Por: Manuel de Sousa

As listas como construção da nossa cultura, no sentido de organização e orientação do caos. Assim podemos entender a ideia de Umberto Eco, na recente entrevista ao jornal I, a 05-12-2009. Vivemos de listas no nosso dia-a-dia como princípio de colocarmos alguma organização em tudo o que nos rodeia. São listas de contactos, listas de tarefas, listas de compras, listas de pagamentos, listas de jornais, listas de favoritos da Web, listas de músicas e documentos nos arquivos do computador, listas telefónicas, testamentos, listas de livros, inventários, catálogos, listas de pesquisas dos motores da Web, listas, listas e listas. A vida é dependente delas como forma de enumerarmos tudo o que se vemos, temos, fazemos e sentimos. Até nos sentimentos fazemos listas quando se tenta descrever ou caracterizar o que se sente ou o que vai dentro.
Quando alguns pensavam que as listas estavam com os seus dias contados, como de um ritual primitivo se tratasse, desenganem-se porque estão para ficar, tanto quanto o Homem perdurar sobre a face da Terra. Por muito que o tempo passe, por muito que o Homem evolua na sua inteligência conviverá sempre com as listas e cada vez mais, fazendo-as evoluir mediante as suas necessidades diárias e necessidades culturais. Obviamente que as listas do séc. XVI, do tempo do Barroco não são iguais às actuais. Porém, a essências delas é a mesma, enumerar e organizar como forma de pesquisa, consulta ou de simples lembrança.
As listas são importantes como modelo de construção e organização da nossa cultura e do vasto conhecimento que desenvolvemos desde os nossos princípios existenciais.




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