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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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QUAL O FUTURO DA UCRÂNICA?

Manuel Pereira de Sousa, 19.03.14

O resultado do referendo na Crimeia, com 96,77% dos votos a favor da anexação à Rússia, provocou ainda mais crispação nas relações entre a Rússia, a vencedora, e a UE e EUA, os derrotados - derrotados porque desde o início classificam este referendo como inconstitucional e, por esta razão, não reconheceram a derrota e lançaram ameaças de sanções sobre pessoas e bens russos.

Para quem acompanha de longe o desenrolar da situação, como eu, fica um pouco perplexo ao tentar perceber todo o desenrolar da situação desde o início e com alguns receios quanto ao futuro – haverá possibilidade de se caminhar para a terceira guerra mundial? (Quero acreditar que este é um cenário exagerado).

Primeiro, o presidente Viktor Ianukovichn foge porque a situação na Ucrânia torna-se incontrolável devido à sua política de aproximação a Moscovo, quando, a julgar pelas manifestações em massa nas rua de Kiev, o povo preferia uma aproximação à UE. É natural que perante este cenário a UE acolha de bom agrado esta exigência do povo e marque uma presença de força e pressão, para que o presidente mude de posição neste xadrez político. Com a ausência de Viktor Ianukovich, as posições não serenaram e do lado da Rússia, que pretende o seu alargamento como que a reconquista do que perdeu no passado, movimentou forças militares para a zona da Crimeia – inicia-se a disputa por um território anteriormente Russo e entregue à Ucrânia de forma leviana e ao que dizem recheada com um pouco de álcool.

 

Segundo, o referendo é apresentado como solução deste impasse, mas não é do agrado dos EUA e da UE, por se tratar inconstitucional. Porquê? Ao que sei, o único motivo é a sua realização sob pressão e ameaças aos eleitores. Ameaças? Como considerar ameaças se a maioria do povo da Crimeia sempre se declarou a favor da anexação à Rússia? Não acredito que este resultado seja reflexo dessa suposta ameaça - sempre me pareceu, à luz do que leio, que o desejo do povo sempre foi esse. O que me parece, existe um medo de se abrir um precedente para outras regiões da Ucrânia optarem por escolher, sob referendo, o seu futuro e consequentemente uma possível anexação de mais regiões à Rússia, permitindo que o império Russo cresça e se aproxime de outros países como a Polónia – a História reescreve-se.

Apesar deste medo do Ocidente, existem poucos argumentos que possam tornar as posições da UE legitimas para a sua vitória neste braço de ferro; sabemos bem que esse medo é também alimentado pela dependência energética das potências europeias – o gás e os gasodutos que passam para o ocidente através da Ucrânia. Por outro lado, quais as vantagens que a Ucrânia pode ter em ficar aliada ou fazer parte da UE? Quais as garantias para uma solução económica de um país que se encontra em bancarrota – enquanto que a mesma UE não resolve os problemas económicos de alguns países-membros? Se o anúncio da entrega de dinheiro para recuperar a economia não foi convincente deixa de existir qualquer argumento válido para esta disputa. Não vejo na posição da UE qualquer ato de caridade, apenas puro interesse.

A Ucrânia vive este impasse da divisão; porém, o seu futuro não será mais certo e próspero com a integração da Rússia e isso a população tem a noção - acham que será a saída mais válida.

A UE pode avançar com as sanções, mas creio que será sempre o elo mais fraco porque existe sempre o receio do fecho das torneiras do gás; no caso da Rússia, mesmo que os oligarcas russos fiquem com os seus interesses económicos comprometidos, tal não será suficiente para que o desejo de construção do império Russo à imagem de Putin seja abandonado – ao Presidente Putin pouco lhe importa os oligarcas.

A História continua…