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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

UM PAPAGAIO DE PAPEL - TER TUDO E NÃO TER NADA

Manuel Pereira de Sousa, 28.06.13

Caminhava pela praia até que começo a ouvir umas gargalhadas de criança, que parecia estar entusiasmada com alguma coisa – de facto estava. Entretanto apercebo-me de um papagaio de papel a esvoaçar desordenadamente à mercê do vento; reparo que o pai da criança agarrava o papagaio por um fio e o filho corria na areia a perseguir o dito pássaro às gargalhadas e cheio de entusiasmo. Era apenas um papagaio de papel que estava a causar euforia e um grande momento à criança; era apenas um papagaio de papel com que o pai passava um belo momento com o seu filho – tão pouco.


As crianças têm essa capacidade de nos ensinar algo, que os adultos nem sempre dão valor – contentam-se com tão pouco; a coisa mais simples pode resultar num momento de felicidade entre pai e filho. Um papagaio de papel pode criar uma gargalhada e um desafio para o pai, que se recorda dos seus tempos de criança – até eu ficaria entusiasmado se tivesse um daqueles nas mãos e eu que nunca guiei um papagaio de papel.

Este ensinamento da criança e do seu pai vai contra uma lógica para o qual estamos formatados – consumir, comprar, possuir, para ser feliz. Desejamos sempre mais e melhor, luta-se pela posse e a felicidade em conseguir é tão efémera.

Em tempos de crise, onde o dinheiro escasseia e tem de ser gerido com prioridades, seria bom que tivéssemos em mente este exemplo do papagaio de papel e da criança.

O CESSAR-FOGO NA EDUCAÇÃO

Manuel Pereira de Sousa, 26.06.13

A guerrilha entre Sindicatos de Professores e o Ministério da Educação terminou – uma cedência de parte a parte está na origem do cessar-fogo.
Para quem está, de fora, a assistir a esta guerrilha, como eu, nem sempre compreende o que gerou a mudança de posições em ambas as partes – para mim tudo é muito vago e incógnito. A sensação com que fico, e muitos devem também sentir o mesmo, é que tudo ficará na mesma e que a greve às avaliações foi apenas por causa do alargamento de horário para as quarenta horas semanais – eu acredito que existam mais razões que não foram bem explicadas.

Mas, um bom professor, há muitos felizmente, já trabalham mais de quarenta horas semanais ou estou errado? Talvez poucos pensam no muito trabalho que existe para além da sala de aula (os pais são prova disso, quando vão à escola saber como estão os seus filhos. Não podemos generalizar a meia dúzia de faltosos e sem vocação para ensino ao resto da classe. É importante clarificar todos os reais motivos que geraram esta guerra perfeitamente desnecessária se o consenso chegasse mais cedo.


Anteriormente escrevi: Na pele de um aluno e de um professor


http://www.publico.pt/sociedade/noticia/crato-frisa-que-assumiu-ha-muito-tempo-os-compromissos-que-so-hoje-foram-aceites-pelos-sindicatos-1598377 

O IMPÉRIO DAS LUVAS

Manuel Pereira de Sousa, 25.06.13


Deveriam os protestos ser mais radicais em Portugal, que vive numa situação delicada e a depender de uma intervenção externa? Comparo: Entre um país com poucas oportunidades e esmagado pela crise e outro cheio de oportunidades e esmagado pela corrupção é a mesma coisa que alguém lutar por encontrar uma nota de 50 Euros no chão, quando ela não existe, e alguém procurar por uma nota de 50 Euros, que sabe que está no chão e que alguém terá calcado para esconder.

Há um oceano que separa Portugal do Brasil, mas é apenas um oceano porque há muito mais o que aproxima estes dois países e isso revela-se cada vez mais – as revoltas diárias que a actualidade jornalística nos faz chegar são uma prova disso mesmo.

O povo brasileiro é conhecido pela sua calma em relação às injustiças, por ser um povo mais festivo e preocupado com a vida presente que com o dia de amanhã; porém, está a “ferro e fogo”, há quase um mês, e as ondas de indignação são constantes – sinal de que existe muita revolta acumulada e em ebulição muito controlada. As 300 mil pessoas no Rio de Janeiro e as 50 mil por dia em São Paulo não foi apenas pelo aumento das tarifas do “ónibus”, de 3 para 3,20 Reais, este foi o pretexto, o motivo, por todas as consequências que se seguiram.

O Governo de Dilma Rousseff está numa situação delicada e, desde o início, teria perfeita noção que não teria uma legislatura fácil e o seu carisma estaria muito distante do seu antecessor, Lula da Silva – embora este lhe desse o seu apoio na campanha. A grande dificuldade de Dilma terá sido a demora em perceber a dimensão dos primeiros protestos e os motivos que estariam para além das tarifas e agora tem dificuldade em controlar os manifestantes – estão contra si, mas estão mais contra outros porque sabem que Dilma terá muita dificuldade em controlar um país governado de alto a baixo por Coronéis (por vezes, a realidade de Gabriela Cravo e Canela ainda perdura de uma forma moderna e encoberta).

É certo que, nos últimos anos, milhões de pessoas saíram da pobreza extrema e o Brasil tornou-se em terra de oportunidade, até mesmo para os estrangeiros. Porém, essa pobreza foi diminuída por programas sociais criados por governos de Lula, mas mantido por uma série de políticos corruptos que foi desviando para proveito próprio muito do dinheiro dos impostos dos contribuintes. Hoje, os brasileiros de classe média continuam a subsidiar, não a ajudar directamente os pobres, mas o império das luvas, que divide em partes muito diferentes aquilo que será entregue à classe condenada à dependência de subsídios por falta de oportunidades ou vontade própria.

É compreensível a revolta dos brasileiros e a indiferença dos políticos. O Brasil alimenta o império das luvas, não julga o Homem que as calça e entrega-se ao “forró” do Mundial e dos Jogos Olímpicos – outro sorvedouro de dinheiros públicos e outro alimento das luvas (os custos destas grandes obras já está quatro vezes acima do orçamentado).

Deveriam os protestos ser mais radicais em Portugal, que vive numa situação delicada e a depender de uma intervenção externa? Comparo: Entre um país com poucas oportunidades e esmagado pela crise e outro cheio de oportunidades e esmagado pela corrupção é a mesma coisa que alguém lutar por encontrar uma nota de 50 Euros no chão, quando ela não existe, e alguém procurar por uma nota de 50 Euros, que sabe que está no chão e que alguém terá calcado para esconder.

Para além do aumento das tarifas, os brasileiros lutam por um país mais seguro; justo; com uma política e uma justiça que seja isenta das luvas; luta por uma escola pública com mais condições; mais vagas no ensino superior; melhor qualidade da rede de transportes públicos – sempre a abarrotar -, já que pagam por um serviço com qualidade; estradas com mais condições – sem buracos e circuláveis -, tendo em conta que pagam portagens por estradas boas; mão-de-obra qualificada em sectores como a construção; aumento do número de transportadoras aéreas para que se possam deslocar a custos mais baixos num país de grandes dimensões; melhoria das condições da saúde pública. Poderia continuar a enumerar necessidades que o Brasil tem e que seriam prioridades às infra-estruturas para o Mundial e Jogos Olímpicos – que a ser como em Portugal com o Euro 2004, sabemos que deixaram de ser úteis e continuam a ser pagas pelo erário público.

O Brasil vive com um cancro doloroso que terá uma cura demorada porque existe ainda dos tempos da ditadura. O tratamento só será possível com uma sociedade mais informada, atenta e aberta, em que o seu desagrado não seja apenas motivado pelos aumentos de tarifas de “ónibus”; o combate às luvas da corrupção tem de começar na de pequena dimensão e na que está à frente dos seus olhos.

Manuel Joaquim Sousa

Artigo recomendado do Público; http://www.publico.pt/mundo/noticia/dilma-propoe-referendo-sobre-reforma-politica-1598295#/0 


HÁ VERÃO À VISTA?

Manuel Pereira de Sousa, 20.06.13

Ultimamente tenho alguma dificuldade em escolher o que vou vestir. Olho pela janela e vejo que está sol - um dia de Primavera em condições – e preparo-me em função dele. Porém, o tempo passa e o dia vai-se alterando e, num instante, o céu fica encoberto e a ameaçar chuva – só ameaça porque nem ela sabe se deve ou não cair.

Perante este tempo e todas as previsões que existem, valerá a pena acreditar que vamos ter um Verão que se aproveite? - eu gostaria de acreditar, mas tenho dificuldade. Dizem os estudos Meteorológicos que este será o Verão mais frio dos últimos 200 anos e aprovar temos os meu científicos, os meios mais populares e do senso comum e o Borda d’Água. Estão todos unidos nas previsões para um Verão atípico.

Segundo o Sr. Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, há muito que apregoa que a crise é culpa do tempo, quando normalmente a justificação para tudo é a crise.

A Primavera que de prima não tem nada, pouco “ar de si” foi capaz de mostrar neste 2013 e o Verão está à vista. Talvez os mais velhos tenham razão quando dizem que: andam a deitar coisas lá para cima e depois isto cá em baixo fica tudo descontrolado.

O EXCESSO DE NOTÍCIAS

Manuel Pereira de Sousa, 18.06.13

Chego a casa e utilizo aquelas maravilhas da televisão paga, em que posso recuar na emissão e assistir ao noticiário - já que não cheguei a horas para assistir. Entretanto continuo por casa entretido com as tarefas diárias a que estou obrigado e, de repente, reparo que já passou tanto tempo e o noticiário continua a dar (apesar de ter passado o intervalo). Já nem me lembro qual foi a notícia de abertura e ainda continuo a ver notícias - é tempo de mudar de canal.

Quanto mais vejo notícias, mais sinto a impressão de que sei menos do que se está a passar no meu país e no mundo à minha volta. Um noticiário tão longo está a contribuir para o aumento da minha ignorância - como se o noticiário contribuísse para a sua diminuição.

Em tempos de crise os espaços informativos da televisão, com excepção do canal público, são excessivamente grandes e, para além de esmiuçar os acontecimentos nacionais, excede-se nas reportagens sem assunto, para preencher espaço de televisão antes das telenovelas - por si só são autenticas novelas com grande enquadramento político.

 

Em contrapartida, as reportagens internacionais são reduzidas a escassos momentos - um mero apontamento.

 

Aqui fica o desabafo!

NA PELE DE UM ALUNO E DE UM PROFESSOR...

Manuel Pereira de Sousa, 18.06.13

Vejo as notícias do dia, já um pouco tarde, e não posso ficar indiferente à greve dos professores; greve que provocou uma certa confusão na realização de exames nacionais – as imagens que nos chegam do liceu Sá Miranda, em Braga, é um exemplo do caos do dia. A escola pública teve um dia negro, o único com uma visibilidade mediática, já que a greve às avaliações tem muitos dias – e o atraso nas avaliações poderá ter mais influência e talvez seja mais prejudicial que uma greve que coincide com um exame nacional.

O decorrer dos acontecimentos, que continuará com novos capítulos nos próximos dias, deixa grande parte dos portugueses perplexos e a questionarem-se sobre os motivos dos professores e se realmente justificam uma luta tão cerrada ao Ministério da Educação.

Se fosse um aluno que teria o exame hoje, como me sentiria perante a incerteza da realização do mesmo? Depois de vários dias de estudo a anulação do exame poderia ser frustrante, para além da ansiedade que se vai criando com o aproximar da hora e da incerteza – mas, o exame poderá sempre ser realizado numa outra altura, já que a matéria estaria estudada. Porém, existe um imbróglio por resolver, uns alunos fizeram exame outros não tiveram essa possibilidade, como se vai fazer agora? Os que vão fazer posteriormente sairão beneficiados ou prejudicados? O grau de dificuldade será o mesmo? Até que ponto os que conseguiram fazer o exame hoje terão resultados reais, depois de tanta pressão e confusão no exterior de algumas das escolas, a ponto de ficarem desconcentrados? Que validade tem os exames quando alguns foram alegadamente entregues fora de horas e outros alegadamente vigiados por pessoas sem a formação necessária para o correcto preenchimento e distribuição das versões? Em que condições foram realizados os exames, quando existem relatos de que alguns foram realizados em cantinas das escolas? Que consequências para esses alunos que não têm culpa destas condições menos adequadas?
São motivos que devem deixar revolta em muitos estudantes, tenham ou não realizado os exames – o princípio da igualdade não existiu.

Confesso que tenho alguma dificuldade em perceber muito do que está em questão, assim como, perceber se estas reivindicações têm reais fundamentos para uma greve e uma contestação tão elevada – atirar a pedra seria muito simples sem ter a sensibilidade de perceber como vivem os professores; ou seja, se estivesse num lugar de professor compreenderia e teria uma visão muito diferente em relação aos motivos que movem estas pessoas. Sei que as suas vidas têm limitações; não é fácil estar numa carreira em que nem sempre têm horário completo, estão em constante mobilidade, sem possibilidade de terem uma família estável e uma vida segura, têm de trabalhar para além das aulas (aulas para preparar, testes para fazer e corrigir, avaliações para lançar), têm um número de alunos por turma cada vez maior (o que não permite um acompanhamento com qualidade a todos, numa escola pública igual para todos).

Temo que para o Ministério da Educação tudo seja uma questão de números e não uma questão de qualidade de ensino e igualdade com os alunos que são os principais lesados desta guerra. Poderia ter gerido esta situação de forma diferente? Talvez.

O ensino é o futuro do país e a qualidade e estabilidade do mesmo terá reflexos na formação dos alunos e na sua qualidade como pessoas e profissionais. 

UM 10 DE JUNHO MAIS VOLTADO PARA O HAPPY ONE E PARA PAULO FONSECA QUE PARA O PRESIDENTE CAVACO

Manuel Pereira de Sousa, 11.06.13

Assim se passou mais um dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas; um dia tão igual a tantos outros – se calhar o meu sentido patriótico anda meio apagado (não deveria). Os tradicionais discursos do Presidente da Republica passaram-me tanto ao lado quanto o assunto do discurso do Sr. Presidente Cavaco Silva passou ao lado dos actuais problemas do país – maioria do discurso voltado para a agricultura, pois é isto que o povo quer ouvir. Fica-me a questão: então não foi nos governos de Cavaco Silva que se destruiu a agricultura do nosso país, para nos tornarmos num país desenvolvido? Questão parecida coloco quando, há uns anos atrás, discursava sobre a necessidade de nos voltarmos para o mar: então não foi nos seus governos que se abateram frotas para abandonarmos a pesca?
Palavras leva-as o vento porque em política feita, por melhores que sejam as intenções e a importância dos assuntos, poucos são aqueles que acreditam.
Quanto aos protestos de recepção do Sr. Presidente e do Sr. Primeiro-Ministro não comento se foram no tempo oportuno – mas de lembrar que mostram o reflexo dos que estão descontentes e sentem na pele todas as políticas recessivas.

Porém, o dia que seria dominado pela política foi dominado pelo futebol – dia de apresentação de Mourinho, no Chelsea e Paulo Fonseca, no FCP.

Há algum tempo atrás, escrevi que Mourinho estaria voltado para os lados do Chelsea; deixou de ser o mal-amado no Real Madrid e no futebol espanhol e passou a ser o “Happy One” no Chelsea; lugar onde foi feliz e onde espera voltar a sê-lo, disposto a ganhar todos os títulos que existem pela frente. Dizem (acredito que sim) que o futebol Inglês é muito diferente e com muitas equipas de topo, para as quais Mourinho está mais preparado para vencer.

No FCP, por coincidência ou não, há mesma hora, Paulo Fonseca foi apresentado como treinador dos dragões, depois de uma excelente prestação no Paços de Ferreira - onde o terceiro lugar e o apuramento para a Liga dos Campeões, criaram todo o interesse nos dragões. A técnica de Pinto da Costa na escolha dos treinadores mantém-se – escolher profissionais de pouca experiência e com poucos (ou nenhum) títulos na carreira, mas que chegam para vencer.

Assim foi o dia de Portugal, onde nem o tempo mostra sinais de sair da crise, uma crise meteorológica violenta a que nem a Alemanha tem escapado.

ENCERRAMENTO DOS CTT: QUANDO O CARTEIRO TRAZ BOAS NOTÍCIAS

Manuel Pereira de Sousa, 10.06.13

 

                                                                                                          Fonte: Youtube


Ouve-se o som da motorizada a quebrar o silêncio que se vive na terrinha – hora de chegada do carteiro. Todos os dias, na hora do costume, segue ele o seu trajecto para despachar os postais e as cartas. Bate à porta da cozinha da Sra. Maria, para entregar a carta da filha, que está em França, com as fotografias do neto – a Sra. Maria ainda não tem facebook ou um computador; para na residencial do Sr. Ramiro, para deixar os postais de Natal dos seus clientes do Verão; segue para a casa da D. Alice, a fim de entregar os documentos que chegam da Assembleia da Republica; paragem na tasca do Sr. José, onde deixa o jornal da terra. Enquanto isso, a Sra. Palmira vai aos correios, para lhe pagarem a reforma; o Sr. António que quer saber como estão as suas poupanças; o Sr. Francisco que quer despachar uma encomenda, para os seus filhos da Capital.


Nas terras pequenas esta é uma imagem que começa a ser passado porque a tecnologia revolucionou muitas necessidades e alterou formas de comunicação, que começam a ser exclusivas dos idosos, e muitas estações dos Correios começam a encerrar. São tempos da crise? É culpa do desenvolvimento tecnológico? Poderia ser. Crise não é porque os CTT têm um lucro fantástico. Desenvolvimento tecnológico sim, mas muita gente ainda está dependente dos meios tradicionais. Culpa também das aldeias e pequenas vilas que têm cada vez menos gente. Porém, o fundamento deste encerramento está relacionado com as intenções do Governo em privatizar os CTT. Em nome da economia e da força dos tempos se condena e se fecha ao exterior uma série de terras onde ainda há gente (se não houvesse…). Vejo uma terra como o Gerês que sofreu de uma tentativa de encerramento, quando se trata de uma estação que serve várias freguesias e lugares com muita população e com muito turismo. É insustentável condenar esta terra a um tipo de isolamento como medida de poupança.

Em alternativa a estes encerramentos sucessivos, procura-se entregar os serviços a papelarias e tabacarias – a propósito lembro-me da piada de Pedro Fernandes, no programa 5 Para a Meia-noite, da RTP1, em que retratam como seria o serviço postal em talhos e nas Igrejas.

 As políticas de poupança, ainda que com fundamento económico, não podem ser tão lineares, no que trata de serviços públicos como este e pago pelos utilizadores. O Governo deveria preocupar-se no repovoamento de zonas do interior abandonadas, para libertar as cidades onde as oportunidades são escassas. Um Centro de Saúde, uma Escola, os Correios são exemplos de serviços que fixam as pessoas ou pelo menos não condenam ao isolamento aqueles que não podem mudar-se para a cidade.
 

O carteiro ainda é aquele que traz boas notícias…

COPO MEIO VAZIO OU MEIO CHEIO EM DOIS ANOS DE GOVERNO!

Manuel Pereira de Sousa, 06.06.13

Por estes dias o Governo fez dois anos que se encontra em funções - já parece que está há muitos anos no poder, tal a agonia lenta em que o país se encontra. Ainda me lembro do momento em que o Governo foi apresentado aos portugueses e que o Sr. Primeiro-Ministro foi fazer a sua visita ao Palácio de Belém - estava eu de férias em Lisboa, fui até ao Palácio de Belém e todo o aparato já tinha desaparecido (certamente para almoçar) e depois apanhei o autocarro até à Assembleia da Republica que estava fechada e não permitiram fotografias à entrada. Nesse momento, o país político estava de férias na expectativa do que estava para vir (pena não ter chegado mais cedo para ver se arranjava um tacho para mim).

Desde esses anos para cá muita coisa já aconteceu – não são assim tantos anos, são apenas dois, mas parecem muitos – continuo a dizer que vivemos uma agonia lenta, que tem provocado muita revolta no nosso povo, que se vê obrigado a pagar por uma crise que não tem culpa (pelo menos eu e os que me rodeiam não têm culpa); assim se cumpre o velho ditado: “paga o justo pelo pecador”. Enquanto uns pagam, aqueles que provocaram a crise continuam intocáveis – os responsáveis pelo BPN (que pagaria uma crise); os políticos que geriram mal as obras públicas; os políticos que geriram mal as empresas públicas e os famosos swaps; os políticos que gastam em secretárias, motoristas, carros e despesas de deslocação como se vivêssemos num estado rico. Poderia continuar a enumerar erros e responsáveis, mas acabaria por provocar depressão e cansaço naqueles que estão a ler.

Andam por aí a apregoar a queda do Governo, para que esse flagelo social possa terminar ou então os nossos direitos estarão em causa - aqueles que dizem estar consagrados na Constituição (será que o Sr. Gaspar e o Sr. Passos conhecem a constituição?) -; porém, acredito muito pouco nas reuniões entre o principal partido da oposição e os seus parceiros à direita ou à esquerda como se estivéssemos na iminência de eleger o Sr. Seguro para líder do Governo. Também sinto desconfiança em relação à convenção/reunião/encontro promovido pelo Sr. Soares com toda a esquerda porque a esquerda em Portugal anda, há muito, de costas voltadas, mais que a própria direita com os partidos do centro-direita ou centro-esquerda. Por muito boas intenções que existam, parece que apenas sejam meras intenções.

Palhaços há muitos por aí e creio que podemos fazer parte do clube (sem ofensa para ninguém), pois muitas foram as mentiras – comparem o prometido na campanha e o que está a ser aplicado na realidade; comparem os objectivos e previsões do Governo e a realidade dos números. Não vale a pena falarmos em números de desemprego, dívida pública, agravamento fiscal, perda de poder de compra ou então ficarão deprimidos ao ler este artigo.

É possível encontrar algo de positivo nestes dois anos de Governo de coligação? Talvez, tudo depende como olhamos o copo – meio cheio ou meio vazio – os portugueses na sua maioria reparam que está meio vazio. Mas a crise é uma oportunidade…

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