EU GOSTAVA DE SER UM ESPÍRITO SANTO
A “estória” do Banco Espírito Santo é daquelas que já nem sabemos como começa e como acaba ou como acabará. É um enredo medonho. É um novelo que nem enrola, nem desenrola. Eu que sou um tipo pequeno – não em estatura, mas em grau de compreensão de questões económicas e de poucas economias – tenho dificuldade em compreender o que se passa no banco e fora dele. Pelos vistos nem se passa nada de mais no Banco, mas sim em todas as empresas que estão à sua volta – parecem prontas a sugar dinheiro. Há que tapar prejuízos. Ainda dizem que as empresas do Estado estão falidas e mal geridas – pelos vistos a gestão danosa estende-se ao grupo privado. Sim, privado e bem privado, de famílias com nome santo e digno. Digno? A olhar pelos pobrezinhos que pululam à volta, e a quem gostam de brincar quando estão de férias.
Tentar entender o Espírito é complexo e filosófico. Este Espírito parece mais que isso. Enquanto eu conto os tostões da minha carteira para pagar um café ou o pão que se encarece faz-me dar voltas à cabeça, outros, os que brincam aos pobrezinhos, se esquecem dos 8,5 milhões para colocar no IRS, foram uns trocos que lhes caíram a mais na conta. Quais 8 milhões que me desafogavam a vida. Até me sentia um Espírito bem Santo. Se eles gostam de brincar aos pobrezinhos com os pobrezinhos, eu gostava de brincar com os ricos. Posso brincar com o dinheiro dos outros, como eles fazem quando estão a falar a sério.
Dizem que “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Parece que na casa santa, de família santa se ralha muito sem se saber quem tem razão - Se calhar não há dinheiro nem pão.