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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

EURO 2016: GANHÁMOS. ATÉ EUSÉBIO SALTOU NO PANTEÃO.

Manuel Pereira de Sousa, 11.07.16

Os portugueses explodiram de alegria. Deixaram que o grito contido saltasse para o exterior. Precisavam os portugueses de deitar a cabeça no travesseiro com rouquidão na voz de tantos gritos de alegria e de tanto êxtase.

Crónica de uma vitória anunciada - era o título do meu último artigo neste blogue. Uma vitória anunciada foi o que aconteceu ontem. Vitória saborosa frente à França. Ganhámos. Sofremos. Ganhámos. Tivemos esperança. Ganhámos. Era esse o nosso fado. Ganhar. Ser campeões. A vitória limpa. Ninguém a pode contestar. Vitória sem margem para dúvidas - quem as tiver que reveja o golo. Esta vitória é para muitos, sobretudo os mais velhos, um acerto de contas com o passado por uma anterior derrota frente aos franceses. Esta vitória é uma lição para os que diziam à boca cheia que Portugal não merecia estar no Europeu - esta vitória tira todas as dúvidas e deixou muitos críticos de boca aberta. Críticos não existiam só lá fora. Por cá, a esperança na chegada às meias finais era mínima. Havia quem achasse a Selecção murcha, incapaz de ganhar no tempo regulamentar. Queriam um futebol mais bonito e exibicionista - que não combina com resultados. Se passamos todas as fases e a selecção se tornou campeã, significa que o importante é ser eficaz - mais resultados e menos manias. Merecemos esta vitória pelo sofrimento que tivemos durante todo o jogo e pela esperança que os nossos jogadores transportavam. Merecemos este resultado pela lição que demos ao mundo, acerca da integração de pessoas com as mais diversas origens e em quem valeu a pena acreditar (a prova de que os nacionalismos não são as glórias dos países). O jogo da final provou que a equipa é mais que o protagonismo do Cristiano Ronaldo e que consegue ganhar sem este dentro das linhas de campo - duvido da mesma capacidade da selecção sem Ronaldo por perto, nem que seja no banco. Ronaldo sagrou - se campeão por ser mais que um jogador, por ser também o capitão que eu duvidei, por ter chorado sem vergonha no momento em que a sua condição física não lhe permitiu mais, por ser o motivador fora de campo e querer transmitir aos colegas a garra que estava dentro de si. Merecemos ganhar pelo treinador que está aos comandos da selecção nacional - integridade, motivação, capaz de apostar naqueles que qualquer outro colocaria fora das suas opções. Merecemos ganhar pela necessidade de uma glória nacional que tanto necessitamos para revigorar o patriotismo ameno. Somos saudosistas e tristonhos porque a vida não oferece o desafogo que merecemos. Os portugueses explodiram de alegria. Deixaram que o grito contido saltasse para o exterior. Precisavam os portugueses de deitar a cabeça no travesseiro com rouquidão na voz de tantos gritos de alegria e de tanto êxtase. Obrigado Selecção pela alegria que provocaram nos nossos corações. Eu escrevi num post anterior que o Napoleão deveria dar voltas no túmulo e deu; além do Eusébio que saltou no panteão a comemorar a vitória. A França engoliu parte do seu orgulho e de cada vez que se cruza na História com Portugal fica sempre um sabor amargo. Mas afinal, o que seria da França sem os portugueses? Viva Portugal!

EURO 2016: AMANHÃ NAPOLEÃO DARÁ VOLTAS NA SEPULTURA

Manuel Pereira de Sousa, 09.07.16

Independentemente do resultado final da disputa entre a Seleção de Portugal e de França, podemos manter o orgulho nacional pelo feito conseguido. Eu e muitos querem que Portugal ganhe. Espero e desejo muito esta vitória. Será uma alegria imensa para o meu coração. Espero que igualmente para o coração de todos os portugueses. Espero mais uma vez arrepiar-me ao ouvir o hino nacional nesta final – o mundo vai ouvir e vai sentir o desejo de também ter a sua seleção ali. Ao ouvirem o hino pensarão: Portugal existe, não é província de Espanha; aqueles craques da bola são mesmo bons. Os Franceses vão engolir aquilo que pensam de Portugal, sobretudo quando disseram que Portugal não deveria estar neste Europeu. É do catano. Os franceses não contavam com esta. Poderia falar aqui da relação entre franceses e portugueses que emigraram, mas fica para outra discussão. Sinto-me contente por saber que o Napoleão, onde quer que esteja, dê voltas e voltas na sepultura porque na disputa entre Portugal e França as coisas não são fáceis e, apesar de pequenos, somos duros de roer – o fulano, o Napoleão, vai lembrar das tentativas de invasão a Portugal mal sucedidas. O meu fervor pela Seleção Nacional não está nada relacionado com fervor futebolístico – de futebol pouco percebo -, está sim relacionado com o orgulho pela equipa, pelo país, pela lição que fica para a Europa: Uma seleção com mistura de cor, origens, com o mesmo amor e orgulho. Enquanto uns se querem fechar ao mundo contra a vinda de emigrantes, nós provamos em campo que, com abertura, podemos construir algo poderoso. Aos nossos jogadores obrigado. Força. Pela vitória lutar, lutar. Não interessa jogo bonito; interessa ganhar.

EURO 2016 - CRÓNICA DE UMA VITÓRIA ANUNCIADA

Manuel Pereira de Sousa, 08.07.16

Jogava Portugal e País de Gales. O país tinha parado para assistir à partida. O país estava em suspenso. Nem o respirar das pessoas se ouvia. Estava tudo recolhido nos cafés, restaurantes, em casa, nas praças com ecrã gigante. O sentimento era comum entre todos – fanáticos, simpatizantes ou simplesmente desligados. O orgulho nacional estava em causa – queríamos cantar de galo.

A primeira parte do jogo tinha perigos, mas estava a perder aquele entusiasmo e para não me irritar com as falhas liguei a telefonia; na rádio o relato é melhor – tem mais vida. A segunda parte começou morna para quem estava sedento de golos. Aproveitei o momento calmo e decidi ir à farmácia comprar os comprimidos que estava a precisar com urgência; mas para não perder nada do jogo levei o rádio do telemóvel com os auscultadores. Preparado saí de casa. Ainda à espera do elevador aconteceu o primeiro golo. Brutal. Espetáculo. A esperança começa a ser cada vez mais real. Viva. Volto para trás para ver na televisão o golo do Cristiano? Não já passou. Fogo, pela vivacidade do locutor da TSF isto foi mesmo brutal – é um golo, é sempre brutal. Volto para trás, não volto. O locutor canta o bailinho da Madeira com letra de sua autoria adequada ao momento. Não, prefiro ouvir a música e esta emoção que a ver a repetição do golo. Continuei a minha ida à farmácia.

Entro. Não há clientes. Os quatro funcionários estavam no balcão do canto a ver o jogo através da modernidade do PC. No momento em que me viram chegar desmobilizaram; uma foi talvez para o armazém; outra veio para o balcão onde estava; a senhora das limpezas fez a parte de limpar o balcão onde estava (já devia estar mais que limpo pensei, era a reação mais rápida para mostrar que estava a trabalhar); o senhor ficou no mesmo sitio a ver o jogo. Pedi a caixa de comprimidos e no vai e vem da senhora aconteceu o segundo golo. Quando a senhora chegou à caixa disse:
- Foi golo.
- Sim, estamos a ganhar – disse a senhora.
- Foi outro.
A senhora ficou com um ar estranho a olhar para mim - estaria a pensar que eu estava alucinado das ideias -, olhou desconfiada para o colega que tem os olhos pregados no monitor a dar indicações indiretas que eu estava a falar de outro golo. O senhor ficou com um olhar estranho para mim, a tentar perceber o que se estava a passar porque afinal o primeiro tinha sido há três minutos. A senhora das limpezas e a outra funcionária voltaram a correr para o monitor e com a cabeça lá enfiada estavam a abana-la porque não percebiam porque falava eu num golo e nada tinham visto. Duvidaram logo da tecnologia.
- O senhor está a ouvir no rádio e sabe primeiro – explicou o funcionário.
Paguei. Saí. Deixei os quatro novamente mergulhados no monitor a tentar ver o que iria acontecer. Certamente comemoram o golo tempos depois de uma maioria já o ter festejado.

Por muito que a tecnologia tenha evoluído, a rádio continua a ser a melhor forma de, mais cedo, saber o que acontece naquele campo onde estão todas as atenções.