UM PEDAÇO DE NOITE BEM PASSADO COM INÊS PEDROSA
Não tem qualquer valor ler livros que não acrescentam nada à nossa vida ou à nossa forma de pensar – para quê queimar as pestanas?
Esta foi uma das conclusões que me vincou – e me fez pensar até este momento em que escrevo - na conversa que Inês Pedrosa teve com os seus leitores, esta noite em Braga. Foi um momento bem passado, um momento diferente de encontro direto com a escritora que, há muito, fui lendo pelas páginas da Revista do Expresso. Escrita interessante, simples e “pegajosa” (no bom sentido do termo) porque sempre me senti apegado às crónicas, pois tem a capacidade de nos mergulhar desde a primeira frase até à conclusão - só os grandes colunistas são capazes de fazer isto, sem que o leitor se aborreça com o assunto.
Não querendo resumir, mas a conversa foi muito para além do seu novo Romance - Dentro de Ti ver o Mar -; houve uma oportunidade para uma abordagem por várias das suas obras; a forma como se trabalha o gosto pela leitura e se incute nos mais novos; como no ensino poderia ser feita a escolha dos autores; a sua personalidade refletida na sua escrita e nos seus livros; a escrita feminina (que para si não existe); a Fotobiografia de Cardoso Pires; uma abordagem também à sua amiga Agustina; a crítica e passagens dos preconceitos de escritores e jornalistas em falsos julgamentos; até mesmo uma abordagem sobre obras de outros autores como termo de comparação do romance em várias épocas e em vários “estilos amorosos”.
Um pedaço de noite bem passado, com assuntos de interesse e que só assim podemos partilhar com alguém, que está longe e nos entra em casa, de forma muito íntima, através de uma crónica ou através de um livro e nos marca - sem que para isso se queimem pestanas.
«Nas tuas mãos» será a obra que estará na mesa-de-cabeceira, durante algum tempo. Pelo pouco já li, existe muita História que enriquece todo o livro – espero que seja capaz de me enriquecer.