Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

VOTAR CONTRA A ABSTENÇÃO

Manuel Pereira de Sousa, 02.10.15

É importante que, nas próximas eleições, a realizar a 4 de Outubro, os portugueses usem o seu direito de voto. Vivemos num regime democrático, em que votar é fundamental para a manutenção dessa democracia. Se o português contribuir eleição a eleição para o aumento da abstenção está a contribuir para o enfraquecimento da democracia e estará a aceitar a ditadura como melhor regime político para o país. Serão cada vez menos os que viveram no regime de ditadura que existiu há 41 anos e que durou 48 anos. Foi a melhor opção para o povo? Não. Viveram em liberdade de escolha? Não. Viveram em liberdade de opinião? Não. Desejamos que isso volte a acontecer? Eu não. Por estas razões, faz sentido votar. Faz sentido usar do direito conquistado com a revolução de Abril e que faz, neste ano de 2015, 40 anos sobre as primeiras eleições livres da democracia portuguesa. Muitos não votam porque perderam a consciência da importância do seu voto ou talvez nunca a tenham ganho. Perderam a noção que por um voto se ganha e por um se perde e que o voto é uma confiança muito importante que se dá a um candidato. Uma confiança…. Os portugueses andam desconfiados dos políticos que se apresentam? Sim. Têm as suas razões. Porém, a desconfiança em momento algum deve ser utilizada como argumento para se abster. Vale mais um voto em branco que uma abstenção. O voto branco provoca medo na classe política e leva a que esta tenha noção do descontentamento. A abstenção faz a classe política a assobiar para o lado e a continuar a cavalgar rumo ao poder, sem qualquer importância para o estado do país e dos portugueses. Não faço apelo a voto em branco, mas apelo a que as pessoas se interessem pela política e busquem pelas alternativas à alternância de poder que fomos sendo condenados sucessivamente ao longo dos anos. É fácil sentar na mesa de café e criticar as caravanas políticas e os que passam a apregoar as suas ideias. Esses, seja pelo bem próprio, de uma classe ou do bem comum fazem alguma coisa. Os que meramente criticam tudo e todos são passivos e nada estão a contribuir para a mudança da classe política, para o desenvolvimento de massa critica e para a criação de alternativas eficazes à mudança do país. É importante lembrar que os maiores culpados pelos políticos que temos somos nós os eleitores que entregamos o voto; depois o eleito faz aquilo que não desejamos e, mais tarde, voltamos a entregar o voto. Fica a questão: De que valem as manifestações de milhões de pessoas nas ruas contra os governantes, se mais tarde lhe é entregue o poder? Se esses que nos governam não sabem gerir o poder que lhes foi confiado, saberemos nós gerir o poder do voto? Sim, seremos capazes se tivermos massa crítica e formos livres de pensar sem condicionar o pensamento sempre nos mesmos.

O QUE MOTIVA 100 MIL JOVENS NAS "JOTAS" PARTIDÁRIAS?

Manuel Pereira de Sousa, 22.08.14

Fui atraído a ver uma reportagem em destaque no sapo com o título O que motiva os 100 mil jovens inscritos nas "jotas" partidárias?, emitida pelo Porto Canal. Realmente é uma excelente questão para refletir. 100 mil jovens inscritos – é um número considerável. Em Portugal, apesar da emigração ainda existem muitos jovens, muito mais que 100 mil, mas é um número bastante elevado de inscritos em partidos políticos, quando o espectro político português é pequeno – essencialmente PS, PSD, CDS, PCP e BE.

Com exceção ao BE, todos os partidos têm os seus membros “jotas”, que partilham da ideologia base do partido e que são a grande porta de entrada para muitos jovens chegarem á política ativa e profissional – tendo em conta que a política não estará ao alcance de todos, mas ainda assim permite que muitos consigam ter um lugar ativo em órgãos públicos.
Há muito a ideia por aí, não sei se correta ou incorreta, que as “jotas” são uma mera porta de entrada para o poleiro e alternativa a muitos jovens que não querer fazer parte do mercado de trabalho e encontrar um emprego para a vida na política. Quero acreditar que nem todos sejam assim, se possível uma minoria.

A “jota” que importância tem para a política? A ideia que tenho, para além do trampolim para a política profissional e ingresso nos partidos “velhos”, é de uns jovens que pretendem mudar o mundo, mudar a sociedade, que se juntam em manifestações estudantis e que andam de noite a colar cartazes para o partido “velho”. Estou errado? Quanto à sua opinião, será que conta para alguma coisa? Qual o peso de cada voz? Que podem estes jovens fazer mais pela sociedade?

Na mesma reportagem, uma jovem do Bloco de Esquerda, diz: “Não fazemos o que muitos partidos fazem, que é ter uma jotinha, que depois toma posições que o partido dos mais velhos não pode tomar porque isso já fica mal ao partido dos mais velhos” – O BE não tem “Jota”. Por sua vez, um jovem da JS diz: “A JS é um espaço mais reivindicativo que está mais à frente do PS”, posição que vai de encontro à opinião de um elemento da JSD.
Se há uma discrepância entre a “jotas” e os partidos mais velhos, qual o sentido da sua existência? Até que ponto as suas ideias chegam à luz da concretização sem sofrerem o corte do partido oficial? Faz sentido existirem como parte integrante de um partido socialista ou social-democrata se estão contra as correntes destes? Qual o objetivo das “jotas” se as ideias dos seus militantes esmorecem quando estes transitam para o partido “velho”? Valeu a pena defende-las?

 

Na reportagem percebemos que a JCP está em total sintonia e continuidade com o PCP, mesmo sendo um órgão com total autonomia – à uma obediência aos princípios do Partido Comunista. Serão estes e os do BE mais coerentes por seguirem a mesma linha?

Será que esta discrepância entre o pensamento “jota” e o partido “velho” é também um motivo para o descrédito da política, para a falta de renovação ou para o afastamento de muitos jovens que poderiam e pretendiam ter um papel mais ativo na sociedade?

Não sei até que ponto os novos e antigos pensaram sobre esta matéria, se é que lhes seja útil pensar sobre isso, se é que existe espaço para tal.

Voltando à ideia dos 100 mil jovens – são muitos jovens e muita massa cinzenta onde existe gente com ideias e capacidades de avançar para um futuro diferente e mais credível na política portuguesa. Estaria aqui uma forma de mudança, de aproximação e de combate ao desinteresse nacional nos políticos, traduzido numa abstenção tendencialmente elevada?