prefiro ficar por lá no sossego. Parece que estar lá significa estar bem, quando estou bem melhor se estiver ausente das redes – valorizo e dou atenção a outras coisas realmente mais importantes. Estar lá, em muitas pessoas é sinal de desespero, necessidade de afirmação, necessidade de personalidade. Não quero generalizar – nem todos são assim (ainda bem). Precisa a sociedade de ser mais livre, de ser menos condicionada, de olhar mais para o lado que para os ecrãs. Há tanta realidade que nos passa ao lado e desejamos entender a realidade que se passa num outro local qualquer. É bom ter consciência do que se passa no mundo, mas é triste se ignorar aquilo que está à minha volta, a poucos metros de distância. Conheço quem não está nas redes sociais. São pessoas com cultura, vida social, conhecem bem o que as rodeia – procuram fontes credíveis. Isto é ser livre.