A MINHA MÃE PENSAVA QUE HOJE TINHA DE VOTAR
“O Costa quer é outro tacho”, foi a frase várias vezes repetida por uma idosa à mesa do café, juntamente com mais duas amigas. Como dá para ver uma apoiante de Seguro nesta cavalgada até ao poder do PS.
É hoje o grande dia, em que saberemos qume vai ser o candidato do PS a primeiro-ministro – assim definem alguns artigos da imprensa nacional. Porém, muito mais importante que isso, pelo menos no momento mais imediato, é saber de que forma ficará o PS – o after day. Poderemos ter um partido muito dividido para alegria da coligação PSD/CDS.
Nos últimos tempos as notícias têm sido tantas que parece estarmos perante eleições legislativas em que o futuro do país se decide hoje. Tivemos três debates televisivos como se estes candidatos tivessem assim tanto que discutir, para que os simpatizantes e filiados tivessem de escolher dois rumos diferentes para o PS. Na realidade, a discussão foi medíocre. A clareza entre o que um pensa e o que o outro deseja fazer é ténue. Achei que as questões foram mais pessoais – pouca estratégia política e poucas ideias claras quanto ao futuro.
A publicitação desta campanha foi tanta que duas destas idosas pensavam que tinham de ir votar, desconhecendo que apenas os militantes e simpatizantes inscritos é que poderiam fazer. Mas, não apenas elas pensavam assim. Ontem, a minha mãe que pouco percebe de política – muito pouco – enquanto estava na cozinha teve uma reflexão profunda sobre as eleições no PS e perguntou-me:
- Qual deles é melhor o Costa ou o Seguro? – eu a caminhar pela casa parei e pensei a que propósito vinha tal pergunta.
- Nem sei. Acho que são os dois iguais. – respondi – Porque perguntas?
- Assim nem se sabe em quem votar – havia aqui qualquer coisa que não estava a bater certo.
- Eles lá sabem o que devem escolher; também não és militante, não tens que te preocupar.
- Eu pensava que tínhamos de ir votar amanhã – agora percebi aquela preocupação em saber o que fazer com o seu voto.
- Não, só para os militantes e os que se inscreveram como simpatizantes.
Seria só a minha mãe que ficou baralhada com a quantidade de notícias que circularam por aí e que causaram alguma confusão acerca destas eleições? Hoje confirmei através das conversas de café que não. Há muita confusão – por falta de atenção das pessoas e por excesso de mediatismo em relação a certos assuntos.
Espero que no after day – como se costuma chamar ao dia seguinte – os portugueses não pensem que Pedro Passos Coelho já não é primeiro-ministro ou isto fica uma grande confusão.