Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

QUEM SE LEMBRA DA TELESCOLA?

Manuel Pereira de Sousa, 03.06.15

Hoje no trabalho, talvez a falar de idades (quem é mais velho que quem) veio à memória os tempos em que havia a Telescola. Alguém se lembra do que era a Telescola? Maioria dos jovens não sabe o que isso é – felizmente. Apesar de eu não ser assim tão velho, ainda me lembro deste tipo de ensino tão pouco pedagógico e incapaz dos alunos posteriormente se integrarem num sistema de aulas normal. Eu andei na telescola. Para quem não sabe, a Telescola era o ensino das disciplinas através de televisão. O meu quinto e sexto ano foi assim. Aprendi pela televisão. Sim, aprendi, Matemática, Ciências, Educação Física, Francês, Português, História e todas as outras disciplinas que fazem parte do ensino preparatório. Os manuais eram num papel muito fraco – ao meio do primeiro período já estavam todos esfarrapados. Vinham pelo correio e eram distribuídos pelos alunos após o pagamento no início ano letivo. Lembro-me que em algumas disciplinas era um manual por período, que chegavam á escola por correio, para depois nos serem entregados pelas professoras. Apesar das aulas serem por televisão tínhamos duas professoras – uma por cada grupo de disciplinas – que esclareciam algumas duvidas do que passava na televisão. Além disso, as professoras recebiam as cassetes, VHS, por correio, para colocarem no vídeo – era assim que assistíamos às aulas. Na televisão até o sumário passava. Alternativa era a professora que ditava o sumário segundo as regras que vinham no seus manuais distribuídas pelo Ministério da Educação. Os testes vinham também pelo correio, assim como a correção. Imaginem como era bonito assistir a educação física por televisão. Tínhamos um horário como os restantes meninos do liceus – nem sempre era cumprido e as aulas eram dadas ao sabor das necessidades de despachar as matérias. Era uma seca estar todo o tempo a ver as emissões, algumas delas era puxar a fita para a frente. Imaginem o que era comprar livro de educação física sem praticar, livro de música sem nunca termos aulas de música ou educação visual que nunca praticamos.

Por vezes, aparecia o inspetor lá na escola, a quem se batia continência e de quem escondíamos os livros debaixo das mesas por vergonha do terrível estado em que se encontravam. Este sistema de ensino era muito próprio de zonas em que as escolas secundárias e s+c não existiam ou ficavam distantes e normalmente as aulas eram nas escolas primárias. Ainda bem que anos mais tarde a telescola deixou de existir. Nem sabem o quanto isto prejudicou a integração no sétimo ano. As bases necessárias não existiam. As dificuldades em disciplinas como línguas, educação visual foram notáveis. Outros colegas tiveram dificuldades com a Matemática, ciências, etc. A organização da nova escola foi um choque. Não sabíamos ao certo o que se fazia quando a aula de História terminava e havia que mudar de sala para ir para Ciências; havia toques para entrar e sair, as aulas tinham tempos definidos; um professor por cada disciplina; ensino exclusivamente presencial, etc. Os horários faziam-se cumprir.

EU GOSTAVA DE SER POETA! GOSTAS DE POESIA?

Manuel Pereira de Sousa, 10.08.12

«Ser poeta é ser mais alto
É ser maior que os Homens» 

Florbela Espanca
 

Já ouviram ou leram estes versos certamente. São versos mágicos, que elevam o poeta ao mais alto da sua alma e da sua existência, na sua humildade profunda, mas tocante.

É bonito, claro que sim.
Eu gostava tanto de saber conjugar as palavras e torna-las tão mágicas que fossem capazes de encantar os leitores, a ponto de sentirem um orgasmo literário profundo e de sentirem a sua alma sugada para o interior dessas palavras.

Foi dolorosa a descrição? Ups! Tenham calma. Foi só uma forma de querer exprimir-me até à profundidade, transformado e encantado pela beleza das palavras que escrevo.


Acharam belas e tocantes estas palavras? Consegui sugar-vos a alma? Consegui provocar um espasmo literário? 
Pois.... Fico triste se não consegui. Bem, acho que vou deixar as minhas criações poéticas para outros dias mais inspirados - pode ser que ganhe algum jeito. Será? Quero acreditar que sim.
 

                                                                   «O sonho comanda a vida» 


Confesso que, por vezes, desejo ser poeta e acho-me capaz de criar versos e poemas deliciosos; pelo menos mais deliciosos que muitos que leio por aí, que apenas servem para criar rimas e soar a algo de bonito, mas que é uma seca e não tem sumo algum - uma amálgama de palavras. Depois perguntam do alto do seu esplendor: Gostaram da intensidade? Foram sofridas estas palavras. Intensidade é a dureza com que as levo - como se fosse um soco - e sofrida é a forma com que sou obrigado a ouvir ou a ler.

A poesia é linda, mas escrita por bons poetas - independentemente de serem conhecidos. Depois há a poesia de seca que incentiva ao bocejo e ao sono.

Lembro-me de, quando andava na escola, sentir a disciplina de português uma grande seca (desculpem-me os professores de português) quando se estudavam poemas e autores, rimas e significados. "Cruzes" aquilo secava-me tanto, até ao tutano, que pouco de mim sobrava no final daquelas aulas. Nos testes não havia sebenta que me safasse. Lia e relia a poesia e parava à espera que do alto da minha inteligência alguma luz acendesse, para escrever alguma coisa (por mais parva que fosse). Devem imaginar as minhas notas a português. Passei, subi a nota no exame nacional, mas não quero falar mais nisso. Foi o meu calvário.

Hoje, tenho Miguel Torga à cabeceira e a Mensagem, de Fernando Pessoa, no meu pensamento.

 

(pode ser que falemos deles mais um pouco).