UMA EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA - O HUMANISMO
Nestes dias tenho conhecido com algum detalhe algumas freguesias e lugares do concelho de Terras de Bouro (onde se inclui a Vila do Gerês e a Serra do Gerês) – motivo da campanha para as eleições autárquicas. Este concelho é bem o exemplo do empobrecimento e despovoamento do interior – uns morrem, outros vão para os grandes centros, outros procuram oportunidades fora do país. De um lado temos o Vale do Cávado mais desenvolvido, com mais emprego por causa do turismo; de outro o Vale do Homem mais dependente do emprego do Gerês e da agricultura de subsistência. São duas realidades muito duras e que estão a padecer por causa da crise económica que se instalou no país.
Visitamos várias casas e encontramos pessoas que não sabem ler e escrever, pessoas que dependem do emprego da autarquia porque não têm outra alternativa (dependência da máquina do Estado), pessoas acamadas, com mobilidade reduzida; casas em locais onde jamais se poderia pensar em lá chegar e com acessos estreitos, íngremes; locais com falta de água, saneamento básico; casas com construção deficiente e muitas ao abandono. Porém, reparamos em algo muito comum: a humildade das pessoas e a sua amabilidade ao receber-nos; pessoas de trabalho no campo ou então a gozar no seu banco do alpendre os tempos de reforma.
Caminhamos por locais que desconhecia e que espero voltar a percorrer, nem que seja para um retrato fotográfico.
Independentemente do resultado de 29 de Setembro, nas nossas listas pelo MPT – onde pretendemos implementar um plano de desenvolvimento muito simples e sem estabelecer compromissos ou falsas promessas (das quais este povo esta farto) -, fica uma lição para cada um de nós: a humildade das pessoas e a forma bem disposta como nos acolheram na sua humilde casa ou condição de vida, sem preconceito e sempre com uma palavra simpática. Uma humildade e a vontade de partilha com o cuidado de oferecer algo para beber ou lanchar. Qual complexo em cumprimentar alguém que tem as mãos sujas do trabalho do campo ou na madeira, quando recebemos este preenchimento pessoal?
A vida tem estas experiências humanas fantásticas e que me marcarão para sempre, muito mais importante que a experiência política que se adquire. Por vezes, podemos ser os sabichões - abertos ao conhecimento do mundo, das novas tecnologias e com acesso a toda a informação e formação -, porém, ao pé de muitas destas pessoas o sentimento é de pequenez porque transbordam de humanidade e simplicidade.
Foi uma grande experiência.