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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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U2 EM PORTUGAL: UM PONTO DE VISTA DE QUEM É FÃ

Manuel Pereira de Sousa, 16.03.11

Por: Manuel de Sousa
manuelsous@vodafone.pt

Os U2 estão em Portugal, em Coimbra, para dois espectáculos, Sábado e Domingo, numa casa que se prevê esgotada nos dois dias, para dois concertos e dois espectáculos 360 que prometem ser memoráveis.
Dois espectáculos, os êxitos de sempre, as mesmas vozes, que continuam a derreter os seus fãs por qualquer lado que passam e mensagens políticas será o que pode esperar dos U2. A vinda dos U2 a Portugal tornou-se num acontecimento de grande relevo e importância, basta ver pela euforia e loucura na venda dos bilhetes assim que foi anunciada a vinda da banda a Portugal. Os U2 conseguem tudo isto, um pouco de alegria e música a um país triste e em depressão.

A banda continua a fazer o delírio dos seus fãs, num tempo em que a música atravessa também os seus momentos de crise, provocados pelas novas tecnologias, tecnologias ao dispor dos U2 e que se tornaram numa mais-valia para a diferença dos espectáculos em formato 360. Volvidos 34 anos, esta banda Irlandesa continua a arrastar e arrasar multidões sem correrem o risco de caírem na rotina e quebrarem a ligação com o público e os vários públicos que seguem a sua carreira. Muitos não sentem o fascínio pela banda, mas não querem perder um espectáculo que promete ser magnífico, diferente e irreverente. Os U2 tocam os seus fãs com intensidades diferentes, mais ou menos apegados, o que é certo é que eles estão por lá em todos os concertos. É admirável ao fim de tantos anos a banda manter a sua constituição inicial numa união que se pode considerar de rara para um grupo musical, que se pode considerar com a maior projecção mundial.


Há fãs que são grandes fãs, que acompanham a banda no seu trajecto, os passos de cada elemento e que vibram em cada concerto e em cada música como se fosse a primeira vez.


Susana Silva, uma grande fã, talvez uma das maiores que conheço até ao momento, se é que poderei alguma vez conhecer algum outro fã que delira tanto com a banda. Mas, para nos explicar a vibração que sente, o Blogue «Ponto de Vista» publica uma entrevista, um ponto de vista sobre uma banda marcante no mundo da música e de algumas pessoas.

Manuel de Sousa: Vinda de dois concertos dos U2, em Paris e San Sebastian que emoções trazes de cada um desses espectáculos?


Susana Silva: Venho de coração cheio. Vi em Paris o melhor concerto dos 6 que vi desta tour até hoje (1 em Barcelona e 3 em Dublin em 2009), e o pior, em San Sebastian. Mas mesmo o pior teve as suas compensações: foi o  aniversário da banda (fez 34 anos dia anterior) e tocaram a Spanish Eyes pela 1ª vez nesta tour. Uma música que saiu no single I Still Haven't Found What I'm Looking For, de 1987... foi uma explosão de alegria.


MS: Tendo viajado um pouco por toda a Europa a fim de te cruzares com os espectáculos desta Banda Mítica, qual o sentimento ao fim de tantos concertos, mesmo assim tão próximos uns dos outros? Não se torna maçador ou repetitivo, assistir sempre ao mesmo estilo ou há sempre algo de novo que marca a diferença entre cada um?


SS: (risos) Esta é daquelas perguntas que me persegue. Os meus amigos e colegas perguntam-me porque vou ver tantos se são todos iguais. Sim, são todos iguais para quem lá vai ouvir a Sunday Bloody Sunday, ou a One, ou a Pride... para outros é uma forma de estar com a banda, e como eu, de ver o 1º concerto da tour com 90mil pessoas, com todas as suas falhas e surpresas (em Barcelona), ouvir os U2 cantarem música tradicional irlandesa e falarem para a sua terra (Dublin), ouvir a Mercy (em Paris) e ver 90 mil pessoas ao rubro, ouvir a Spanish eyes (em San Sebastian). Nenhum concerto é igual. Para teres uma noção, ouvi a Unforgettable Fire (de 1984 e no meu top de preferências) na 1ª leg da tour e na 2ª a Mercy, que é um tema que ficou de fora do álbum How to Dismantle An Atomic Bomb, mas que é uma música com muito significado para um seguidor da banda como eu... quem diria que a iríamos ouvir? Quer dizer, o desejo era tanto que andamos a pedir via twitter que eles a tocassem em Coimbra... não é que a estão a tocar? A banda não é igual em cada concerto, os fãs não são iguais... eu não sou igual.



MS: Desde quando és fã dos U2 e porque razão essa aproximação tão forte?


SS: Ui... já nem me lembro. Desde os meus 13 anos, tenho 34... é só fazer as contas. (risos) A razão? Difícil colocar sentimentos em palavras. Os U2 acompanharam todas as fases da minha vida, as boas e as más. Nas más, e tendo eu 14, 15, 16 anos e vivendo por vezes situações bem complicadas, aqueles 4 pareciam ter uma música feita para mim... e eu agarrava-me isso. À medida que cresci, aprendi e vi como eles cresciam e estavam muito à frente de tudo... continuavam a "falar para mim". Depois, comecei a ver como eram dos únicos que sabiam fazer da música uma arma poderosíssima para fazer o bem e ajudar este mundo a ser um mundo melhor. Mas sem hipocrisias, sem venderem a vida pessoal, sem escândalos, eles tornavam-se naquilo que são hoje: a maior banda do mundo, um exemplo, e a razão de muito daquilo que sou hoje. Fizeram parte da minha "educação" se assim posso dizer.

MS: A quantos concertos já tiveste a oportunidade de assistir? Qual o que te ficou na memória?


SS:  No total e já a contar com os de Coimbra, 14. O que me ficou mais na memória? O de 15 de Maio de 1993, por várias razões: foi o 1º, por quase ter de fugir de casa para o ver (risos), tinha 17  anos, mas por ter sido a ZOO TV. A ZOO TV foi algo tão megalómano, tão à frente, tão... grande, que se ocorresse hoje, ainda estaria muito à frente de tudo o que tem sido feito. Desde carros em palco, ao maior comando de TV do mundo que sintonizava TV locais no momento, a chamadas para a casa branca ou uma empresa de táxis em Portugal, aos milhares de palavras por segundo que passavam nos ecrãs, mas principalmente à mensagem... "Everything you know is wrong"



MS: Quantos álbuns fazem parte da tua colecção? Qual o preferido?


Todos e mais alguns. (risos) Preferido... pergunta difícil. No top tenho o Unforgettable Fire (o 1º que comprei e o que mudou a direcção da banda em certo ponto, e tem pérolas lá dentro), mas aquele que mais ouço e mais me impressiona e que posso neste momento (se tenho mesmo de escolher um preferido) é um 2 em 1, uma fase: Achtung Baby + Zooropa. Ponto de viragem forte da banda, o Zooropa então, uma fase de experimentação de sons e tecnologias... muito à frente para a altura... como sempre estão.



MS: Quais as figuras do grupo que mais aprecias e porquê?


Mais uma pergunta difícil. (risos) A banda não existe sem nenhum deles pelo que objectivamente, terei de responder os 4. Mas vá, admito que aquele que mais explosões me causa cá dentro ao 1º acorde é o Edge (ou "o maior" como o trato). É o responsável pelo som que todos reconhecem como U2, é uma pessoa simples, terra à terra, sentido de humor fantástico e sem ser muito virtuoso na guitarra (nem o pretende ser), toca com o coração e é por isso se calhar que chega tão depressa ao meu. Além disso, está sempre interessado em descobrir novas formas de tocar, novos sons... um explorador.

MS: Sentes ou apercebes-te que é pela mesma razão que milhares de pessoas acorrem aos concertos dos U2 ou se calhar não têm nada em comum?


Tenho de ser sincera e até parecer arrogante, e responder que não, não acho. Num concerto de U2, tens os fãs, aqueles que nem se importam de não ver todo o espectáculo visual porque estão ali para ver e sentir a banda, tens os que até gostam bastante da banda e nunca tiveram oportunidade de os ver, conhecem bastante coisa da banda e foram tocados pela mesma em certa altura da vida, os que vão para ver o espectáculo apenas e só porque conhecem a One e sabem que é um espectáculo do caraças, os que vão porque fica bem dizer que foi e até saem antes do 2º encore porque nem sabem como funciona o concerto e porque querem tirar o carro cedo... isto aconteceu em San Sebastian, mesmo comigo a avisar os senhores que ainda não tinha acabado.

MS: O que justifica que ao fim de tantos anos, desde a origem da Banda, ainda exista uma certa magia e ansiedade por parte dos fãs de todo o mundo? O que move as multidões a esgotar os bilhetes em tempos record?


São a maior banda do mundo e está tudo dito. Quanto aos bilhetes... há de tudo. Há quem corra porque dá lucro vender os bilhetes, mesmo que para isso, quem queira mesmo ver a banda e sonhe com isso acabe por não ver porque uns e outros se estão a aproveitar. A euforia é desmesurada. Em 93 e 97 eu comprei os bilhetes sem stress algum. Agora, tomou umas proporções exageradas. Mas por exemplo, eu comprei os meus bilhetes para San Sebastian, 26-10-2010, 3 semanas antes do concerto...


 


MS: Toda a euforia pode ser devido a uma moda, uma forma de afirmação pessoal ou é algo que sempre vai existir durante a existência do grupo?


Vai existir sempre e por todas as razões que mencionas. Quem quer realmente ver a banda, vai ter de fazer a subscrição na U2. Com e ter o privilégio pago de comprar antecipadamente os bilhetes.... é assim que está neste momento. Caso contrário arrisca-se a não ir ao concerto.



MS: É previsível  o futuro, o percurso da banda nos próximos tempos? Pelos que conheces e presenciaste, também pelo que ouviste, poderemos esperar mais alguma surpresa ou já assistimos a tudo?


Enquanto os U2 existirem, nunca teremos assistido a tudo. Uma das "maravilhas" desta banda além da sua coesão, amizade e união (estão juntos há 34 anos sem qualquer alteração), é o facto de não gostarem de se acomodar e de repetir a formula. Por exemplo, como resultado de um cansaço, a banda teve de "sonhar tudo outra vez", parar, e lançar o Achtung Baby em 1991 e chocar meio mundo (ainda me lembro do que senti quando ouvi e vi o The Fly a 1ª vez). Perderam muitos fãs e ganharam muitos fãs novos... Se algum dia for previsível o futuro da banda... that's the end.



MS: Estarão os U2 preparados para continuar a brilhar no mundo da música e do espectáculo?


Never been better! Mas temos de ter consciência de que os "velhotes" estão nos 50's... mas amam demasiado a música (caso contrário já tinham largado o negócio há muito porque nem sempre todo o espectáculo gigantesco dá lucro). Se decidirem continuar sim vão brilhar porque repetir formulas não é com eles e por isso... só podem brilhar!