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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

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PARA QUÊ O DIA DA MULHER?

Manuel Pereira de Sousa, 08.03.15

“Ena! Uma mulher a conduzir o autocarro” – expressão que tive no pensamento, quando estes dias, parado no semáforo, vi uma senhora motorista. Não sei se a empresa de transportes públicos tem mais mulheres motoristas, mas fiquei surpreendido.
A minha surpresa é claramente pela positiva porque não faz sentido, nem nunca fez, existir profissões exclusivas dos homens – haverá sempre aquela atividade profissional em que as mulheres estarão fora por falta de argumento. Ao pensar nisto vem-me à memória que lá em casa quem pintava as paredes e tetos ou até assentar tijoleira era uma mulher: a minha mãe. Usava as mesmas técnicas que qualquer pintor ou trolha. Quantas vezes a ajudei, era eu miúdo, a dar-lhe as tijoleiras para a mão para medir, cortar e assentar, com a máquina de corte e um nível que o vizinho nos emprestava. Na pintura era igual. É claro que hoje a idade, os materiais e as técnicas mudaram um pouco e a deixam para trás comparativamente a outras épocas. Ainda me lembro do tempo em que, escadote atado em escadote, a minha mãe pintava a fachada lá de casa desde lá de cima do telhado. Outros tempos.
Por ter esta memória e por ter convivido com esta realidade lá em casa, nunca minimizei em lado algum o trabalho de uma mulher seja qual for; nem acreditei em qualquer teoria da sua inferioridade. Também nunca percebi tamanha distinção ainda existente em termos de direitos e regalias, quando aquilo que determina se é masculino ou feminino é algo que existe a meio do corpo e mais um ou outro pormenor físico.
É certo que muita coisa mudou ao longo dos tempos e que a mulher seja sempre e cada vez mais importante na sociedade pelo seu poder criativo, aprendizagem, multitarefa e determinada, que lhe permite ser uma peça fundamental no mundo como o homem que pelas suas capacidades também o é.
O Dia da Mulher não tem assim tanto valor no calendário, pois apesar da sua existência continuam a existir atropelos contra a mulher e a sua emancipação na sociedade. A mentalidade machista não se altera neste dia porque continua a discriminação entre sexos. As dificuldades em aceder a certos lugares de carreira; os maus tratos de que continuam a sofrer têm de ser lembrados constantemente e não apenas no dia oito de Março.
A mentalidade tem de continuar a mudar, apesar de grandes passos já terem sido dados. Não têm que se criar leis que obriguem à paridade porque a igualdade de indivíduos já está consagrada; tudo tem que ser feito com espírito de abertura e boa vontade, em vez da força legal que nunca dará o resultado mais positivo. Também não é necessário existir discriminação positiva como os descontos e as entradas nos bares, mais acessíveis para o sexo feminino – parece que as consideram como coitadas.
O papel da mulher é fundamental e por isso, nós homens, temos de compreender, até pelo simples principio que o homem não pode dar à luz.
É importante que a sociedade evolua e que as admirações que tenho atualmente só porque vi uma mulher a conduzir um autocarro deixem de existir porque a sociedade é cada vez mais igualitária.

 

(O meu texto no dia da mulher, que poderia ser publicado em qualquer outro dia. Cresci e vivi muito próximo delas e no meu dia-a-dia continuam a estar presentes porque o que seriam dos homens sem elas? Trabalho numa equipa com mais três mulheres, onde por vezes tenho os meus monólogos ou então fico em silêncio enquanto falam de vestidos, unhas, penteados, etc.. Mas, à parte disso, são umas jóias de pessoas.)