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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

A DÉCADA PERDIDA. PARA ONDE CAMINHAMOS?

Manuel Pereira de Sousa, 27.02.11

Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt


A RTP1 exibiu recentemente um excelente documentário acerca da caminhada da economia nacional, até ao estado actual, desde os governos de Cavaco Silva, passando por António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, onde foram retratados os momentos mais positivos e negativos da economia, as subidas e as descidas, as virtudes e os graves erros cometidos. Pela situação actual dá para termos a percepção que os erros foram sendo muito maiores que as decisões positivas que se tomaram. Caso contrário, o estado actual não seria tão critico como o que se regista.  

Chego à conclusão que, apesar de todas as mudanças que foram sendo efectuadas desde a década de 80, onde também passamos por tempos difíceis, mas sempre com a capacidade de "dar a volta", na última década, que terminou há dias, não foram feitas mudanças positivas para a nossa economia. Creio que terá sido uma década perdida para Portugal. Foram 10 anos em que se poderia ter feito mais, muito mais e o resultado é que continuamos mergulhados numa crise profunda, tendo como 2010 um dos piores anos de sempre (falta saber se 2011 será melhor, ficam grandes dúvidas). Em 2000 existiam rumores de que a economia portuguesa estava a trihar por caminho duvidosos, que os portugueses e o Estado andariam a gastar mais do que podiam porque o tempo era de consumir, aproveitar juros baixos da dívida pública e as boas ofertas da banca e depois se pensaria na forma de como pagar tudo isso. Em finais de 2001, Eng. António Guterres apresenta a sua demissão, no rescaldo das eleições autárquicas, por temer a condução do país e por saber que as contas públicas estavam num estado crítico que tentou esconder, estávamos com um défice de 4,1%. Além disso, tínhamos a UE a alertar e a ameaçar com sanções pela má prestação da nossa economia. Em 2002, Durão Barroso alertou para o estado da desgraça e para a "Tanga" em que o país se encontrava. Medidas duras foram tomadas, sobretudo para os que estavam mais dependentes e para os que estavam mais débeis para enfrentar a crise. Porém, para tentar tapar o défice foi aplicada a tradicional política de aumento dos impostos e a aposta nas receitas extraordinárias, afinal era uma forma de disfarçar o défice público.   

Outros governos se seguiram, depois Santana Lopes que pouco pode fazer porque apenas esteve de breve passagem pelo executivo, mas o Eng. José Sócrates, na sua primeira maioria absoluta apresentou-se como sendo o salvador da pátria, com reformas duras, mas que trariam a tão desejada estabilidade. Porém, a receita era mais do mesmo, novos aumentos de impostos, que fizeram cair o Ministro das Finanças e no final do mandato, em jeito de promessa eleitoral, baixou o IVA em 1%. Ganhas as eleições, embora sem maioria absoluta, aposta numa nova subida de impostos por duas vezes, em 2010 e agora em 2011, diminuição das prestações sociais, aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social, tudo o que ajude na obtenção de receitas rápidas para abater no défice externo, ainda que a taxa de desemprego aumente e com isso o Estado tenha mais encargos.   
Em 10 anos a receita foi sempre a mesma, para tentar encobrir um problema cada vez mais exposto, tanto mais exposto quanto maior a aplicação das medidas destes governos.   

Por isso, concluo que esta foi a década perdida para os Governos, para a nossa economia e em 10 anos o nosso país tornou-se ainda mais ingovernável do que já era. Terá sido a falta de coragem política? Mas, dizem que José Sócrates tomou medidas duras. Terá sido aquelas que o país precisava? Talvez a resposta já todos saibam, basta olhar para a situação actual em que vivemos. Tantos apelos e discussões foram feitas ao longo dos tempos por especialistas, professores, académicos, economistas, parceiros sociais. Da parte do Governo o que foi feito? Pouco e cada vez menos. Os estudos, os especialistas e as suas medidas não têm projecção na opinião pública, para o comum português. Mas, mesmo assim, vemos o nosso Primeiro-Ministro na mensagem Natalícia a tentar passar uma imagem muito pouco real da situação grave em que vive o país.   

No tempo do prof. Cavaco Silva como primeiro-ministro, o país teve um crescimento económico sustentável. Investiu-se muito em obras públicas, ainda que necessárias, mas esqueceu-se a necessidade de modernizar a nossa industria, aumentar a profissionalização do tecido produtivo português, que agora se revela pouco qualificado. As empresas não se modernizaram com o passar do tempo para fazer face à concorrência da globalização e seguiu-se um modelo tradicionalista que condicionou as empresas à falência. O desenvolvimento tecnológico condenou muitos postos de trabalho que não acompanharam essa evolução. A qualidade de Gestão das nossas empresas esteve aquém do necessário. Durante anos e anos a agricultura foi sendo esquecida porque apostamos unicamente no sector dos serviços. Assistimos ao abandono dos campos, consequente desertificação do mundo rural e à crescente diminuição da produção agrícola, em contrapartida ao aumento das importações porque não conseguimos produzir o suficiente daquilo que comemos. A pesca foi outro dos sectores em declínio, passamos a importar também em vez de aproveitar a extensa costa e a área económica que temos disponível. Se a capacidade de produção de riqueza entrou num sério declínio, a dependência do Estado teve um aumento em demasia, que não acompanhou as necessidades existentes e as lacunas que eram necessárias de serem preenchidas. O Estado passou a ser um empregador, em muitos casos de favores e actualmente é o calcanhar de Aquiles para ser organizado. O Estado é necessário, mas terá de ser eficiente e ser uma aposta ao serviço do cidadão e não apenas o sorvedouro de dinheiros públicos. Tardiamente se tentou regrar os vencimentos de gestores públicos e das suas reformas. Não há forma de se regular as entradas e saídas dos boys, que dependem dos executivos governamentais. Quanto mais este governo nos pede para "apertar o cinto", mais boys entram no Governo, a ponto de, como dizia Honório Novo no Parlamento, «Nem lugar havia para todos os assessores». Tem de existir outra regulamentação para as mordomias de quem chefia no Estado, são esses os cancros que devem ser combatidos de início. O Tribunal de Contas, há poucos dias, apresentou um relatório onde demonstra claramente as falhas na gestão de empresas públicas. Fundações desnecessárias, Institutos públicos sem utilidade, carros e demais regalias, devem ser as primeiras acções a serem tomadas para controlo de despesas desnecessárias. A agricultura, pesca, o mar, a indústria, o turismo, são áreas que precisam de ser mais exploradas e melhoradas seja pelo Estado, seja pela iniciativa privada. Só desta forma se cria riqueza, só desta forma se aumentam receitas para os cofres Estatais, se reduz o défice, se aumenta o emprego, se melhora o clima social e se desenvolve o país.   

Tudo isto se poderia ter feito nestes 10 anos, mas da classe política não existiu vontade para trabalhar em vez de se enganar os portugueses. Uma década perdida, falta saber o que irá acontecer nesta década que agora inicia.   
Que futuro para Portugal?   

FACEBOOK, O IMORTALIZADOR DAS ALMAS?

Manuel Pereira de Sousa, 27.02.11

Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt


A morte de personalidades como Carlos Castro e António Feio, personalidades tão diferentes, com destino tão diferentes e com um final de vida tão diferente, mas com algo em comum, a permanência nas redes sociais e o seu fim através delas.
Morrer como estas personalidades, numa era de informação instantânea tem algo de tão diferente com o passado porque antes a grande maioria só tinha conhecimento destes casos através da televisão, a rádio e do jornais, com o aparecimento da Internet a velocidade das notícias, sobretudo das más é tão rápida quanto mais rápida for a velocidade com que se navega. Mas as redes sociais aumentaram a velocidade dos acontecimentos. Agora, cada vez mais os anónimos estão próximo da vida das personalidades da alta sociedade e cada vez mais essas personalidades têm a sua vida particular mais exposta a cada passo e em cada local. Em qualquer local estas pessoas são localizadas, informam os seus grupos onde estão com a simples rapidez de pegar num telemóvel para postar as imagens e os pensamentos. Depois é a vez dos amigos comentarem e acompanharem todos os pormenores. António Feio foi uma das personalidades que acompanhei no Facebook desde a sua vida, às intervenções já na fase terminal da sua doença. Quando morreu teve através do Facebook a capacidade de se despedir de todos quantos o acompanhavam, algo que era impensável há  pouco tempo, uma celebridade despedir-se dos seus admiradores de uma forma mais pessoal.


Se a vida das pessoas passa actualmente pelas redes sociais, umas mais que outras, também a morte á algo que passa a fazer parte desse percurso. A grande vantagem é que o corpo parte, mas a memória fica o tempo que nós quisermos que fique continuamente como amigo no nosso perfil, na nossa página. Existe vida para além da morte no facebook. Os mais organizados podem mesmo continuar a lançar os seus posts, quando as suas contas ficam a cargo de outros mais próximos, de forma a manter a memória viva por tempo indeterminado. Dizer isto nos inícios das redes sociais poderia ser descabido ou ridículo, mas certo é que não o é. Temos a possibilidade de nos tornamos imortais de alguma maneira, não sabemos até quando poderá durar na memória dessas pessoas essa imortalidade.

Já imaginaram a dimensão que teria um facebook no dia da morte de alguém como a Princesa Diana, João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá ou mesmo Elvis?

HU JINTAO NOS EUA: ESTARÃO OS EUA A VENDER O OURO AO BANDIDO

Manuel Pereira de Sousa, 27.02.11

 


Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt

O Presidente chinês, Hu Jintao, encontra-se de visita oficial aos EUA, uma visita com o objectivo de reforço dos laços para uma parceria económica mais reforçada. Afinal, para Barack Obama, estas duas potências consideram-se mais prósperas e seguras se trabalharem juntas. Pelos dados conhecidos, as exportações dos EUA para a China cresceram em 2010 na ordem dos 31,7%. Razões de sobra para que Hu Jintao seja recebido nestes dias com pompa e circunstância na Casa Branca, pois é de países assim que a América precisa para projectar a sua economia e evitar a crise.


A par da agenda económica, Obama também  falou publicamente em relação aos direitos humanos “A História prova que as sociedades são mais harmoniosas, os países mais bem sucedidos e o mundo mais justo se forem respeitados os deveres e responsabilidades das pessoas e das nações , incluindo os direitos universais de cada ser humano”. Estas palavras certamente que seriam, destinadas ao Presidente Chinês, o líder de um regime muito contestado, onde são conhecidas as faltas de liberdade do povo e onde os seus direitos universais não são defendidos. Algo que o Presidente Hu Jintao não deve estar disposto a negociar e a mudar no seu regime autoritário. Prova disso foi a proibição da transmissão, pela televisão chinesa, de imagens das manifestações às portas da Casa Branca a pedir a libertação do Prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo pelo regime chinês e a independência do Tibete. Não se entende que mesmo assim o Presidente Chinês, numa declaração, afirme que o regime se esforçará para promover a democracia e o melhoramento da qualidade de vida do povo Chinês. Como é possível que mesmo assim a comunidade internacional se mantenha serena perante a diferença do que é dito e do que realmente acontece, mesmo no momento em que estas palavras são proferidas?


Não é da responsabilidade dos Estados do mundo a resolução do problema interno que é o regime chinês porque os regimes dificilmente se poderão tornar num modelo perfeito e que tem que ser imposto. Porém, é da responsabilidade dos Estados todas e quaisquer negociações e tratados económicos que se celebram com outros países e que, de alguma forma, possam contribuir para a manutenção e exploração desses regimes e o aumento da precariedade da vida das pessoas submetidas a leis autoritárias.


Não podem os restantes líderes do mundo como Obama acreditar que as suas ideias e pensamentos de paz e liberdade possam ser aceites, se continuar a negociar e com isso aumentar o poder do regime e a ideia de necessidade desse regime como único modelo viável para o Estado Chinês. É claro que não se deve partir para uma guerra de derrube do poder, mas para negociações pacíficas de forma a provocar a abertura do regime e a permissão da liberdade individual. Contudo, essas negociações devem ter o cuidado de se ter presente que estão a “negociar com o diabo”, dando-lhe poder suficiente para se tornar ainda mais temível aos olhos das restantes nações e com isso aumentar o poder numa economia cada vez mais global com os prejuízos que isso acarreta.

A MORTE VENDE MAS NÃO ESTÁ À VENDA

Manuel Pereira de Sousa, 27.02.11

Por: Manuel de Sousa    
manuelsous@vodafone.pt    

A morte vende. Esta é a conclusão a que chegam muitos especialistas da comunicação social. Vende a morte por homicídio ou simplesmente a morte de um famoso. O público interessa-se e a procura de informação aumenta consideravelmente, a ponto de se esgotarem as inúmeras edições de jornais e revistas e aumento de audiências nas várias plataformas de jornalismo.   
Mas, até que ponto tal importância à morte de alguém pode ser considerado ético e com importância de notícia de destaque e tão esmiuçada?   
Efectivamente a morte não deveria ter mais destaque e os media deveriam limitar-se às informações do que aconteceu, porém, o público interessa-se pelo que aconteceu e pretende sempre saber mais e mais pormenores, enquanto que, todos os testemunhos e histórias são insuficientes para esse público exigente e sedento. Como é obrigação dos jornais informar e satisfazer os interesses do público, terão que dar todo o destaque necessário, correndo o risco de se tornarem sensacionalistas e inoportunos. Os que mais criticam esta forma de actuação são, na maioria dos casos, aqueles que consomem este tipo de informação e que se encontram em fase de exaustão e em que a produção jornalística já não tem mais por onde dissecar e, por isso, entrar por um ciclo vicioso.   
O que motiva o interesse pela morte? Tudo. A forma como aconteceu e quanto mais dramático forem os factos, maior importância terá. As pessoas envolvidas, quanto mais populares e conhecidas melhor para aumentar o interesse e para se encenarem tantas histórias quanto possíveis. Quando a morte afecta uma figura pública, existe o carinho e a proximidade dos admiradores que procuram toda a informação disponível por questão de proximidade que estabeleceram de forma anónima ou até como forma de homenagem e conservação da memória.   
É impossível conhecer a fronteira da ética e interesse jornalístico quando se depende de um público exigente e meticuloso. Por esta razão, o jornalismo convive inevitavelmente com o sensacionalismo e conhecer a fronteira entre o que é notícia e o que não é varia de pessoa para pessoa.