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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

LER FAZ BEM À SAÚDE?

Manuel Pereira de Sousa, 23.04.15

Hoje é dia mundial do livro. Bem. Vou dizer como de costume em relação a outras datas comemorativas de qualquer coisa: o dia do livro é quando um Homem desejar. É mesmo. Sabe tão bem estar na companhia dos livros. São uma companhia silenciosa, sabem aguentar o nosso estado moral e estão sempre prontos para nos dar uns minutos, umas horas bem deliciosas com o prazer da leitura.
Não consigo passar sem a companhia dos livros e sem ter um à cabeceira da cama, mesmo naqueles dias em que nem sempre tenho tempo, disposição para ler uma linha que seja. Porém, estão lá prontos para, em qualquer altura e momento, partilhar um momento descansado comigo.

Por vezes, os livros que gosto são um pouco caros; no entanto, tenho encontrado boas alternativas e boas campanhas em que se pode aproveitar para aquela compra desejada. Felizmente que há boas alternativas para que todos possam ter o prazer de usufruir da leitura e com isso contribuírem para o seu enriquecimento pessoal e intelectual.

Li algures por aí que quem não lê dificilmente fala, ouve ou vê. Existe uma verdade em tudo isso. A leitura ajuda a criar horizontes na nossa visão, ajuda a compreender todo o que circula à nossa volta e a olharmos o mundo de várias perspetivas, mesmo que diferentes daquelas que estamos habituados. Ler ajuda a saber ouvir opiniões diversas, ensina a estar à escuta do mundo e das pessoas e a estar alerta aos gritos de outros. Aprendemos a falar porque permite-nos criar opinião, vocabulário, ideias estruturadas e diversificadas.

Ler faz bem à saúde. Espero que exista um estudo que comprove isso mesmo. Permite acalmar o stress, permite que o sono venha ter connosco à noite, permite sonhar e ter uma mente mais aberta e positiva, permite consolar aqueles que sentem mais solidão.

Hoje é o dia mundial do livro e deve ser dado todo o respeito por aquilo que é e por toda a riqueza que nos traz.
Boas leituras! Que livro estás a ler?

A OUTRA FORMA DE VER A MORTE

Manuel Pereira de Sousa, 18.09.14

“Intermitências da Morte”, de José Saramago. Um livro que recomendo que se leia. Eu achei fantástico. Terminei há pouco tempo de o ler. Quanto mais perto estava do fim, mais me apetecia continuar a ler e ignorar tudo o resto que estava a acontecer a meu lado. Já alguém, para além de José Saramago, escreveu desta forma sobre a morte? (escrevo o nome da personagem em letra pequena não vá ela revoltar-se) A morte é encarada como a personagem principal do livro de forma perfeitamente natural e sem necessidade de ser a olharmos como um terror de quem nem ousamos ouvir o nome.
Esta obra fez-me pensar em dois pontos de vista. De nada vale tudo fazer para ser imortal porque o caos torna-se maior e o mundo entraria em colapso imediato. Seria o colapso do Estado Social, da economia que depende da morte – funerárias, coveiros, padres, Igreja, medicina – e da população mundial que se tornaria em excesso. No princípio seria uma alegria. Depressa se iria desvanecer. Rapidamente todos os esforços para a conquista da imortalidade seriam enterrados e destruídos. Facilmente muitos gostariam que a morte, em qualquer altura, estivesse presente nas nossas vidas. Caso contrário, ficaríamos condenados a andarmos por aí a cair aos bocados como se fossemos uns zombies.

A outra perspetiva é imaginar quem é ela – a morte. Porque a vemos como um esqueleto envolto de um manto preto, com um capuz, agarrando uma gadanha que utiliza para executar o seu golpe fatal. Porque nos descrevem a figura desta forma? Poderia ser uma personagem mais bonita, apesar do seu ato ser de uma dolorosa misericórdia?

Como traça a morte o destino de cada ser humano? Com que objetivo? Qual a base em que se apoia para condenar alguém? Qual a rotina? Quando terminará os seus trabalho?

A obra de José Saramago permite pensar na morte sem tabus e ajuda a encara-la como um mal menor, apesar de ser um mal maior contra o qual lutamos inutilmente – todos temos o mesmo fim; uns mais cedo que outros.

DIETAS OU CULINÁRIA - QUAL ESCOLHO?

Manuel Pereira de Sousa, 08.07.14

Será moda, não será. São os tempos de agora. O Verão que está à porta, mas que não chega. Em cada livraria que entro e em cada tenda da feira do livro por onde passo, há deles para todos os gostos. Muitos gostos. Abrem o apetite. Chamam ao arrependimento do pecado da gula. Convivem uns com os outros. Estão lado a lado. São os livros de receitas e os livro de dietas.

Talvez tenha andado desatento noutros tempos. Talvez agora pululem como cogumelos ou mais que eles. A oferta dos livros de culinária está cada vez maior. São os de sopas, de doces, de peixe, de carne. Há especialidades para todos os gostos, a vegetariana, Brasileira, Portuguesa, Asiática. Há comida para todos os gostos que nos tentam para o pecado da gula. Na banca do lado estão os outros. Os que nos fazem entrar na linha. Os milagreiros da beleza. As dietas com todos os nomes e mais alguns. Os livros das teorias para o bem-estar. Aqueles que convidam para a pureza e que em maioria contradizem com tudo o que os outros recomendam. São o diabo e o anjo. Falam na nossa mente. Coisas que o mercado nos põe à frente. Escolhas difíceis de fazer.

Os livros de receitas são tretas. Da mesma maneira que os das dietas às vezes também são. Perdoem-me que os produziu. Perdoem-me os cozinheiros que criaram. Eu acredito que tudo seja bom. Eu até posso comprar um livro de dietas para seguir à risca, para ter um corpo perfeito e livre de gorduras. Ao princípio tudo é bom. Há que seguir à risca. Isto é espantoso. Vou vender aos outros esta novidade. Passado algum tempo cansa. As dietas são aborrecidas. Obrigam a seguir um plano. Obrigam a comer o que não quero. Impedem-me de comer aquilo que sei cozinhar. Seguir à risca é cansativo. Prefiro o meu plano de treino. Prefiro a dieta que eu próprio crio com o que tenho no frigorífico – que também é muito saudável.

Os outros, os que nos levam ao pecado na gula, são interessantes. Tantas vezes se tenta seguir a receita e: não sai nada de jeito. Tantas vezes se tenta copiar a forma e: fica horrível. Tantas vezes procuro algo para o dia que se segue e: nada do que lá está me apetece. Tantas ideias para nada. No início, pretende-se fazer tudo e respeitar a receita. Passada a novidade, é mais um livro para a prateleira. Funciona como as receitas que boa gente recorta das revistas, com aquele entusiasmo de que vai fazer. Quando? Depois logo se vê.

Perdoem-me estar a estragar o negócio dos livros das receitas e das dietas. Independentemente de todos concordarem com o que digo, há sempre a tentação de comprar mais um. Há uma falha em nós. Um mundo sem tentações não tem piada.

O LIVRO DE 2012 - ESCOLHA PREFERIDA

Manuel Pereira de Sousa, 26.12.12

O ano de 2012, foi ano de muitas leituras, mas existe aquele livro que se destaca por: ser o livro que me acompanhou em duas viagens ao estrangeiro e pela história que bem poderia ser a do nosso país. Falo de “Ensaio Sobre a Lucidez”, de José Saramago.
Posso dizer que até é um livro pouco volumoso, mas que demorou o seu tempo a ler – uma história bem escrita e de forma simples – porque em cada capítulo era merecida uma paragem para pensar em tudo o que foi lido, perceber o sentido e perceber se em alguma altura a história poderia ser real – e podia.
Por muito que a capital, onde se desenrolaram os acontecimentos, pudesse ser uma qualquer, eu não deixo de direcionar o meu pensamento para a nossa capital e para a fuga do nosso Governo. Esta história poderia ser tão real porque, neste ano de 2012, o povo saiu, por diversas vezes, para a rua manifestando-se contra as medidas do Governo e contra a forma como fomos governados em tempos de democracia. Foram manifestações pacíficas, no seu geral, e únicas desde a restauração da democracia – no livro também existe a passagem da manifestação silenciosa pelas ruas da capital, por onde todos seguiam com a mesma determinação.
Tal como no decorrer do livro descreve que os defensores do regime que tentaram sair da capital - com medo do que as ações populares pudessem desencadear, mas por impossibilidade de ultrapassar as barreiras de cerco à capital tiveram de regressar – foram recebidos, não com uma banho de sangue, mas com apoio dos opositores, também os portugueses se uniram numa só voz, mesmo aqueles que nas urnas votaram para a eleição deste executivo.
Também este ano foi recheado de notícias protagonizados interferências de um Ministro no media portugueses, o que se assemelha com a história do Ministro do Interior que tenta minar a informação, para que a mensagem a passar não seja a realidade, mas aquela que provoque o medo.

Diria mesmo que José Saramago foi um profeta dos acontecimentos do nosso país, pois cada capítulo do livro simboliza trechos da História recente – se fosse vivo e se este livro fosse publicado em 2012, seria acusado de querer inflamar a política e apelar à abstenção maciça nas próximas eleições.

Somos conduzidos até à importância de sermos lúcidos na forma como vemos o que acontece à nossa volta, o que marca a diferença dos que evitam a cegueira procurando pensar por si próprios e usarem do direito à liberdade para lutarem por aquilo em que acreditam.

É um livro com uma presença política muito forte, mas que se justifica nos tempos que correm, quando tudo é dominado pela política ou dela depende – existe sempre o poder de mudar o que quer que seja, sem medo de ficarmos barricados na própria cidade.

UM PEDAÇO DE NOITE BEM PASSADO COM INÊS PEDROSA

Manuel Pereira de Sousa, 17.11.12

 

Não tem qualquer valor ler livros que não acrescentam nada à nossa vida ou à nossa forma de pensar – para quê queimar as pestanas?

Esta foi uma das conclusões que me vincou – e me fez pensar até este momento em que escrevo - na conversa que Inês Pedrosa teve com os seus leitores, esta noite em Braga. Foi um momento bem passado, um momento diferente de encontro direto com a escritora que, há muito, fui lendo pelas páginas da Revista do Expresso. Escrita interessante, simples e “pegajosa” (no bom sentido do termo) porque sempre me senti apegado às crónicas, pois tem a capacidade de nos mergulhar desde a primeira frase até à conclusão - só os grandes colunistas são capazes de fazer isto, sem que o leitor se aborreça com o assunto.

Não querendo resumir, mas a conversa foi muito para além do seu novo Romance - Dentro de Ti ver o Mar -; houve uma oportunidade para uma abordagem por várias das suas obras; a forma como se trabalha o gosto pela leitura e se incute nos mais novos; como no ensino poderia ser feita a escolha dos autores; a sua personalidade refletida na sua escrita e nos seus livros; a escrita feminina (que para si não existe); a Fotobiografia de Cardoso Pires; uma abordagem também à sua amiga Agustina; a crítica e passagens dos preconceitos de escritores e jornalistas em falsos julgamentos; até mesmo uma abordagem sobre obras de outros autores como termo de comparação do romance em várias épocas e em vários “estilos amorosos”.

Um pedaço de noite bem passado, com assuntos de interesse e que só assim podemos partilhar com alguém, que está longe e nos entra em casa, de forma muito íntima, através de uma crónica ou através de um livro e nos marca - sem que para isso se queimem pestanas.

«Nas tuas mãos» será a obra que estará na mesa-de-cabeceira, durante algum tempo. Pelo pouco já li, existe muita História que enriquece todo o livro – espero que seja capaz de me enriquecer.