O MEU EX-NAMORADO É PAPA
Ainda o Papa está a aquecer o seu lugar como Sumo Pontífice e já se procura investigar a seu passado, para que todos conheçam os seus passos desde que nasceu até aos dias de hoje - assim acontece em cada momento que alguém é eleito para um lugar de destaque; todo o passado é remexido e sacudido até que dele se tire alguma história ou episódio que possa marcar e suscitar o interesse - se existem biografias que demoram meses e anos a serem construídas, outras demoram minutos ou horas.
Descobriu-se que o Papa Francisco teve uma paixão por Amália, quando tinha 12 ou 13 anos, a quem pediu em casamento, mas que terminou quando se entregou ao sacerdócio. Esta descoberta motivou a corrida dos jornalistas atrás da dita amada, para mais umas palavras ou umas declarações - seria na tentativa de descobrir algo ou por ser insólito? Como se sentirá aquela mulher ao pensar que o seu ex-namorado, com quem se calhar terá sonhado casar, é o Sumo Pontífice da Igreja Católica?
Voltas e voltas dá a vida; os amores de uma juventude marcam a vida dos Homens, para todo o sempre, e podem ser lembrados anos e anos mais tarde, para o bem e para o mal.
Fará alguma diferença no pensamento de um Papa ter tido uma paixão, ainda que nos tempos conturbados que são a adolescência?
Segue um pequeno trecho, escrito pelo Papa Emérito Bento XVI, na sua primeira CARTA ENCÍCLICA DEUS CARITAS EST :
Segundo Friedrich Nietzsche, o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros (amor), que, embora não tivesse morrido, daí teria recebido o impulso para degenerar em vício. Este filósofo alemão exprimia assim uma sensação muito generalizada: com os seus mandamentos e proibições, a Igreja não nos torna porventura amarga a coisa mais bela da vida? Porventura não assinala ela proibições precisamente onde a alegria, preparada para nós pelo Criador, nos oferece uma felicidade que nos faz pressentir algo do Divino?
Voltando ao assunto da crónica, faria todo sentido que na Igreja existisse uma sensibilidade diferente sobre a forma como as pessoas se amam; mas, para que exista sensibilidade seria necessário que, aqueles que decidem e escrevem a doutrina, sentissem o que realmente é o amor em todas as suas vertentes, mesmo que apenas fosse uma paixão passageira.