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BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

BLOGUE DO MANEL

A vida tem muito para contar e partilhar com os demais. Esta é a minha rede social para partilhar histórias, momentos e pensamentos, a horas ou fora de horas, com e sem pés nem cabeça. Blogue de Manuel Pereira de Sousa

NÃO TEM DE SER PAPA ATÉ À MORTE

Manuel Pereira de Sousa, 11.02.13


                                                                                                 Fonte: Santa Sé
 

O mundo Católico vive o dia de hoje com a inesperada notícia de renúncia de Bento XVI ao seu cargo de Sumo Pontífice. Pelo que se pode perceber, para a generalidade dos Católicos é pacífica esta decisão, ainda que seja uma decisão fora do comum - Bento XVI foge à tradição de manter-se no cargo até à morte.

Num período histórico relativamente curto temos dois Papas com percepção do destino bem diferentes:

- João Paulo II, homem de grande carisma e modelo para muitos Católicos, manteve a sua posição de Sumo Sacerdote até à morte, ainda que estivesse perante um grande sacrifício público, mas que sempre o aceitou como a cruz que levaria até ao fim. O mundo comoveu-se, mesmo que da sua boca não se percebessem palavras.

- Bento XVI, homem de grande capacidade teológica - mais voltado para a estrutura interior de uma Igreja desarrumada porque o seu antecessor procurou mais as pessoas - entende que a sua saúde, idade avançada, não lhe permitem fazer frente a um magistério exigente como o governo da Igreja Católica.

Tomar um decisão que rompe com a tradição é de coragem e humildade de quem não se quer manter agarrado ao poder, mas que o entrega a quem possa conduzir a Igreja por caminhos que são muito exigentes. Os Católicos precisam de um líder com carisma e com capacidade de fazer frente aos desafios actuais e futuros do mundo. Mais importante que o poder, é fazer frente aos poderes que dizimam o mundo, sem quaisquer escrúpulos e sem qualquer sensibilidade pelos Homens e pelos que menos podem.

HÁ NOITES EM QUE NÃO SE ESCREVE - VIVE-SE

Manuel Pereira de Sousa, 05.01.13

Está na hora de dormir, mas há palavras que ficam por escrever porque há noites em que não se escreve – vive-se.
Dizem que de palavras está o mundo cheio – eu cá penso que faltam muitas mais palavras que aquelas que ouvimos ou lemos; palavras diferentes das que nos fartamos de ouvir. Mas, mais que as palavras, viver a vida e cada momento é muito importante para a saúde da Humanidade – se calhar o mundo vive pouco do que tem à sua volta para desfrutar.

Estou muito filosófico? Pois, mas a esta hora não sai outra coisa que não isto, depois de um jantar, uns copos de sangria e pelo meio assistir a um Karaoke (eu não gosto de karaoke e ninguém me deve ter visto por perto a cantar e a embalar nas músicas).

É NATAL

Manuel Pereira de Sousa, 25.12.12

É Natal. A esta hora já algumas pessoas foram para a cama, outras ficam por aqui na sala a ver televisão e a navegar pela Internet - a partilhar com os demais a forma como está a viver o Natal. Neste momento, já comi o bacalhau com as couves, batata, cenoura e ovos, tudo acompanhado de um vinho tinto alentejano. Para o final, ficaram os doces como rabanadas aletria e mais já não cabe – fiquei satisfeito. Por fim, para terminar, um café.
Por entre conversas, partilhei fotografias de bons momentos deste ano, que agora termina, um zapping pela televisão e a escolha do “Tal Canal”, na RTP Memória.
Daqui a pouco será hora de deitar, mas antes ainda vou a tempo de saltar numa rabanada – estão uma delícia.

O Natal pode ser muito simples na forma como se comemora, mas é enriquecedor quando estamos no aconchego do lar, junto dos que nos são queridos. O Natal pode ser igual todos os anos, mas se em cada ano nos juntamos é sinal de que estamos vivos e juntos. Esse é o melhor presente que se pode dar e receber – que seja sempre assim.

Bom Natal a todos.

 

QUAL O SENTIDO DO TEU NATAL?

Manuel Pereira de Sousa, 22.12.12

Em 2008, publiquei num velho blogue da minha autoria um texto sobre o Natal. Decidi partilhar esse texto neste blogue porque parece que continua atual. Tem uma dose de moralismo, que até a mim me atinge porque pertenço à mesma sociedade cheia de vícios e a precisar de uma renovação.
 

«Dar, oferecer, termos que muito se usam neste período de festas.


Todos os anos é sempre a mesma coisa, a ponto de se tornar numa rotina anual, que provoca em nós uma azáfama e uma correria, causadora de um certo stress e mau estar - ter que pensar naquilo que temos para oferecer, a quem oferecer e se será a prenda ideal. 

 

Em tempo de crise, em que o dinheiro pouco chega para o dia-a-dia e muito menos para as prendas, a preocupação das ofertas mantém-se, sem que haja qualquer controlo sobre a situação. Se há pessoas que têm a doença consumista durante todo ano, nesta altura, a mesma doença atinge uma grande proporção, capaz de contagiar a sociedade na sua generalidade.

 

O Natal tornou-se algo assim - perdeu grande parte do seu espírito e passou a ser uma festa consumista, que a sociedade aproveita para dar e receber a tudo e a todos, quando durante o ano muitos dos amigos e das pessoas ficam esquecidas e são simplesmente ignoradas. 

 

É a febre do consumismo que altera o sentido de comemoração do Natal como festa Católica, mas ao mesmo tempo Universal, onde o verdadeiro sentido é o da fraternidade e comunhão entre todos. No entanto, muitas vezes, acho que no meio de tanta confraternização, haja uma certa hipocrisia de época e um certo trocar de sorrisos amarelos. Ainda existe o uso de usar a roupa nova para mostrar à família e aos amigos. Ainda existe o hábito de ir á missa do dia de Natal, quando durante todo o ano a importância pelo Deus Menino é mínima ou inexistente. 

Num mundo laico e racional, em que supostamente deveríamos viver, está a tornar-se num mundo de crença ocasional, em que Deus é a presença ocasional e utilizado para uma exibição social.


O verdadeiro espírito natalício, que deveria residir no coração e exteriorizado de forma simples e sincera, está transformar-se numa exteriorização extravagante e sem qualquer sentido interior. Aquilo em que esta época se torna é um vazio, onde o calor humano é cada vez mais raro.

 

Valerá a pena apregoar que o Natal é sempre que o Homem quiser, quando o sentido em que vivemos é muito diferente? Valerá a pena o envio massivo de mensagens escritas, para pessoas que durante o ano não recebem um simples olá por mensagem? Terá sentido mensagens formatas e plásticas, iguais para todos, quando na realidade cada um merece uma felicitação em particular com o verdadeiro sentido que une essas pessoas? 
Fará sentido apenas no Natal serem efectuadas campanhas de solidariedade, para dar a quem mais precisa coisas tão essenciais à dignidade humana, quando essas necessidades perduram todo o ano? Porque razão o sentido de dar apenas ganha expressão nesta época? Onde estamos nós durante o resto do ano? Estaremos no mesmo mundo? Veremos as mesmas pessoas?

 

Parece que não, parece que a solidariedade não é necessária e o mundo vive no seu melhor conforto - era bom que assim fosse -, mas a realidade do dia-a-dia é bem diferente e um tanto dolorosa. 
Era bom que o Natal voltasse a ter o sabor e o espírito do antigamente, onde muito mais que uma troca de presentes, fosse uma troca de sentimentos verdadeiros e sinceros e que permanecessem durante todo o ano. Era bom que deixasse de ser aquela rotina de compra de prendas, com que se entopem as nossas cidades, que na procura desesperada de alguma coisa que não sabemos o quê. 

Está nas nossas mãos um pequeno esforço que estale o verniz com que nos untamos, para parecermos bonitos nesta época - quando durante todo ano nos mostramos como pessoas feias.

 

O Natal vem de dentro para fora e não o contrário. Será que ainda vamos a tempo de contrariar esta tendência? 
Era bom que sim; mais vale tarde que nunca; mas há sempre uma incógnita quanto ao futuro.»

MEMÓRIAS DE NATAL

Manuel Pereira de Sousa, 15.12.12

Todos nós temos “historinhas” de Natal que nos fazem lembrar o quanto de bom tem esta época natalícia. Uns com mais oportunidades ou presentes, outros com mais memórias do aconchego familiar. O Natal é daquelas épocas que ficam para sempre na memória, sobretudo quando existe a magia de acreditar que o Pai Natal existe e nos traz os presentes porque nos portamos bem durante o ano. É bom sentir essa magia; crescer com ela; mas é pena que esta se vai perdendo porque vamos tendo mais consciência do mundo que nos rodeia.


Há batatas, bacalhau, peru, rabanadas, aletria, formigos, sonhos e uma série de outras iguarias que compõe a nossa gastronomia, desta época natalícia.

O que seria do Natal sem o programa, da RTP1, Natal dos Hospitais, ou se o filme Sozinhos em Casa? Pois, nem mesmo estas coisas esqueço das memórias do Natal.

Ainda me lembro que era altura de visitar os avós, juntamente com o resto da família, alguns vindos do estrangeiro, que formavam uma malta de gente entre primos e tios e de mais conhecidos que apareciam. Hoje tudo isso terminou e há laços que se cortaram.

Como é bom ser criança e viver esse mundo que hoje não existe.

TÊM ALGUMA IDEIA DE COMO VAI SER O FIM DO MUNDO?

Manuel Pereira de Sousa, 06.12.12

Esta história do fim do mundo está a deixar muita gente perto da loucura. Agora que o dia 21 de Dezembro se aproxima, o assunto começa a fazer parte de muitas conversas do dia-a-dia – mesmo do meu e dos meus colegas de trabalho.

18 Horas, final de dia de trabalho para uns, intervalo para outros, juntos cá fora a fumar uns cigarros e um começo de conversa normal como:

- Já viste o novo vídeo da Pink?
- Ainda não!
- Potente meu! Tens de ver, é a tua cara!
 (…)
- Eu agora de séries apenas vejo a “Segurança Nacional” e Walking Dead”, que está qualquer coisa.
- Está muito fixe a série. Já viste aquela cena de quem morreu?
- Ainda não!
- Eh conta-me! Que eu não consigo ver a série.

Aquilo que seria uma conversa normal tornou-se aliciante, quando alguém se lembra de partilhar a notícia, em que nos EUA estão a oferecer uma bolsa de 700 dólares mensais a quem pretender fazer estudos de defesa a ataques de Zombies. Por aqueles lados (mais algumas pessoas que eu conheço) acreditam que eles existem e que não são um mito – eu só acredito em zombies se me disserem que os senhores do governo são zombies (da forma como nos comem e sugam, mais parece).
Do lado de cá do Atlântico devem achar muito estranho a atribuições de bolsas para estudos de coisas ridículas e irreais, fruto da imaginação de pessoas envolvidas em leituras e séries em quantidades acima do normal (qual é o normal? Não sei).

Pelos vistos, há quem acredite que o fim do mundo que está próximo pode estar relacionado com ataques zombies (!) no nosso planeta e que poderá levar à extinção da espécie humana.

Existem programas de televisão – documentários - que acompanham a preparação de famílias e grupos para o fim do mundo; preparação que incluí treinos de ataque a possíveis ameaças vindas de animais ou árvores – muito para além do ataque de zombies. Existem bunkers construídos para abrigo de pessoas, treino de racionamento de alimentos para períodos prolongados, etc.

Como podem ver e pesquisar, existem pessoas muito bem preparadas para o pior, mas ainda não percebi o que vai acontecer ao planeta na realidade, para que seja o fim do mundo. Será a revolta de seres estranhos que aparecem do nada? Serão as emissões de explosões solares que irão destruir o mundo pelo fogo? Será o alinhamento de planetas que irá provocar forças de movimentos da Crosta Terrestre e alteração às leis da gravidade? Será uma força divina de punição do homem pelas suas ações?

Eu até gostaria que fosse a ressurreição de civilizações antigas e bíblicas que se revoltariam contra a sociedade atual e isso implicasse a reorganização do mundo numa nova ordem; em que lutaríamos pela disputa da evolução ou o regresso ao passado, se disputariam os conhecimentos da época com os conhecimentos atuais. Um fim do mundo que fosse mais espiritual, filosófico, cientifico, matemático, cultural, em vez de caos físico (bem esse acontecia como consequência).

Têm alguma ideia de como deveria ser o fim do mundo?

O QUE FAZER À VACA E AO BURRO DO PRESÉPIO?

Manuel Pereira de Sousa, 24.11.12

Jumentos e bovinos estão em greve e prometem uma manifestação frente à Basílica de S. Pedro, no Vaticano, como forma de protesto em relação à recente teoria de Bento XVI – no presépio não existia nem burro nem vaca.
As figuras míticas que, ao longo de gerações e de séculos, acompanharam a Sagrada Família são desprezadas nos tempos actuais como se fossem figuras menos importantes e até inexistentes. Como é possível que a o sentimento maternal das mesmas, com a função de aquecer o estábulo onde nasceu o Menino Jesus, foi posta em causa pelo Papa?

Os fabricantes e comerciantes de presépios irão interpor uma providência cautelar contra o Papa, de forma a devolver a dignidade e importância aos animais – já que esta situação poderá provocar uma baixa das vendas e um excedente de burros e de vacas nos stocks de presépios já existentes, para venda no Natal.

Quando tanto se critica o conservadorismo da Igreja nas suas doutrinas, somos confrontados com esta mudança radical de imagem instituída do presépio – que faz parte do imaginário de muitos. Estamos perante o perigo da relatividade (?), a mesma que a Igreja Católica considera como sendo uma das causas para a decadência da sociedade?

Como vamos esclarecer as crianças que agora no presépio dispensamos o burrinho e a vaquinha? Como vou eu entender agora, que já sou crescido, que a imagem que sempre concebi do presépio alterou? O que vou fazer agora com as imagens do burro e da vaca?

Podem ver que Bento XVI criou uma série de questões existenciais em minha pessoa. Já não basta o tempo em que fui descobrindo que o Pai Natal é uma criação comercial.

O que acontecerão às piadas sobre o burro e a vaca, que partilhamos nas redes sociais, por e-mail ou SMS?

Lá no fundo acredito que, por carinho, as pessoas continuarão a ser fiéis ao burro e à vaca. Os presépios continuarão a ser como antes: musgo, ovelhas, moinho e uma série de personagens que se foram inventando para aumentar o número de figurantes e assim ter um presépio grande (alguns até com luz e carris para passar o comboio).

Gostava de perguntar a Bento XVI o que vai fazer à vaca e ao burro do Presépio da Praça de S. Pedro.

Para mim nada me demove: o presépio vai ser como antes.

AS FREIRAS JÁ NÃO SÃO COMO ANTES...

Manuel Pereira de Sousa, 14.11.12

Há momentos e comentários que por vezes nem sei que responder, se é que se pode/deve responder ou então deixar passar com um ligeiro sorriso.

Final do dia, à entrada do prédio, a vizinha (já de alguma idade) a abrir a porta da entrada e segue-se a conversa de ocasião até à porta do elevador:

- Olá! Boa noite!
- Boa noite. Eu estava a entrar e vi uma irmã freira ali na rua e nem a conhecia.
- Ah! Pois…
- Agora já usam as saias (e faz o gesto com as mão no joelho – para dizer saias curtas). Já não é como antes que estavam todas tapadas.
- São outros tempos.
- É como os padres, agora é tudo diferente. São outros tempos (entra no elevador e seguiu a sua vida).

Um diálogo, que mais pareceu um monólogo, muito estranho. Porém, fiquei a pensar na confusão que ia na cabeça da minha vizinha. Será que levou aquilo para a brincadeira (?) ou iria com aquele sentimento de desconsolo e desilusão em relação às transformações das freiras, que agora usam saias mais curtas – em vez de andarem tapadas até aos pés.
Talvez tenha ficado a pensar que estas modas estão a estragar a sociedade e que as freiras já não são como antigamente. Será?
Ou eu é que tenho uma visão muito simplista da vida!

As conversas de circunstância são no mínimo improváveis…

IVO E HÉLDER - O CASAMENTO. SÃO MOMENTOS DE MUDANÇA

Manuel Pereira de Sousa, 05.11.12

 

(Fonte de imagem da Página do Facebook de Momentos de Mudança)

 

Portugal é um país de brandos costumes, muito ligado às tradições e conservador nos seus princípios, mas evoluído na forma como deseja tratar a dignidade das pessoas em alguns desses princípios. Portugal, é um dos poucos países no mundo que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo perante a lei e a Republica Portuguesa.

Com isto, não significa que se viva num “mar de rosas” de uma sociedade desenvolvida e com uma mentalidade aberta, mas a abertura para novas forma de casamento ou organização familiar começa a ser encarada como uma normalidade – ainda bem que assim é.

Escrevo estas palavras momentos após ter assistido à reportagem de “Momentos de Mudança”, na SIC (que não perco desde o início), que, de forma simples, retrata o dia-a-dia de um casal homossexual – Ivo e Hélder. Foi importante esta desmistificação em torno da vida de um casal como este. Têm uma vida normal, de luta, com os seus empregos, dificuldades económicas, sonhos e projetos. É notável e louvável a coragem deste casal ao expor publicamente a sua vida pessoal, numa sociedade que na realidade ainda vive mergulhada em preconceitos, conscientes dos riscos que infelizmente correm (foram convidados a sair do rancho folclórico que frequentavam).

Interessante também saber que existem famílias que enfrentaram qualquer preconceito da sociedade e apoiaram os seus, estando presentes na cerimónia do casamento, preparado de forma simples e humilde.

Outra mensagem importante, não só para a sociedade, mas também para instituições de moral e fé como a Igreja Católica - que se encontra fechada à evolução das mentalidades e, por causa da recusa do amor de pessoas do mesmo sexo, vê perder fieis que durante muito tempo dedicaram a sua vida às obras da Igreja e à fé. Este jovem casal afastou-se da Igreja, mas não da fé e a prova está no momento de partilha, com a equipa de reportagem e agora com os espetadores, de um dos momentos mais emocionantes e importantes para eles, em Fátima. Uma outra crente que se apercebeu que Ivo e Hélder se casaram recentemente foi ao pé deles desejar felicidades – significa que no seio de muitos crentes existe aceitação, a mesma que a Igreja não aceita. Por vezes, confunde-se quem é dono da moral e das doutrinas e o desfasamento entre instituições e crentes provocam rotura, afastamento e desejos de fé em sentidos opostos.

Esta era uma reportagem que faltava sobre o tema - apesar de muito já se ter falado sobre ele. Estivemos perante um testemunho íntimo, despreocupado, real e que constituiu uma verdadeira lição de moral e de vida para todos os que assistiram. Resta deixar felicidades a este casal e uma vida cheia de conquistas pessoais.

AS NOSSAS TRADIÇÕES PERANTE A MORTE

Manuel Pereira de Sousa, 02.11.12

Por vezes, penso que as nossas tradições são um pouco mórbidas e deprimentes, por muito respeito que tenha pelas mesmas.


Dia 2 de Novembro, lembramos os fiéis defuntos, aqueles que partiram deste mundo e, segundo a tradição Católica, estarão noutra vida, a eterna.

Em Portugal existe o costume de, nestes dias, se visitar os entes queridos ao cemitério. Estes locais tornam-se sítios de peregrinação e azafama para os familiares. É comum verem-se pessoas a limpar as campas e os jazigos a fundo e a ornamentar com as mais belas e caras flores e com velas, de forma a tornar aquele espaço em algo cuidado e belo - como se os mortos estivessem ali para apreciar e aprovar toda aquela dedicação festiva.


Por vezes penso: se vamos para uma outra vida significa que não estamos ali, então porquê tudo isto? Talvez por ter sido o último local em que vimos ou depositamos aquele ente querido.

Porém, também penso que aquele embelezamento possa ter outra razão de ser porque há quem deseje mostrar que o seu jazigo ou campa esteja bem cuidada e se compare com os demais. Há muito quem goste de passear pelo cemitério, só para ver as campas dos outros e para depois tecer os seus julgamentos morais.

Se existe tanto cuidado, nesta data, com o tratamento dos espaços, que cada um tem no cemitério, qual a razão para que durante o ano estejam ao abandono, sem uma flor, uma vela ou mesmo uma visita?

As nossas tradições apegam-se muito ao luto e ao sofrimento, ainda que se queira acreditar num outro mundo melhor.