O ORGASMO - ANDAMOS AQUI POR SUA CULPA!
O orgasmo. Andamos neste mundo por causa dele - o orgasmo. Um dia, com um grupo de colegas lá da escola, ainda no oitavo ano, liguei para uma linha de apoio especializada em educação sexual ou coisa parecida para questionar o que era o orgasmo. O tempo de espera pelo atendimento da chamada foi mais demorado que o tempo da pronta resposta. Tal como o orgasmo antes de ser atingido, em que há todo um tempo de preparação, assim esperei ansiosamente que me atendessem com a vergonha em fazer tal pergunta. Mas, como homem corajoso na plenitude da adolescência, questionei com objetividade: o que é o orgasmo?
Sabemos bem que estamos cá por sua causa; mas o tabu em falar abertamente dele como falamos de política, novelas ou futebol faz de si um assunto em que se fala com reserva, só com aqueles que privam connosco e corados pela vergonha.
Vejam só: Corar de vergonha pelo ato mais comum que pode existir entre casais, namorados, amigos coloridos e até entre profissionais do sexo. Ato comum porque será sempre impossível de calcular quantos orgasmos estão a acontecer neste preciso momento e em cada segundo de cada hora e de cada dia. O orgasmo acaba por ser uma corrente humana que se espalha pelo mundo de forma mais rápida que um vírus. Se fosse um vírus, era aquele que todos gostariam de se contaminar.
É impensável que nos dias de hoje exista tanto tabu. Quanto mais acesso e liberdade temos mais tabu existe. É um contrassenso. Vejamos pela série Spartacus o que era há uns milénios de civilização. Vejam como era no tempo dos romanos em que o sexo se misturava em qualquer cena da vida comum de forma aberta, pelos palácios, casas de alterne e outros sítios de gozo e lazer.
Voltando ao oitavo ano, altura em que vi o filme inspirado no livro de Humberto Eco, "O Nome da Rosa", mais uma vez o orgasmo faz parte da História ou história amorosa entre um jovem monge e uma rapariga que aparecia lá na abadia para roubar comida. De lembrar que, nesse tempo já a Igreja contaminava as mentes dos crentes com o medo do pecado pelo sexo e pelo orgasmo e até pela masturbação. O mesmo se passou noutras crenças, embora pouco se fala pelo seu pouco peso na sociedade. O que é certo, é que nem esses pregadores eram capazes de resistir ao prazer máximo do sexo de forma continuada e com o conhecimento do povo.
A Igreja, ainda presa ao passado, viverá sempre seduzida pelo orgasmo. A única voz lúcida e publica, escrita e divulgada sobre o assunto sem tabus e de forma coerente e moderna foi de Bento XVI, na sua primeira encíclica "Deus Carita est" - afinal dá razão a Nietzsche, sobre a contaminação que a Igreja fez do amor. Assim Bento XVI conclui que o amor depende do sexo e o orgasmo é a parte final e fundamental para a consumação do ato e do prazer.
Muito poderia falar do orgasmo. Basta investigar, ler e perceber mitologia. O orgasmo foi e sempre será parte importante da história da Humanidade. Sem ele a existência do Homem está condenada.
Voltando à minha história do oitavo ano - passado este tempo já estava a ser atendido por uma senhora -; mantive o peito firme e a coragem para questionar o que era o orgasmo. A resposta foi - de forma sensual: o orgasmo é o momento de maior prazer que um homem e uma mulher podem ter numa relação sexual. O dito clímax.